Prezados leitores, publicamos um novo texto do Coronel PM Reformado Herrera, dessa vez em duas partes, sendo que a segunda será publicada amanhã.
"CHÃO DE
FÁBRICA (1)
“Quaresma,
tempo de dizer não à
indiferença”
(Papa Francisco)
Segundo ensinamentos da Ciência da
Administração, quando se constata uma empresa em crise, deve-se iniciar o exame
do problema pela real situação de seus recursos humanos. Vale dizer, a
empresa vai mal quando seu pessoal não está bem. Cada órgão público, pela
relevância de seus funcionários, deve ser administrado como empresa, ainda que,
a princípio, seu objetivo não é obter lucros financeiros. Contudo deve prestar
serviço público de qualidade.
Também todo administrador sabe que
qualquer planejamento só deve ser posto em execução depois de completadas as
“pesquisas de campo”: examinar in loco a atuação do pessoal operacional,
para, se necessárias, implementar mudanças.
Chama-se a isso vivenciar o “chão
de fábrica”.
Nesse diapasão, seletivamente,
podemos definir a PMERJ como uma empresa em crise. Cronicamente em crise. Situação
grave. E nunca se buscou analisar a situação da tropa, seus recursos humanos.
De forma omissa e irresponsável, tem-se adotado o brocardo de que “o soldado
é superior ao tempo” e, assim, a barca vai navegando nesse oceano de omissões
e comodismos.
Curiosamente, os militares
estaduais (bombeiros e policiais militares), que constituem tropa profissional, não têm
definida jornada de trabalho. Qualquer outra profissão, mormente no serviço
público, tem carga horária legalizada, que, no nosso país, não deve ultrapassar
44 horas semanais.
Estudos recentes revelam que o trabalhador
que cumpra a jornada de 40 horas semanais terá desempenhado, ao longo
de 30 anos, o montante de 57.600 horas. O policial militar, por suas
esdrúxulas escalas de serviço, não legalizadas e ao sabor das necessidades do
momento, chega a cumprir, no mesmo período de 30 anos, cerca de 82.000
horas.
Ora, como salário está diretamente
proporcional à carga horária de trabalho, o policial militar estará sempre mal
remunerado pelos serviços que presta. Elementar. A menos que se legalize sua
jornada de trabalho, sendo impedida, nesse caso, a nefasta discricionariedade
do Comando.
Verdadeiro absurdo no nosso país, que
se diz democrático e defensor dos direitos humanos! Onde estão os defensores
dos policiais? Serão os chefes, os governantes?
Todos parecem negar o óbvio alarmante
da situação dos policiais militares em serviço. O Comando, comodamente situado
na zona de conforto proporcionada pela tecnoestrutura governamental, parece
desconhecer que o policial militar atua junto à sociedade e por trás dele há
uma família inteira, tornando-o carente de desejos comuns a todo trabalhador: a
segurança de seu trabalho e o zelo pelo futuro dos seus entes queridos.
Daí decorrem as piores mazelas que
acometem nossa tropa: desilusão de futuro, descrédito na estrutura
organizacional, descrença na missão, desmotivação no desempenho, desumana
sobrecarga física, acentuado desgaste psicológico, permanente tensão emocional,
baixa autoestima profissional, perda do amor corporativo. Enfim, um cipoal
doentio que provoca verdadeira doença profissional coletiva, ameaçando a
própria instituição.
Aliás, o Coronel PAÚL, em seu blog, há tempos, vem alertando que a PMERJ está “paciente terminal, internada em UTI, com
falência múltipla de órgãos.”
NELSON HERRERA
RIBEIRO, Cel PM Ref, advogado e professor"
Juntos Somos Fortes!
Meu primeiro patrono, advogado e Coronel Nelson Herrera.
ResponderExcluirParabéns pelo texto.