Prezados leitores, publicamos o último da série "Críticas e sugestões"da lavra do Coronel PM Ref Herrera:
"CRÍTICAS E SUGESTÕES (final)
À
GUISA DE CONCLUSÃO
“Todas as pessoas devem esforçar-se para seguir o que é
certo,
e não, o que está estabelecido”
ARISTÓTELES,
filósofo grego (384-322 a.C.)
Fiz atenta leitura dos comentários
postados (prós e contras) aos meus artigos neste blog. Agradeço aos
leitores a distinção que me deram. Mas entendo que, visando a melhor
esclarecimento, devo mais explicações.
Reafirmo que tentei apenas abordar
temas e fatos, que, por certo, influenciam direta ou indiretamente o desempenho
de todo policial, quer seja civil ou militar. Não por eu pretender “o
monopólio da verdade”, mas justamente para trazer à baila outros ângulos
para discussão de tema tão importante a todos, como a Segurança Pública.
Quero deixar claro que não defendo o militarismo.
Ao contrário, nunca opinei sobre a predominância de uma polícia militar sobre
outra civil, apenas discorri sobre a realidade das polícias no Brasil e em
outros países.
Ademais, nunca me convenci da
necessidade de generais-presidentes para a “salvação nacional”. Até
porque meu irmão mais velho, na época capitão de Artilharia, foi expulso do
Exército pela Revolução Redentora de 1964, e somente reintegrado
“coronel reformado” após a Lei da Anistia de 1979.
Por fim, apenas entendo não ser
possível negar a História do Brasil: desde a Colônia, ainda no Império e no
decorrer da República, sempre houve duas organizações policiais (civil e
militar) em nível estadual. E mantenho a convicção de ser irrelevante
para toda Polícia a natureza da investidura de seus integrantes.
O importante é que qualquer Polícia
desempenhe o ciclo completo, atuando conjuntamente nas funções de
polícia judiciária e de segurança. E, como procurei
mostrar, é o modelo preferido no mundo, sendo as polícias militares – dado o rigor draconiano de seus
regulamentos e seus ritos sumários –
mais bem apropriadas ao imediato controle interno, para a melhoria do
clássico objetivo: servir e proteger.
Os países onde as polícias são plenas
(de ciclo completo), quer sejam civis ou militares, costumam obter menores
índices de criminalidade. Não por acaso.
Ao longo de mais de meio século –
pois ingressei em 1965, na extinta Polícia Militar do Estado da
Guanabara –, sempre me interessei em estudar o tema “Segurança Pública”,
na tentativa de compreender o universo do policial brasileiro, que vive
irremediavelmente submerso em tantos enigmas internos, na dicotomia histórica
das polícias e nos complexos meandros da nossa própria sociedade.
E a mim só me restou pressupor que todo
início de solução deve passar, necessariamente, pela honestidade de comandos e
de governantes. Algo deveras tão difícil de acontecer em nosso país
tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. Onde, há muito
tempo, prevalece a hipocrisia política no jogo sujo de ocultos interesses
não-republicanos.
A distensão do regime político,
decorrente do desgaste da alcunhada ditadura militar, permitiu o retorno
de muitos políticos, alguns autoconvencidos de serem “líderes de salvação
nacional”, vindos da turva mescla de ”socialistoides” e ”comunistoides”
– mas, de fato, ladinos arrivistas políticos. Para seus longos projetos de
poder.
Essa onda revanchista
prevaleceu na ânsia popular por mudanças, e, bem manipulada por demagogos de
plantão, deu azo ao Partido dos Trabalhadores (PT), que logrou chegar ao Poder, por obra e graça de bons marqueteiros,
na eleição de Lula em 2003. “A esperança venceu o medo”. E deu no que
deu.
O suposto movimento socialista
alicerçou seus pilares no autodenominado Foro de São Paulo, que
se organizou para manter reuniões bienais em diferentes países. A primeira (1990)
na cidade que o batizou, e a mais recente (2016) em São Salvador.
