quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O "SAMBA" QUE MORREU NA ROCINHA E A DESMORALIZAÇÃO DO MILITAR



"BLOG DO TENENTE CORONEL PM LARANGEIRA 
terça-feira, 3 de dezembro de 2013 
Não costumo incorrer em teses conspiratórias ou manias de perseguição, mas ultimamente, desde o advento da farsa dos black blocs x PMERJ, tenho percebido que há uma deliberada intenção de desconstruir paulatinamente a Instituição Militar. Com que propósitos, é difícil precisar. Mas como teses conspiratórias são tão afeitas ao ambiente online quanto sustos em filmes do Hitchcock, me sinto à vontade para arriscar que há em andamento alguma movimentação política muito grave, que pode a qualquer momento se tornar totalitária. Não sei se uma ditadura aberta, de esquerda, mas certamente uma espécie de endosso popular para medidas que, em ambiente normal, Constitucional, seriam impensáveis.
Uma dessas medidas, claro, é a Desmilitarização da PM, remédio receitado por nove entre 10 sociólogos formados nas deprimentes faculdades sitiadas pela esquerda – faculdades estas que a partir do primeiro período já retiram do cérebro do aluno qualquer possibilidade de livre-pensar, criando um eterno maniqueísmo, uma luta Pobres x Ricos, na qual a esquerda é do lado dos pobres oprimidos e a direita é o Mal representado por policiais assassinos e empresários opressores.
Interessante perceber que os policiais – assassinos ou não – são recrutados no lado dos pobres oprimidos, sem que no entanto a esquerda os adote. É evidente que há aí a velha mágoa: a PM, mal-instruída para fazer uma guerra perdida contra as drogas, reprimiu alguns velhos hábitos destes rapazes. Parte do jogo. Missão dada, diz o hoje ditado, é missão cumprida. Pode haver algo mais além disto: apesar de esta classe média formada em faculdades de esquerda (a maioria, públicas, às custas do dinheiro de quem?) dizer que “adora pobre” e que está “do lado do pobre contra a PM”, a triste verdade é que isto não se alinha com a prática. Leve um destes garotos de classe média a Madureira, solte-o e ele se limitará a perguntar onde é o samba. E depois, onde é o ponto de táxi. Claro, vai antes abraçar uma idosa, negra, pobre, mas que é “da velha guarda do samba”. Vai provar da feijoada-vodu, e uma vez na Zona Sul ficará admirado por ser um “carioca da gema”, afinal, vai a Madureira no samba e conhece tia Fulana de tal.
Mas cadê que estas pessoas sabem que tia fulana tem policial militar na família? Ou que tia sicrana tem um filho PM que morreu em um tiroteio? Ou que naquele sambinha lá tem dois sargentos e um tenente? Sairiam correndo, apavorados. Assim como fogem do trem lotado do dia a dia, do mercadão onde vendem bodes, da rua calorenta, do calçadão onde se ganha a vida. O que estes garotos aprenderam na faculdade é que se deve “valorizar uma cultura nacional” – mesmo que o champanhe seja francês (perdão pela redundância) e o cigarrinho seja de Bali (ou da Jamaica). Pagam o tributo deles no sambinha ou no ensaio da escola. Beijam a mão do bicheiro, mas se indignam se leem no jornal que um praça da PM que ganha 2 mil reais por mês tirou uma segurança para a LIESA (esta terrível entidade que faz contratos com a TV GLOBO, com a Prefeitura, com o jornal O GLOBO, mas que só é má mesmo quando paga uns trocados a um PM pobre).
Enfim, sei que me alonguei demais e poucos devem ter chegado até esta altura do texto. Mas o que eu queria dizer com esta longa introdução é que agora esta esquerda-festiva e de luvas cirúrgicas (para não sujarem as mãozinhas com o pó do subúrbio) tem mais um “sambinha” para se divertir: o Caso Amarildo.
