"DIREITA?
ESQUERDA? MEIA-VOLTA, VOLVER!
A
lembrança do período do regime militar ainda é tida como um assunto
extremamente melindroso, delicado e polêmico, para alguns (forçoso dizê-lo...).
Existem diversos entendimentos para os que viveram naqueles tempos e as
opiniões dependem de fatores como a idade, a profissão (a própria e a dos
pais), a localização geográfica, a escola ou a faculdade e existe também uma
geração que sequer conheceu um dos generais-presidente, mas também formou uma
opinião sobre o tema.
Ao escrever, cônscio da pluralidade cognitiva que advirá, buscarei suscitar
justamente o choque das idéias para despertar alguns (pois obviamente nunca terei
a pretensão de alcançar a todos) para o fato de que precisamos romper com
determinados paradigmas, sob pena de nos tornarmos anacrônicos e obsoletos
política e economicamente falando.
Dentre os inúmeros anacronismos que residem no ideário de parcela significativa
da sociedade brasileira está o emprego das expressões “direita” e “esquerda”.
Sei que não é o caso aqui neste blog, mas muitos brasileiros ouvem tais
palavras serem pronunciadas e as repetem sem nem ao menos saberem seu
significado político e muito menos sua atualidade, ou, ao contrário, seu
anacronismo.
De plano vamos estabelecer que “direita” não tem paralelismo com os
militares, pois militares são apartidários.
A seguir vamos desmistificar a “esquerda” como sendo o reduto dos “intelectuais
e da classe estudantil”, posto que tanto existem governos militares “de
esquerda” , como em Cuba e Coréia do Norte, como existem intelectuais e
estudantes “de direita” a exemplo dos EUA e Israel.
Portanto os pressupostos de Norberto Bobbio
baseados na oposição entre o capitalismo e o socialismo não parecem ser mais
adequados para os adeptos do maniqueísmo político.
Talvez para estes a discussão deva girar em termos de individualismo X coletivismo,
ou entre iniciativa privada X Estado-empresário.
Pois se a democracia tem na sua essência os opostos, o mundo globalizado de
hoje tem mais inferências econômicas do que ideológicas.
Recortando a discussão para a nossa realidade poderíamos dizer, face estes
parâmetros, que o atual governo é essencialmente “de direita”.
Tal afirmação poderá escandalizar alguns “comunistas de pedra”, assim
definidos por Arnaldo Jabor : “os adeptos desta corrente não mudam um
milímetro de suas convicções. Acham a tal da realidade objetiva ’volúvel e
reacionária’, com sua mania de mudar e ter reviravoltas”; portanto se o
liberalismo econômico é axioma de um “menos Estado”, ou “Estado
Mínimo”, se preferirem, e o governo que se autoproclama como “esquerda
liberal” emprega as políticas econômicas de outrora onde, por imperiosa
necessidade busca reduzir o tamanho do Estado, e realizar ações que antes
acusava como sendo de “direita”, estamos diante de um paradoxo ou de uma
grande farsa?
Como estou convicto da segunda assertiva, entre “direita” e “esquerda”
talvez seja melhor darmos “meia-volta”, antes que acabemos dando o
último passo na beira do abismo ou enveredemos pela "contramão"
da História.
Coronel PM Ref Rosette
Muito bom! Todo esclarecimento é sempre um contributo
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