quarta-feira, 13 de novembro de 2013

UPPs: EFEITOS COLATERAIS. IMPRENSA NÃO SABE, NÃO QUER SABER OU SABE TUDO

Os nossos leitores sabem que a população do estado do Rio de Janeiro desconhece a realidade sobre as UPPs, em virtude do silêncio de dois componentes fundamentais para a formação da opinião pública: imprensa e especialistas.
Tal silêncio que foi absoluto por muito tempo, quando era praticamente proibido falar mal das UPPs na imprensa, uma restrição tácita é verdade, ninguém admite a sua existência. Um silêncio que começou a ser quebrado após as eleições de 2010 e que vem perdendo terreno dia após dia. Tal mudança de postura fez com que nos últimos meses o projeto de implantação de UPPs sofresse um grande desgaste, sendo inclusive anunciada a interrupção por meses do projeto de implantação, uma sábia decisão, mas que será revogada ao que parece por vontade do governador.
Tem sido assim na área da segurança pública, abandona-se as decisões técnica e adota-se decisões políticas.
Tudo indica que para o governo só importam as eleições.
O governo tem que se manter no poder.
Não é relevante os efeitos terríveis dos erros na gestão do projeto das UPPs para a população como um todo. O medo que passou a ser companheiro de todos nós que vivemos no Rio de Janeiro, não importa para os governantes, como tudo indicae
Em artigo anterior escrevemos que imprensa e especialistas não apoiaram as UPPs, na verdade apoiaram o governo, isso com o silêncio sobre os erros e a gigantesca divulgação do projeto, uma cobertura nunca antes vista na imprensa.
No auge da crise, maior a cada dia, o jornal O Globo publicou nessa terça-feira, dia 12 de novembro de 2013, um editorial com o seguinte título: "É necessária forte reafirmação das UPPs".
Penso que nada mais natural, as Organizações Globo sempre foram as principais apoiadoras do projeto e todos sabem a força do grupo na formação da opinião pública no Brasil. Portanto, o socorro era mais que esperado e veio na forma e com a força de um editorial, matéria que significa a opinião do jornal.
Infelizmente, nem sempre a opinião das organizações refletem a verdade, o que chega a ser cruel pois deforma a opinião pública, pois como pregamos na educação: só existe algo pior do que não ensinar, ensinar errado. Traçando um paralelo: Pior que não noticiar, só noticiar errado.
Peço especial atenção para o primeiro parágrafo, o mais importante, pois apresenta o tema com suas premissas.

"A mais bem-sucedida política de segurança pública executada no Rio de Janeiro em décadas, a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), não pode ser entendida como solução única e definitiva para o problema da violência e criminalidade. Mas, sim, o início de um projeto mais amplo de resgate pelo Estado de amplos territórios subjugados pelo crime, para, a partir daí, haver a efetiva integração destas comunidades ao mundo formal da cidade, com o acesso a todos os serviços públicos, etc. A começar pelo Rio até se estender pela Baixada Fluminense e o restante do estado".

Imagino as cólicas que estão incomodando os que estão acompanhando essa série de artigos após a leitura dessas linhas.
Após ler isso eu escolhi o tema para esse artigo:
"UPPs: Efeitos Colaterais. Imprensa não sabe, não quer saber ou sabe tudo".
Não posso crer que quem escreveu o editorial não saiba o significado da expressão "política de segurança pública (estadual)".
Não posso crer que desconheça que a segurança foi municipalizada com o projeto das UPPs, onde está sendo empregado quase 25% do efetivo da Polícia Militar.
O autor não sabe que os efetivos dos batalhões foram sucateados para empregar os novos Soldados PMs apenas nas UPPs, prejudicando a segurança pública no âmbito estadual.
Não posso crer que quem escreveu não saiba que as UPPs são a reprodução de um projeto pré-existente na Polícia Militar, os Grupamentos de Policiamento em Áreas Especiais (GPAEs), projeto que foi rebatizado, ou seja, não é uma criação do governo Cabral.
Não posso crer que desconheça que é impossível estender o projeto para todo o estado. Impossível! Jamais existirá efetivo para isso na PMERJ.
Não posso aceitar que um editorial sobre as UPPs não cite um único efeito colateral negativo da forma de implantação do projeto, quando eles são inúmeros e facilmente identificáveis.
Quem ler o editorial identificará essa ausência. Os defeitos não existem.
O editorial é uma ferramenta de apoio ao governo e não um meio de informar a população, muito pelo contrário, vale destacar.
Quer o editorialista que o governo dê uma resposta firme contra os representantes do tráfico de drogas que ainda ocupam as comunidades, como fica claro nos dois últimos parágrafos:

"No momento, importa menos discutir as possíveis causas desta pressão sobre as unidades de pacificação - até mesmo previsíveis - do que o poder público organizar uma resposta à criminalidade, firme como deve ser. 
Não seria possível imaginar que quadrilhas há tanto tempo incrustadas nessas comunidades desistiriam de seus negócios . Cabe, então, aos governos estadual e federal repetirem as forças-tarefas que, com absoluto êxito, libertaram o Alemão, a Rocinha e outras comunidades, para retomar as áreas reocupadas por bandidos. A resposta do Estado precisa ser rápida e dura, para desestimular novas ações".

O que querem as Organizações Globo?
O confronto com os traficantes de drogas que ficaram na comunidade para a retomada dos territórios?
É o que parece, mas se for isso, estão na contramão do seu apoio irrestrito à tática condenável e usada pelo governo de avisar aos traficantes antes de ocupar cada comunidade carente. Na época isso era aplaudido e citado como algo extremamente positivo com manchetes do tipo "ocupação feita sem o disparo de nenhum tiro". 
Esqueceram o que escreveram tantas vezes?
Não creio.
Nas ocupações sem confronto, as organizações esqueceram de avisar que com a transferência dos traficantes, pois foi isso que evitou os confrontos, na verdade o governo estava transferindo os locais de confronto, que atualmente assustam os moradores de Jacarepaguá (Praça Seca), por exemplo.
Será que eu estou errado, elas não querem o confronto, nesse caso devem querer que o governo avise novamente aos traficantes, uma nova intimação ou algo parecido. Transferindo novamente traficantes e suas armas para outros bairros e municípios.
Sinceramente, não sei o que as organizações querem com relação à área de segurança pública no estado do Rio de Janeiro, mas sei que querem apoiar o governo, isso salta aos olhos.

(artigo extraído do blog "Biografia não autorizada das UPPs" (Acesse)
Juntos Somos Fortes!

2 comentários:

  1. As UPPs trouxeram a sensação de segurança de volta a cidade. Antes dela ninguém lembra do que acontecia?! Estavamos vivendo um estado de calamidade, eram assaltos, arrastões, e com as UPPS isso se amenizou (digo, não acabou ainda).

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    1. Grato pelo comentário (Anônimo 13:52).
      A sensação de segurança que você fala só pode ser com relação à ZS da Capital. No "resto" do estado vivemos o que você citou como sendo coisa do passado: a INsegurança.
      UPPs são um projeto eleitoreiro e insustentável.
      Juntos Somos Fortes!

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