Quando li no jornal EXTRA a notícia de que “universitários de Arquitetura e Urbanismo da UFF iriam ter como patrono de turma o pedreiro Amarildo” não pude deixar de pensar na maneira asséptica e preventiva com que eles se relacionam com a pobreza. Ora, em primeiro lugar, como já foi dito por aqui, o único valor que atrai estes garotos em direção ao caso Amarildo é que supostamente ele teria sido morto por PMs. Posto isto, vale assinalar que milhares de favelados já foram assassinados por traficantes sem que houvesse esta mobilização tão grande. Não houve súplicas por parte de universitários para que a PM invadisse a favela quando a cidadã mineira Telma Veloso Pinto, em 2004, foi assassinada ao passar pela Rocinha – houve sim, dezenas de tentativas de culpar a PM. Mas súplica pelo combate ao criminoso, não.
Quando elege Amarildo para ser patrono, elegem um valor relativo, não o absoluto. Nomear um morto por tortura (novamente, supostamente) como patrono de uma turma de Universidade é usar os seus quatro anos de estudo e dedicação para uma única causa: espezinhar a Polícia Militar como se fosse esta a responsável pela penúria de milhões de moradores de favelas no Rio de Janeiro. 
Mas a “admiração pelo Amarildo” tem um outro viés: para impor suas ideias anti-PM, estes pequenos rapazes precisavam de uma vida ceifada. Na verdade, quase celebram a morte do pedreiro – primeiro, não têm motivos para lamentar de verdade, já que era “só um pedreiro” (não se surpreenda, eles também reagem com “são só PMs” às mais de 150 mortes anuais de policiais no Rio). Depois, foi uma morte útil. Graças ao Amarildo, podem falar neste assunto por anos e anos. 
Curioso é que há pouco mais de uma semana, um flanelinha foi morto por um policial civil, no Leblon. No episódio, o policial civil alegou “legítima defesa” apesar de ter dado quatro tiros. Sem querer atacar a instituição irmã e investigativa – e sim a tese da desmilitarização – é possível que a tese de que “é ruim porque é militar” só ganhe corpo por causa do comportamento de Mídia e Sociedade diante de casos como este. Notem que na reportagem de O GLOBO nem houve esforço de saber o nome do flanelinha morto com quatro tiros. Ninguém quer saber. Todos aceitam placidamente a versão do policial. Alguém tem dúvidas de que se fosse um PM a atirar no flanelinha o caso estaria em pleno andamento, com discursos e quem sabe uma turma se formando elegendo a vítima como patrono? Não creio. 
Assim, estes jovens vão ao seu “sambinha”, este contato permitido com a pobreza, o Amarildo de cada dia. Sim, eles precisam de desgraças como estas para poderem propagar suas teses idiotas. Desgraças de todos os lados, tanto da PM quanto dos favelados. 
Só não é desgraça para quem só vai a Madureira de mentirinha e volta de táxi. 
Aguardarei os nobres esforços destes estudantes de arquitetura em prol das favelas e dos policiais pobres que moram no subúrbio. 

Meu comentário (Ten Cel Larangeira)
O texto do Major Fernandes surpreende pela clareza, espanta por sua verossimilhança com o cotidiano de uma instituição (o lado de dentro – a PMERJ), que foi poupada pelo autor por intenção óbvia de descortinar a hipocrisia externa, o que fez com a maestria dos grandes pensadores. Claro, ele é PM, como eu, e entusiasta da combalida corporação que defende, demais de artista das letras, uma voz a mais que surge como forte luz a iluminar uma verdade que insiste em se ocultar nas trevas: querem destruir o militarismo pátrio como passo de uma caminhada bem mais ampla e profunda: impor ao povo estulto os grilhões socialistas e os afagos ao modo chinês aos piratas capitalistas que, sabedores disso, se fingem dogmáticos e ideológicos, tais como os socialistas castristas, ou stalinistas, ou chavistas, não importa, é tudo farinha do mesmo saco. 
O foco do autor merece atenção, e bastante, por quem não almeja mais que uma democracia do modo norte-americano ou semelhante a outras nações que experimentam a liberdade com ordem. Mas como esta democracia se vem tornando a mais e mais utópica para as grandes massas, assim como os regimes de extrema esquerda (comunistas) estão em processo entrópico, o capitalismo aflora como o sistema de vida predominante, em especial ressaltando o seu lado cruel: mais acumulação de riquezas entre os poucos ricos e acirramento da miséria entre os pobres, situação de fato que permite o discurso clientelista do Estado no sentido da “distribuição de riquezas aos pobres tirando dos ricos”. 
