sábado, 7 de dezembro de 2013

PAZ NO MORRO - EFEITO UPP e EFEITO BANDA PODRE

Imagem: Internet
Deputado Ten Cel Jairo, governador Sérgio Cabral e prefeito Eduardo Paes
O governo não está implantando a paz


Prezados leitores, a expressão "banda podre" usada pela imprensa, via de regra, faz referência a uma parte das polícias brasileiras que se envolve em atividades ilícitas. Sim, existe essa parte da polícia, uma parte significativa, em todas as polícias, mas a expressão "banda podre" pode ser aplicada em outras instituições públicas e privadas, afinal gente querendo levar vantagem é o que não falta no Brasil. A recorrência de notícias envolvendo brasileiros em atos ilícitos dos mais diferentes níveis e das mais variadas formas, nos faz pensar em algo absurdo, como se essa vontade de se dar bem estivesse incorporada na nossa herança hereditária, produzindo ações ilícitas em muitos de nós, enquanto em outros não. Talvez o gene funcione como dominante em uns e recessivo em outros. 
O livro "Vivendo no Fogo Cruzado" (Alves - Evanson) contém várias entrevistas com moradores de comunidades carentes do Rio de Janeiro, onde relatam as dificuldades enfrentadas em face da violência dos traficantes de drogas e dos policiais. Moradores mais antigos falam de um tempo de paz, uma época na qual não ocorriam tantos confrontos, quando os bandidos optavam por fugir da polícia e quando o posto policial (DPO) era uma referência comunitária.
Os tempos mudaram, o tráfico se fortaleceu, os confrontos se multiplicaram e se transformaram em guerra urbana. Confrontos entre facções de traficantes em disputa das bocas e confrontos entre traficantes e Policiais Militares e/ou Policiais Civis.
As Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), um desdobramento dos DPOs, PPCs, CIPOC e GPAEs (Leia "A biografia não autorizada das UPPs - Acesse o link), surgiram no final de 2008 e se multiplicaram apenas no município do Rio de Janeiro, com o intuito de retomar os territórios e evitar a exibição de armas nas comunidades.
As UPPs trariam de volta a paz no morro.
Afinal, pacificar é trazer a paz.
Na prática, não está funcionando assim. Em algumas comunidades os confrontos continuam ocorrendo, enquanto em outras parece existir uma simbiose, com o tráfico funcionando em uma parte da comunidade e a polícia atuando em outra.
Nove mil Policiais Militares estão sendo empregados para trazer essa paz tão sonhada, chegarão a ser dez mil (efetivo de vinte Batalhões de Polícia Militar), mas o governo não está conseguindo.
Prezado leitor, sem falar na falta que esses vinte batalhões estão fazendo nas ruas inseguras do estado do Rio de Janeiro, pense no custo desse projeto. Só o prefeito Eduardo Paes gastará R$ 90 milhões por ano do nosso dinheiro. 
Sim, vidas não tem preço, mas será que estamos gastando  o dinheiro público com eficiência? 
Será que com esses recursos humanos e materiais não poderíamos estar salvando muito mais vidas, com uma melhor gestão? 
Nós respondemos que sim.
Afinal, qual a relação da "banda podre" das polícias com tudo isso?
A nossa resposta nos transformará em alvo de todas as críticas, mas existe uma relação entre tal parte das polícias e a paz no morro.
A experiência na área correcional demonstrou que a "banda podre" promove um equilíbrio. Ilegal, imoral, aético, entre outras qualificações depreciativas, mas que promove uma forma de paz.
É feito um acordo, as polícias não reprimem, as facções não se atacam (dividem território como fazem os bicheiros no Rio de Janeiro) e os traficantes pagam a "banda podre".
Recentemente, esse acordo chegou a ter sido feito inclusive com PMs de UPPs, como o noticiário revelou.
Não é a paz queremos, a paz da legalidade, fruto da existência de um estado democrático de direito. É uma paz criminosa, uma paz simbiótica onde todos lucram de alguma forma, inclusive a comunidade que consegue ter um pouco de tranquilidade para viver, como está ocorrendo em algumas comunidades com UPPs, diga-se a verdade.
As milícias promovem também esse tipo de paz, citando outra forma de "pacificar", em quase metade das comunidades cariocas. Há pouco tempo eram ovacionadas como uma forma de trazer tranquilidade. Melhor ter milícia do que ter tráfico, era a fala inclusive de parte da imprensa.
Quantos políticos não frequentaram a comunidade de Rio das Pedras, por exemplo, atrás dos votos que a milícia produzia?
Quantas matérias jornalisticas não foram feitas sobre isso?
É óbvio que queremos a paz promovida pelo Estado, aliás é seu dever promover e manter a paz, mas o governo atual não está conseguindo e está gastando milhões e milhões de reais em recursos humanos e materiais.
Imagine quanto custará para nós por ano, o pagamento dos salários e das gratificações dos 10.000 PMs que integrarão o projeto das UPPs até 2014?
Os resultados positivos alcançados são reduzidos, os negativos se multiplicam. Se tornou obrigatória a troca dos gestores para trazer de volta a esperança de que as UPPs tragam o resultado que as comunidades carentes precisam e sem trazer malefícios para o todo da população do estado do Rio de Janeiro, como está ocorrendo.
Isso é urgente, caso contrário estaremos correndo o risco da paz pretendida pelo governo não ser alcançada nunca com a atual gestão da segurança pública e a população das comunidades carentes começar a preferir a paz promovida pela "banda podre", essa sem tiroteios, como os que estão ainda ocorrendo em áreas com UPPs.
O morro quer paz. É dever do Estado promovê-la, mas quando o governo não consegue, o morro continua querendo paz. Não custa lembrar que quase a totalidade de seus moradores é ordeira, pacífica e trabalhadora, eles não querem criminosos como vizinhos.
Eis a questão.

Juntos Somos Fortes!

2 comentários:

  1. O Estado está tentando promover a paz nos morros. Não tem farça, é um processo em andamento que ainda vai demorar anos! O poder paralelo está sendo reduzido aos poucos.

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    1. Grato pelo comentário.
      Considerando a velocidade atual, teremos que aguardar o equivalente a uma era geológica...
      Juntos Somos Fortes!

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