Iniciou-se na conferência de partidos
políticos de esquerda, a partir do seminário internacional promovido pelo PT,
com a participação de outros partidos e organizações latino-americanas. Cuba em
proeminência. Seus objetivos: propor alternativas às políticas neoliberais e
promover a integração da América Latina no âmbito econômico, político e social.
Que bela fachada socialista para
escusos interesses antidemocráticos!
Contudo somente permitiu gerar a República
Bolivariana de Venezuela e, depois, semelhantes regimes populistas no
Equador e na Bolívia. E ainda, no Brasil, os governos petistas, tosco
arremedo de República Sindicalista, sendo banidos no impeachment de
2016. Mas permanecem sedentos do Poder e saudosos da lucrativa demagogia. Aliás,
as palavras de ordem do PT sempre foram “fome zero”, “tirar
os pobres da miséria”, “vai ter luta” e outras baboseiras. Evidentemente,
não poderiam salvar todos, mas trataram apenas de pequena parte do proletariado:
eles mesmos e suas diletas famílias, já que ficaram milionários.
Dispensam-se, porém, maiores
críticas: venezuelanos e brasileiros vivenciaram a inegável realidade da
pobreza ante a falácia de retumbante progresso social. No Brasil, apesar de
toda a propaganda enganosa, a par de várias operações fraudulentas em empresas
públicas e fundos de pensão, restou a mais dura recessão econômica, de forma “nunca
antes na História deste país”, afetando milhões de desempregados, na
contramão do vazio discurso de defesa dos trabalhadores do Brasil. Cinicamente
mal plagiado de Getúlio Vargas.
O emprego da denominada Novilíngua
também integra as diretrizes antidemocráticas do pernicioso Foro de São
Paulo, para, sob o artifício de neologismos e sofismas redacionais,
camuflar o verdadeiro sentido textual. São conhecidas as expressões: “Presidenta
da República”, “sobras de campanha não contabilizadas”, “contabilidade
criativa”, “golpe parlamentar” e outros. Em tão deplorável contexto,
tornam-se proféticas as palavras de TANCREDO NEVES: “Com a qualidade de Esquerda que temos, nem precisamos
de Direita”. Mas atenção: as atividades do Foro de São Paulo
merecem estudo. E, sobretudo, vigilância.
Contudo, apesar de trágica
realidade, da desmoralização política, da desesperança econômica,
da desordem social, penso que as forças vivas da Nação devem despertar e
reagir, sobretudo com sua maioria silenciosa: as pessoas de bem.
A audácia dos corruptos só prospera
com o silêncio dos honestos.
São oportunas – e até reconfortantes,
ante a grave metástase da corrupção brasileira – as palavras da Ministra CÁRMEN LÚCIA, Presidente do STF: “Acho que talvez estejamos quase na ruptura de um
modelo político-institucional em que se passavam coisas que não vinham a
público e, se viessem, dava-se um jeitinho. Agora, não. Agora o jeito é aplicar
a lei, e será aplicada!”
Mas, agora, nós aqui, a população do
Estado do Rio de Janeiro e nela incluídos os servidores civis e militares,
estamos ainda jogados à sanha de herdeiros políticos de governos
comprovadamente corruptos. Nada mudou e todos sofremos com a insegurança plena,
chegando ao cúmulo da banalização de cada vez mais mortes de policiais
militares nas ruas – a maldita Herança Beltrame.
Repito que, nesse quadro tão
caótico do país e do nosso Estado, não há mais espaço para omissões. Temos
todos a obrigação de lutar por um país melhor. Para que seja
tropical apenas na Geografia ou no bonito verso da canção popular.
Urge começar alguma mudança, através
de autêntica luta política.
Carecemos de lídimo representante,
com a devida imunidade parlamentar,
compromissado com a causa comum. A meu ver, seria eficiente
princípio dessa luta necessária: com seriedade, com coragem, com honestidade de
propósitos.
Para seguir o que é certo.
Sem hipocrisia.
NELSON HERRERA RIBEIRO Cel PM Ref, advogado e professor"
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