Eu tenho escrito seguidas vezes que o Policial Militar que está nas ruas atuando nos protestos enfrenta um estresse físico e emocional enorme. O trabalho policial é extremamente desgastante no aspecto físico, algo que se agrava pelos baixos salários, fato que obriga o PM a ter um segundo emprego, sacrificando as suas horas de folga, os seus indispensáveis momentos de descanso físico e mental, de lazer e de interação com seus familiares e amigos. Atualmente, o próprio governo estadual proporciona esse desgaste suplementar através do serviço extra voluntário e remunerado (RAS). O governo precisa do PM para atenuar a falta de efetivo nos batalhões em razão do emprego maciço de PMs nas UPPs. O PM precisa do dinheiro para completar o salário. Trabalhando nessas condições, não só o físico se desgasta, o emocional se destrói. Agregue a tal situação de desgaste o risco de morte, uma possibilidade real nas ruas e nas comunidades do Rio de Janeiro, para entender em que condições o nosso PM vai para as ruas. O PM está massacrado, eis a verdade. Quem tiver ainda dúvidas, basta uma pesquisa junto aos órgãos de saúde da Polícia Militar para se assustar com o número de PMs que são pacientes das clínicas de psiquiatria e de psicologia, em virtude das condições de trabalho descritas.
Em tese, os Policiais Militares deveriam estar preparados para esse esforço físico e emocional, argumentarão muitos leitores, mas essa não é a realidade, assim como, em tese, todos os manifestantes deveriam atuar de forma organizada, ordeira e pacífica, mas isso também não é o que ocorre nas ruas. Um rápido olhar nos vídeos que circulam pela internet constata que a situação é muito diferente da ideal.
Hoje o jornal O Dia publica uma matéria com o título "Eu gosto de vagabundo", o que no primeiro momento causa extrema indignação, pois a frase foi dita por um PM, no dia 15 de outubro, durante uma discussão com um manifestante (Leia e assista o vídeo).
Cansado e tenso, em um evidente momento de desabafo, salvo melhor juízo, o Policial Militar faz tal declaração para explicar que atua em desvantagem, o que não ocorre na luta contra os criminosos, na qual ele atua em igualdade de condições no que diz respeito à repressão, revidando disparos de armas de fogo com disparos de armas de fogo. Nas ruas os PMs são afrontados, ofendidos e atingidos por paus e pedras que provocam ferimentos físicos, mas nem podem utilizar em sua totalidade os armamentos não letais para sua defesa e de seus companheiros.
Vídeos produzidos nas ruas exibem PMs em clara situação de desvantagem, sobretudo em razão de estarem em menor número que os vândalos. Quem ainda não viu vídeo com essas imagens? PMs fugindo, PMs acuados e PMs sendo agredidos?
Sim, existem inúmeros vídeos onde estão retratados excessos policiais, isso é verdade, mas o descrito no parágrafo anterior também é verdade.
Quem ainda não ouviu nos vídeos cânticos contra os Policiais Militares quando a manifestação cruza com frações de tropa que estão garantindo o ato, PMs que não estão fazendo absolutamente nada, mas são agredidos verbalmente e gratuitamente, como se todos os PMs fossem os responsáveis pelos erros de alguns PMs. Igual situação passa o manifestante que não sendo vândalo, acaba sendo atingido pelos gases lançados pelos PMs. Ele não gosta, reclama da generalização na repressão, mas pratica ação idêntica contra os PMs ao ofendê-los indiscriminadamente.
Demonizar o PM e a Polícia Militar por uma frase de desabafo é uma grande injustiça.
É hora de entender tal frase como um pedido, melhor, como um grito, um grito de socorro que parte de alguém que certamente já arriscou a sua vida incontáveis vezes para defender a população fluminense dos criminosos que ele citou e de seus comparsas.
Em apertada síntese, o PM que está nas ruas trabalha longe das condições ideais, logo, não podemos esperar que ele seja o policial que a população precisa e merece. Insistir em querer isso dele, sem dar a ele as condições adequadas, é uma tremenda covardia.
Juntos Somos Fortes!
Brilhante texto acima !!! Concordo em gênero, número e grau com essas sábias palavras. Este artigo, ao meu ver, retrata com perfeição a condição dos policiais brasileiros. O Rio de Janeiro e São Paulo são os estados que tem as polícias mais preparadas e equipadas da Federação e mesmo assim não tem condições ideais de atuação, imaginem os outros estados do nosso País, onde as polícias são "seguranças particulares" de políticos oportunistas e demagogos. Parabéns ao coronel Paulo Ricardo Paúl por este artigo tão bem escrito e que retrata exatamente o que eu e tantos cidadãos também sentimos. Viva o policial cidadão que arrisca a própria vida diariamente por tão pouco retorno financeiro. Só mesmo tendo a vocação de herói e o sangue azul na veia. VIVA O POLICIAL ! VIVA A INSTITUIÇÃO POLICIAL ! VIVA A JUSTIÇA DO JUSTO, CORRETO E ÍNTEGRO !
ResponderExcluirConcordo em termos! esta na policia porque quer e gosta! imaginem também manifestantes que são oprimidos em seus dia a dia, jogados de um lado pra outro pelo serviço publico, mal atendido, mal remunerado e que esta nas ruas buscando a forma melhor de reivindicação, inclusive para os Pms que os atacam? pois é cada um tem seu lado não é mesmo? enquanto houverem lados, nada se resolverá, o governo esta sucateando, corrompendo corroendo a instituição policial e todas as outras fundamentais, como saude, educação e segurança , onde os inclui, o povo só quer ter seu direito respeitado, quer que a policia teha bons salarios, que sejam educados, que possam usufruir de lazer e serem também bem remunerados, mas parec que o estado manipula por serem militares, fora a corrupção latente detras de um distintivo e uma arma não é? bom lados e lados, e digo de novo, enquanto houverem lados opostos, estarão sempre em divergência, quando os lados se juntarem ao global, melhor para todo os seres humanos, teremos uma melhoria em todos os setores da sociedade, esse discurso de cada um vir seu lado e compreende-lo não da certo, todos antes de qualquer profissão são seres humanos e deveriam lutar pela dignidade e correr atras disso, se não por ele, mas pelos seus filhos e netos pra que tenham e possam se orgulhar de viverem num mundo melhor, construido por todos!
ResponderExcluira coisa é feia!!!
ResponderExcluirGratos pelos comentários.
ResponderExcluirNo Rio de Janeiro, a forma como o governo está empregando a PM está colocando a corporação em situação muito difícil, sendo considerada por muitos como inimiga da população, o que é uma situação absurda. Os PMs existem para servir e proteger o povo, morrem defendendo esses ideais. Penso que o momento é de reflexão e de posicionamento dos Coronéis da PMERJ, em defesa da bicentenária instituição.
Juntos Somos Fortes!
Coronel Paul, a força nacional utilizou espingarda calibre 12 com munição de bala de borracha, se a força nacional pode usar, então porque o comandante geral da PMERJ proibiu esta munição para os PMs do RIO?
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