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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

CRISE DA SEGURANÇA AQUECE DEBATE SOBRE FIM DA POLÍCIA MILITARIZADA

"O POVO ONLINE 
PROPOSTA 
10/11/2013 
No Congresso, há pelo menos três PECs a favor da unificação das polícias em torno de um sistema civil 
Hébely Rebouças 
hebely@opovo.com.br 
Os números do recentíssimo Anuário Brasileiro de Segurança Pública são alarmantes: 70% dos brasileiros dizem não confiar na Polícia e pelo menos cinco pessoas morrem todos os dias vítimas da instituição que deveria protegê-las. A quantidade de mortos em intervenções policiais é quase cinco vezes maior que a registrada nos Estados Unidos. Tal diagnóstico esquentou ainda mais um debate que ganhou força após os protestos de junho: afinal, é mesmo este o modelo de Polícia que queremos? 
Embora construída para recuperar e garantir direitos civis, a Constituição de 1988 manteve a Polícia Militar como braço das Forças Armadas, que atuam em situações de guerra e encaram seus alvos como inimigos a serem derrotados. Para os críticos ao atual sistema de segurança pública, a ligação com o Exército seria a origem do suposto caráter violento da PM. 
“Não cabe na democracia uma polícia que não está aí para proteger as pessoas, mas para combater o inimigo. Para se ter ideia, o juramento da PM jura obediência à hierarquia, e não o respeito à lei, que deveria estar acima de tudo”, defendeu Givanildo da Silva, líder do movimento nacional pela desmilitarização da PM, com nove comitês no País e perspectiva de ampliação para 18 até o fim do ano. 
Com base nessa tese, pelo menos três propostas de emenda à Constituição (PEC) tramitam no Congresso Nacional para mudar a parte da lei que vincula a PM às Forças Armadas – uma delas de autoria do deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE), que autorizas os governos dos estados a desmilitarizarem a PM e a unificarem suas polícias. Mas, o assunto está longe do consenso. 
“A hierarquia militar ainda é importante. Pôr fim a ela é aumentar o descontrole e até piorar a violação de direitos humanos. Corre-se o risco de perder controle total da instituição, de dar uma sensação de ‘liberou geral”, avalia o ex-secretário da Guarda Municipal de Fortaleza, Arimá Rocha, considerado responsável pelo suposto processo de “militarização” do perfil da Guarda. 
O espelho civil 
Vale ponderar que, se o parâmetro para a desmilitarização for a atuação das polícias civis, corre-se o risco de dar com os burros n’água. Práticas de tortura, violação de direitos e abuso de poder são chagas que atingem também as delegacias e seus agentes desfardados. No Ceará, a situação é grave. Hoje, do total de investigações que em andamento na Controladoria Geral de Disciplina dos órgãos de Segurança, cerca de 30% são contra policiais civis. 
Por quê?"
Juntos Somos Fortes!

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