quinta-feira, 28 de setembro de 2017

RETORNANDO AO TEMA "A RELAÇÃO ENTRE A CRISE E A DESUNIÃO NA PM" - CORONEL PM REF NELSON HERRERA RIBEIRO

Prezados leitores, publico novo artigo da lavra do Coronel PM Ref Herrera:



"RETORNANDO AO TEMA  “A relação entre a crise e a desunião na Polícia Militar”

Refiro-me ao vídeo no qual o Cel PM PAÚL, no dia 11 último, teceu comentários sobre a crise institucional que vive a nossa Polícia Militar.
Enfatizou ele “o conjunto de problemas” que seria “fruto da nossa desunião”, aduzindo que a solução seria “a promoção da união, a tentativa de romper esse paradigma”. Conclamou, ainda, ao Comandante-geral a “promover reunião com coronéis mais antigos, com praças inativos, com jovens oficiais, com todos os níveis hierárquicos”, visando a “buscar ideias” com tal propósito.
Por certo, são oportunas, sinceras e necessárias as críticas levantadas.
Sem dúvida, a união torna-se essencial em todo grupo de semelhantes, até mesmo nos animais. Os mais antigos chefes que conheci a chamavam “amor corporativo”. Os nossos recentes “40 da Evaristo” adotaram o lema “Juntos somos fortes!”
Contudo, nos últimos tempos, mormente na era cabralina – reconheçamos  –  tem deixado saudades.
Já em 2009, as sucessivas crises, permeadas de ruptura da própria Constituição, da afronta a leis, da violência a direitos e prerrogativas, culminaram com a precoce inatividade compulsória dos autodenominados “Coronéis Barbonos”, que, então constituindo o Alto Comando da PMERJ, tentavam obter melhores condições de trabalho e remuneração justa ao pessoal.
A esse grupo pertencia o Cel PAÚL, bem como o cel gilson pitta lopes, que aceitou renegar o compromisso comum antes firmado, para aceitar substituir o probo Cel PM UBIRATAN ÂNGELO, no cargo de Comandante-geral. Deu no que deu. A história posterior da PM e do nosso Estado está por todos conhecida. Institucionalizou-se a crise interna, com reflexos na grave desvalorização pública do policial militar. Agora, a Polícia nem temida  é mais nas ruas. E, portanto, abraço a indignação do Cel PAÚL no referido vídeo.
Discordo apenas das palavras em que conclama o atual Comandante-geral (ou qualquer outro), pois o cargo é político, de provimento por nomeação do governador de plantão, permeável a cinzentos interesses político-partidários, que se estendem à cúpula de Comando, ficando nossos chefes manietados no jogo de metas programáticas de governo ou mesmo absortos em seus interesses pessoais. Exemplo maior: o midiático “Projeto UPP”, sendo agora amplamente reveladas as falhas estruturais e os dissimulados interesses eleitoreiros, embora não faltassem continuados alertas do Cel PAÚL, culminando com a publicação do seu livro UPP  –  uma farsa eleitoral”.
Será tempo perdido, a meu ver, tentar reverter interna corporis o tal “paradigma da desunião”. Toda transformação virá, a meu ver, por fatores externos. Do mesmo modo que sempre houve as alterações prejudiciais à instituição, impostas por interesses políticos de breves inquilinos do poder.
Penso que a única reação possível só poderá brotar da democrática luta política.
Primeiro, elegendo lídimos representantes da classe, que, por seu passado de honradez, possam fazer frente aos inimigos da instituição Polícia Militar. Instituindo uma tribuna permanente pelos que não podem falar. O comentário pode ser extensivo ao Corpo de Bombeiros Militar, heroica Corporação, nossa coirmã.
Em segundo, criando leis, dissociadas de eventuais programas de governo ou a eles imunes, as quais possam atender às clarividentes sugestões elencadas no referido vídeo. E tantas outras, por exemplo: o estabelecimento de programas de incentivo social à tropa; a valorização dos veteranos, instituindo a comemoração Dia do Inativo; a criação de uma espécie de Conselho Consultivo, órgão de assessoria do Comando Geral, integrado entre outros, por mais antigos coronéis inativos e por representantes indicados por cada segmento de oficiais e praças; a obrigatoriedade de planejamento estratégico, por meio de Plano Diretor Quinquenal, de forma a impedir alterações por governo sucessor; os mecanismos de meritocracia para incentivo aos bons policiais e maior rigor na reação aos maus.
Muitas ideias podem ser obtidas junto às gloriosas PM de Minas Gerais e Brigada Militar gaúcha, exemplos sadios de amor corporativo, embora nelas convivam os mesmos erros comuns a todo agrupamento humano; os procedimentos é que são diferenciados. Há a prevalência de amor corporativo.
No nosso caso, por origens históricas da própria formação da PMERJ – razão primária, a meu ver, que nos conduziu ao denominado “paradigma de desunião” –, não creio em soluções endógenas, que dependam da lucidez administrativa ou das boas intenções de nossos Comandantes, que, por sua nomeação política, estarão sempre vinculados a interesses oportunos de cada governo.
Por clara obviedade, a instituição Polícia Militar deve ser suprapartidária e eminentemente profissional, acima do interesse eleitoral de governantes, imune a críticas de “policiólogos” de suspeitos matizes ideológicos, devendo manter seu foco em diretrizes técnicas de emprego operacional de “polícia ostensiva” e de “preservação da ordem pública”, sua precípua missão. Até que se crie nova ordem constitucional.
Mas tudo principia na eleição de representantes confiáveis, em meio à desmoralizada classe política atual, chafurdada na lama de interesses não-republicanos, caldo de cultura de nossos problemas internos, já que os coronéis, nossa cúpula de Comando, estarão sempre vinculados a essa realidade corrompida. Ou por ela alijados, impedidos de agir. Veja-se o exemplo dos “Coronéis Barbonos” –  nem que desejassem, puderam atuar em prol da melhoria da instituição.
Modestamente, já fiz recente manifesto público, como porta-voz do grupo de amigos meus civis, lançando a pré-candidatura, independentemente do requisito legal de filiação partidária, dos Subten BM VALDELEI DUARTE, para Deputado Federal, e do Cel PM PAULO RICARDO PAÚL, para Deputado Estadual. Ambos, em sua vida militar e pessoal, sempre trouxeram consigo a honradez, o idealismo e o destemor. Dessa luta poderão advir diplomas legais em que se embasem diretrizes que acarretarão as mudanças necessárias. Poderá surgir o respaldo sincero da maioria dos bombeiros e policiais militares, externado por suas respectivas associações. Claro que se constitui longa e permanente luta. Mas urge dar o primeiro da caminhada de mil passos!
Chegou a hora de mudar!
Tudo depende, porém, da indicação partidária desses companheiros e da aceitação pela maioria do nosso pessoal, traduzida pelo esforço de cada um em multiplicar votos de apoio, fazendo prosélitos junto a parentes e amigos. A conferir. 
Se não conseguirmos, permaneceremos a conviver com sucessivas crises, e, na ampliação de desvios de comportamento, com muitas outras “festas”, descobertas em ocasionais escândalos públicos, para maior desmoralização de nossas centenárias instituições militares estaduais, ao deleite dos inimigos da Ordem Democrática, os nossos esquerdopatas tupiniquins.
Não se trata de nenhuma teoria da conspiração. Esses fatos, quase sempre muito bem orquestrados, trazem implicações bem acima da nossa vã filosofia. Quem viver verá.

Nelson HERRERA Ribeiro, Cel PM Ref, advogado e professor"


Juntos Somos Fortes!

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