De tal modo que hoje a alegre mídia não tem o pejo de jorrar nas telinhas da tevê, como se viu neste fim de semana no programa “Esquenta”, a ilusão tornada “verdade”, por “pesquisa científica”, de que a favela é hoje “classe média” ignorando a dura realidade dos favelados moradores nos picos de morros altíssimos e em barracos de madeira podre cobertos por zincos enferrujados. Brincadeira de mau gosto, sim, de pessoas a serviço da causa popularesca castrista, mesma que toma riquezas da verdadeira classe média, empobrecendo-a, para distribuí-la aos pobres da classe baixa, ficando os ricos protegidos porque forte mesmo é o capital, o dinheiro, o vil metal. Então vamos combinar: os economicamente medianos cedem o fruto do seu esforço aos mais pobres, tornando-se todos medianos, e o resto é propagação desta mentira histórica adornada por slogans pomposos, e de alto apelo popular, tais como o “bolsa-família”, o “mais médicos” e outros dos mesmos Gênero e Espécie 
Num contexto que avança no sentido do socialismo e de sua eternidade no poder não pode haver força militar que seja efetivamente forte, em especial porque representa o principal antagonismo histórico a ser enfraquecido e quiçá destruído. E como a grande tropa das Polícias Militares soma quase que o dobro da tropa das Forças Armadas, elas, as Polícias Militares, são o primeiro alvo do plano de destruição. E como não podem destruir fisicamente seus integrantes, os adeptos do socialismo partiram para a desmoralização deste conteúdo para depois eliminar o continente sem muito esforço. E neste ponto, fechando o zum na PMERJ, basta citar a intenção expressa do governante em “acabar com o conceito de aquartelamento na PM”, determinando inclusive a venda do Quartel-General, símbolo maior do militarismo tradicional na bicentenária corporação, ação da qual paradoxalmente nos salvamos por ter ele próprio se desgraçado em virtude de escândalos parisienses e arquiteturais... 
Mas, cá entre nós, nem precisava da parte dele tanto esforço, a desmoralização da corporação é tão tamanhona que nem as suas leis são respeitadas pelos burocratas operadores do Direito e nenhum direito histórico é levado em conta neste país da anomia a serviço do poder desmedido e da vingança rude. Daí assistirmos passivamente ao trancafiamento de oficiais e praças em presídios comuns quando mereciam o quartel como prisão por estar assim escrito nas leis vigentes. Claro que o crime praticado por alguns importaria até pena de morte, se existisse na legislação tupiniquim, dada a sua gravidade. Mas a questão é outra: a desmoralização está no seu ápice desde que, em vez de retaliar à revelia das leis vigentes apenas criminosos que não merecem o nosso aplauso, levaram a ferros, em Bangu I, coronéis e soldados por reivindicarem desse governante, notoriamente inimigo da PMERJ, melhores condições de vida. 
Eis a situação evitada pelo exímio articulista Major Fernandes, e que eu, sem me desculpar por meu acinte, focalizo em indispensável complemento ao seu impecável texto: a PMERJ é hoje um barco à deriva, e as tempestuosas ondas já causam estragos irreparáveis no seu casco. Sim, o barco afunda, e a tripulação vem pulando fora, primeiro em canoas seguras, depois em coletes salva-vidas, ou em tábuas boiando à deriva, ou em braçadas desesperadas dos retardatários. E é certo que os abençoados pelas canoas levam todo o suprimento que amealharam para lhes garantir vida farta sobre os cadáveres da maioria desesperada. E os das canoas alcançarão as praias e escalarão as colinas para apreciarem os náufragos a morrerem afogados de caminho, para isso torcendo, claro, senão correrão o risco de terem de dividir seus tesouros, que não eram seus, mas que apenas transportavam para os cofres do Estado. E no barco a afundar restarão os ratos, que morrerão afogados em necessária assepsia do formidável mundo novo ao qual almejam os timoneiros de hoje, que o querem desfrutar, quem sabe em praias paradisíacas alienígenas?... 
Emir Larangeira"

Dois textos excelentes!
Eis o que eu penso.
Juntos Somos Fortes!

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