quarta-feira, 4 de setembro de 2013

AMARILDO, UMA NOVA VERSÃO PARA PACIFICAÇÃO?

O pedreiro Amarildo, morador da "pacificada" Rocinha, continua desaparecido. Os dias passam e o fato vai perdendo força no noticiário. Fenômeno que se repete rotineiramente no Rio de Janeiro, estado onde o número de desaparecidos tem crescido ao longo do governo Sérgio Cabral.
Cabral assumiu o governo na primeira hora do ano de 2007, quando nomeou para a secretária de segurança, o delegado de Polícia Federal José Mariano Beltrame, o qual permanece até a presente data no exercício da função, tendo nomeado nesse período cinco Comandantes Gerais da Polícia Militar e três Chefes da Polícia Civil, uma rotina de trocas que representa um recorde nacional na área da segurança. Nunca se trocou tanto.
No ano anterior à assunção de Beltrame, o Rio registrou um número absurdo de pessoas desaparecidas: 1.904.
Verdade, na época o viés era de leve queda:
2003 = 2.059.
2004 = 2.020.
2005 = 1.930.
2006 = 1.904.
Uma diminuição pouco superior a 5%.  
Números dignos de uma guerra, sem dúvida.
Após dois anos de manutenção do tiro, porrada e bomba como única "política de segurança" (2007-2008), Beltrame inciou o propalado processo de pacificação no final de 2008 com a transformação do projeto dos Grupamentos de Policiamento em Áreas Especiais (GPAEs) da Polícia Militar em um projeto de governo, adotando um novo nome: Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
Nascia na Zona Sul a "pacificação" do Rio de Janeiro com apoio maciço da imprensa. Um apoio amplo, geral e irrestrito. Tanto que recentemente, a jornalista Lillian Witte Fibe participando do programa do apresentador Jô Soares, lembrou que era praticamente proibido falar mal na imprensa a respeito das UPPs. Isso é inquestionável. 
O quadro parece estar mudando, as críticas começam a romper a blindagem, o que sinaliza que a verdade está vencendo os interesses políticos e econômicos, finalmente.
Após sete anos de gestão Beltrame ocorreu uma reversão, o número de desaparecidos parou de cair e aumentou assustadoramente. Dados contidos em matéria do jornal Folha de São Paulo (leiam) publicada no dia 14 de agosto, indicam que em 2013 já foram registrados um total de 2.655 desaparecidos.
Caros leitores, um aumento de 40% no número de desaparecidos (1.904 / 2655).
Uma tragédia social.
Quem sabe até o final do ano não teremos alcançado um aumento de 50%, considerando que para isso só faltam mais 200 Amarildos desaparecerem nesses últimos quatro meses.
Verdade, lembra a matéria, o número de homicídios diminui bastante no período Beltrame. Aumentaram os desaparecidos e diminuíram os assassinados, os números indicam.
Será essa a verdade?
Isso me leva a uma reflexão:
Será que o termo pacificação não ganhou um novo sentido?
Um sentido transformador.
Uma "química" que transforma assassinatos em desaparecimentos?
Sugiro a reflexão.
Cadê Amarildo?
Repito a pergunta feita nas ruas.
Juntos Somos Fortes!



3 comentários:

  1. A UPP é um programa de sucesso, mas a sua eficacia total só é atingida a longo prazo, após todos os ajustes serem feitos. No curto pazo ja pode se sentir grande diferença

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  2. Respeito a sua opinião.
    O que é a "eficácia total" das UPPs que você cita?
    Se quiser pode escrever um texto sobre o tema. Mande para o email pauloricardopaul@gmail.com Publicarei no blog. Juntos Somos Fortes!
    Coronel Paúl

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  3. Não há política habitacional, portanto não existe 'eficácia total' para nada e nada a substitui. E ponto final. Há quantas décadas não se ouve sobre bairro novo no Rio, por exemplo ? E Amarildo não era nem ajudante de pedreiro, era tra-fi-can-te. A mulher dele também, e está solta e livre.

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