JORNALISMO INVESTIGATIVO

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quarta-feira, 25 de abril de 2018

PREPOTÊNCIA - PALOMA AMADO



"PREPOTÊNCIA 

✰ Artigo de Paloma Amado

Era 1998, estávamos em Paris, papai já bem doente, participara da Feira do Livro de Paris e recebera o doutoramento na Sorbonne, o que o deixou muito feliz.
De repente, uma imensa crise de saúde se abateu sobre ele, foram muitas noites sem dormir, só mamãe e eu com ele. Uma pequena melhora e fomos tomar o avião da Varig (que saudades) para Salvador.
Mamãe juntou tudo que mais gostavam no apartamento onde não mais voltaria e colocou em malas.
Empurrando a cadeira de rodas de papai, ela o levou para uma sala reservada. E eu, com dois carrinhos, somando mais de 10 malas, entrava na fila da primeira classe. 
Em seguida chegou um casal que eu logo reconheci, era um politico do Sul (não lembro se na época era senador ou governador, já foi tantas vezes os dois que fica dificil lembrar). 
A mulher parecia uma árvore de Natal, cheia de saltos, cordões de ouros e berloques (Calá, com sua graça, diria: o jegue da festa do Bonfim).  
É claro que eu estava de jeans e tênis, absolutamente exausta. De repente, a senhora bate no meu ombro e diz: "Moça, esta fila é da primeira classe, a de turistas é aquela ao fundo."
Me armei de paciência e respondi: "Sim, senhora, eu sei."
Queria ter dito que eu pagara minha passagem enquanto a dela o povo pagara, mas não disse. Ficou por isso.
De repente, o senhor disse à mulher, bem alto para que eu escutasse: "Até parece que vai de mudança, como os retirantes nordestinos".
Eu só sorri. Terminei o check in e fui encontrar meus pais.
Pouco depois bateram à porta, era o casal querendo cumprimentar o escritor. Não mandei a putaquepariu, apesar de desejar fazê-lo. Educadamente disse não.
Hoje, quando vi na tv o Senador dizendo que foi agredido por um repórter, por isso tomou seu gravador, apagou seu chip, eteceteraetal, fiquei muito arretada, me deu uma crise de mariasampaismo e resolvi contar este triste episódio pelo qual passei.
Só eu e o gerente da Varig fomos testemunhas deste episódio, meus pais nunca souberam de nada.
OBS: O SAFADO SE CHAMA ROBERTO REQUIÃO".

Paloma Amado - Psicóloga, filha do escritor Jorge Amado

2 comentários:

  1. Esse Jorge Amado era um chato dum bairrista. Devia ter vivido em Havana. Mas lá nâo ganharia dinheiro, né ? Entendi. Comunista caviar.

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  2. Bem, Senhora Paloma, a senhora teve uma boa oportunidade de agir, mas não agiu, que denominação merece senão COVARDE. Pessoas como você que teve esta oportunidade e nada fez,são CULPADAS pelo atual momento cruel que o povo brasileiro, aquele que não tem uma oportunidade dessa. COVARDE!.

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