sexta-feira, 22 de junho de 2012

O IMPEACHMENT DE LUGO

REVISTA VEJA: 
Blog do Reinaldo Azevedo. 
22/06/2012 - às 19:28 hs. 
Destituição de Lugo é constitucional e democrática; diplomacia brasileira, mais uma vez, dá vexame.
Posso começar este novo artigo sobre a crise do Paraguai com o Artigo 225 da Constituição do país, que trata justamente do impedimento do presidente por mau desempenho? Vamos a ele:

El Presidente de la República, el Vicepresidente, los ministros del Poder Ejecutivo, los ministros de la Corte Suprema de Justicia, el Fiscal General del Estado, el Defensor del Pueblo, el Contralor General de la República, el Subcontralor y los integrantes del Tribunal Superior de Justicia Electoral, sólo podrán ser sometidos a juicio político por mal desempeño de sus funciones, por delitos cometidos en el ejercicio de sus cargos o por delitos comunes.
La acusación será formulada por la Cámara de Diputados, por mayoría de dos tercios. Corresponderá a la Cámara de Senadores, por mayoría absoluta de dos tercios, juzgar en juicio público a los acusados por la Cámara de Diputados y, en caso, declararlos culpables, al sólo efecto de separarlos de sus cargos, En los casos de supuesta comisión de delitos, se pasarán los antecedentes a la justicia ordinaria.
O resultado, como sabem, foi bem superior a dois terços. Na Câmara, a denúncia foi acolhida por 73 votos a 1; no Senado, sua deposição foi decidida por 39 votos a 4. Isso é sinal de que o presidente, com o seu governo sem eixo, em franca colaboração com forças criminosas, havia perdido apoio parlamentar. Foi destituído de acordo com a Constituição democrática do país. Se não apelar para o vale-tudo, transfere o poder para seu vice, Federico Franco, e pronto. Em abril de 2013, estão previstas as eleições gerais.
Não adiantou a pressão da Unasul, com destaque para o papel equivocado de sempre da diplomacia brasileira, que tentou intimidar o Parlamento paraguaio. Escrevi hoje um post sobre um entendimento muito particular que as esquerdas latino-americanas passarama ter do seja “golpe”. Se o sistema não lhes dá licença para transgredir as leis, então elas gritam: “golpe!” Uma ova!
No Paraguai, triunfou a lei. É tão evidente a vinculação de Fernando Lugo com os ditos sem-terra, convertidos em força terrorista, que os dias a mais  para a defesa não fariam diferença no mérito. No máximo, esticariam o tempo do impasse e dariam tempo para a articulação das tentações, estas sim, antidemocráticas que buscariam manter Lugo no poder na base do grito.
O melhor que este ex-bispo fazedor de filhos tem a fazer é cair fora sem resistência. O sistema democrático pode sobreviver sem ele. E que o novo presidente tenha coragem e força para apurar as circunstâncias do confronto que resultou na morte de 17 pessoas. O resultado da votação na Câmara e no Senado é muito expressivo. Os parlamentares não se deixaram intimidar pela pressão de governos do subcontinente ideologicamente alinhados com Lugo. Eles deveria ter-se lembrado — espero que o Itamaraty tenha feito a devida advertência a Dilma — que o Venezuela ainda não faz parte do Mercosul justamente porque o Senado paraguaio se nega a aceitar a companhia do Beiçola de Caracas.
Governos latino-americanos tentaram criar uma nova “Honduras”. Lembram-se da novela sobre a deposição do chapeludo Manuel Zelaya e da confusão armada por Celso Amorim? Pois é… Também naquele caso, um presidente eleito tentou atropelar a Constituição que o elegeu. E mereceu a devida resposta do Parlamento. Parlamento, reitero, que também representa a vontade do  povo.
Cumpre aos governos latino-americanos — ao do Brasil, em especial, em razão de sua natural liderança — apoiar o novo governo do Paraguai, que se constitui segundo as leis. E a diplomacia brasileira recebe mais uma lição depois de um novo vexame: é preciso pensar um pouco antes de sair atirando. Ficamos sabendo que Dilma considerava “golpe” a ação legal contra Lugo. E agora?
Um governo que não sabe distinguir legalismo de golpismo chama de golpe o que é legal e acaba sendo obrigado a declarar legal o que acha ser golpe.
Por Reinaldo Azevedo.
Juntos Somos Fortes! 

4 comentários:

  1. E o motivo imediato, lembremo-nos todos, foi o assassinato de POLICIAIS MI-LI-TA-RES por turba de sem-terra paraguaios.

    ResponderExcluir
  2. Menos um terrorista presidente.

    ResponderExcluir
  3. O exemplo do Paraguai está tirando o sono dos tiranos que desrespeitam as Constituições de seus países. Parabéns aos parlamentares que legalmente, através do voto da maioria, retiraram da presidência o tal lugo. O bando de tiranetes que fique com as barbas de molho... Feita a vontade do povo democraticamente!

    ResponderExcluir
  4. revista exame Para os brasiguaios que têm os seus direitos escandalosamente desrespeitados pelos sem-terra, sem-barco, sem-carro, sem isso e sem aquilo, e principalmente sem respeito, a queda do Lugo foi excelente. Mais isso pouco importa aos poderosos mandatários do poder do continente sul. Contudo, dois fatos merecem justa observação: o primeiro é que todos os governantes corruptos (envolvidos em escândalos passados ou atuais) na ämerica do Sul puseram suas barbas de molhos e repudiaram com uma veêmencia o impeachment, o que é extremamente preocupante. Vemos que os bandidos que nos governam estào fortemente unidos em uma aliança informal de compadres para continuarem com a manutenção dos regimes parasitários de exploração dos seus povos. É nessas horas que percebemos a força das grandes quadrilhas na defesa de seus interessses escusos...
    Não estamos na idade das trevas, por certo. Mas ainda estamos longe de chegar à idade da penumbra. Que Deus nos proteja !impeachment

    ResponderExcluir

Exerça a sua liberdade de expressão com consciência. Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste blog.