Prezados leitores, transcrevo novo artigo da lavra do Coronel de Polícia Reformado Nelson HERRERA Ribeiro:
"DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS
A coluna de ANCELMO GOIS,
no jornal O Globo (de 28/10/2017), publicou a seguinte nota:
“Castigo medieval
Marcelo Cerqueira, que foi
advogado de presos políticos, acha que Sérgio Cabral agiu errado com Marcelo
Bretas, mas condena a decisão do juiz de mandar o ex-governador para Campo
Grande:
– Isso não é uma pena. É um castigo medieval.
Há controvérsias.”
Acrescento eu, modestamente,
a minha controvérsia.
Em primeiro, o
Juiz Marcelo Bretas determinou a custódia em presídio federal de segurança
máxima não do “ex-governador”, mas de um petulante criminoso,
que, embora de formação superior e já condenado a mais de 72 anos de prisão,
nem sequer demonstra o mínimo respeito exigido a todo tribunal. Aduza-se que de
forma legal, tanto que negado o recurso pelo STJ.
Em segundo, seria
importante esclarecer quem é Marcelo Cerqueira, tido como pessoa elogiavelmente
corajosa, pela forma subliminar da oração relativa apositiva incluído no
texto: “que foi advogado de presos políticos”. Não é bem assim. A bem da
verdade.
Em 1959, aos 21
anos, já nos quadros do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Cerqueira ingressa no curso de Ciências
Jurídicas e Sociais da antiga Faculdade Nacional de Direito (atual UFRJ), logrando ser eleito vice-presidente
da União Nacional dos Estudantes (UNE), até hoje célula ativista travestida de
sociedade estudantil, então sob a presidência do atual senador José Serra. Embora
homens decididos “do mato ou morro”, guerreiros do povo brasileiro (como
José Dirceu), sumiram de cena logo no primeiro dia do movimento de 1964, não
sei se ficaram escondidos no mato ou no morro. Quando puderam, ambos fugiram do
país para o autoexílio.
Depois voltaram,
em 1979, já com a segurança da Lei da Anistia. E Cerqueira tratou de
concluir seu bacharelato em Direito, atuando como advogado, mas sem relegar
seus matizes políticos de ativista vermelho. Muitos dos chamados “presos
políticos” foram de fato condenados por atos de terrorismo, fatos que nunca se
comentam, haja vista a infiltração de
“esquerdopatas” na mídia.
Mas essa seria outra
profunda discussão temática que não cabe neste simples comentário.
Apenas a notícia
fez surgir minha dúvida cruel, que até sugiro ao jornalista Ancelmo Gois
complementar em seu comentário:
Onde estava o
eminente advogado Marcelo Cerqueira, em 2012, quando Sérgio Cabral, para conter
uma suposta “greve”, mandou esvaziar a chamada Bangu 1, para lá jogar, de
forma arbitrária e ilegal, duas dezenas de bombeiros e policiais
militares da ativa e mais 3 oficiais superiores PM inativos – que o tempo já provou serem todos mais dignos
e corajosos do que esse reles criminoso “ex-governador” Cabral –, para,
externando sua tamanha indignação, rememorar suas atitudes como defensor de “presos
políticos” ou, ao menos, para contrapor-se à afronta ao ordenamento
jurídico ?
Aduza-se que Márcio
dos Santos Nepomuceno, vulgo Marcinho VP, notório narcotraficante, atualmente
preso na penitenciária federal de Mossoró/RN, declarou recentemente: “Bangu
1 é o pior lugar que já passei no mundo”. Haveria castigo
medieval pior?
Perguntas
simples, mas cumpre acrescentar que a premeditada e vingativa atitude do então
governador Cabral (mas já criminoso) foi tão imoral e tão arbitrária que não
prosperou, dando azo à subsequente anistia. Aliás, também em indecoroso
processo, pois anistiou militares estaduais que nem sequer haviam sido
condenados, para beneficiar de fato os arbitrários delinquentes no poder.
O eminente
advogado Marcelo Cerqueira também poderia comentar a respeito. Se puder.
Nelson HERRERA Ribeiro, Cel PM Ref, advogado e professor
Juntos Somos Fortes!