JORNALISMO INVESTIGATIVO

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segunda-feira, 2 de julho de 2012

JUIZ ALEXANDRE ABRAHÃO, UMA ESPERANÇA


Prezados leitores, bom dia!
JORNAL EXTRA
Casos de Polícia 
Juiz de Bangu revela rotina de uma das varas criminais mais explosivas do Rio

Carolina Heringer
A chegada do juiz Alexandre Abrahão em seu gabinete, na 1ª Vara Criminal de Bangu, é precedida pela entrada de um segurança com fuzil. A cena faz parte da rotina há quatro anos. Há oito em Bangu, "uma usina de criminalidade", perdeu as contas de quantas ameaças recebeu. Abrahão, de 44 anos, sempre atuou em Varas Criminais e Tribunais do Júri, e passou pela Auditoria Militar. No último dia 19 recebeu, da Câmara Municipal do Rio, a medalha Pedro Ernesto. Pelas suas mãos, já passaram processos de traficantes como Fernandinho Beira-Mar e Matemático.
Qual é o perfil de Bangu?
Aqui é um ponto da Zona Oeste muito interessante. Costumo dizer que Bangu é o caldeirão de tudo, uma usina de criminalidade. São 18 presídios e o único local no Grande Rio onde as três facções criminosas do Rio atuam em pé de igualdade.
Quais são os principais crimes julgados aqui na vara?
Minha grande clientela é basicamente por roubo e tráfico. São 70% dos processos por esses dois crimes. Depois, vem receptação e furto. E quase todo dia de julgamento tenho em pauta gente que tentou entrar com drogas nos presídios.
As Unidades de Polícia Pacificadoras aumentaram a criminalidade em Bangu?
Sem dúvida. Com a chegada das UPPs em outras áreas, toda a criminalidade migrou para a Zona Oeste. Já sentimos um aumento no número de roubos e latrocínios (roubos seguidos de morte). Os roubos a transeuntes e saidinhas de banco já cresceram muito aqui.
Há muitos casos de ameaça a testemunhas em Bangu?
Sim. Por isso, há cerca de dois anos, o Tribunal do Júri daqui foi levado para o Centro da cidade. Eram muitas ameaças, e ficava difícil conseguir testemunhas.
E o senhor, já recebeu muitas ameaças?
Já perdi as contas de quantas ameaças recebi e quantos planos para me matar que já foram descobertos. Há quatro anos, o Tribunal de Justiça determinou que eu tivesse segurança 24 horas por dia. Mas não fui eu quem pedi. A minha filha também tem escolta.
Pela sua experiência com o julgamento de policiais, acha que a PM precisa mudar?
Sim, mas para mudar a polícia, é preciso modificar a sociedade. Quando criticam um policial por sua conduta, falam como se fosse um alienígena, mas ele veio dessa sociedade que o condena. É preciso mudar a postura geral.
O senhor já condenou Fernandinho Beira-Mar. O que pode dizer dele?
Pelo que os processos retratavam, o Beira-Mar era muito agressivo, mas, no decorrer dos anos, ele vai se tornando mais empresarial, digamos que evolui.
E sobre o Matemático, que também tinha processos aqui na vara?
Também pelos processos, vejo que o Matemático era frio, cruel mesmo. O que me chama atenção nesses criminosos novos é essa crueldade com a qual agem.
O que de mais chocante o senhor viu na guerra dos caça-níqueis?
O que mais impressiona é a facilidade com a qual esses criminosos matam. Os assassinatos são à luz do dia mesmo. E é criança, deficiente mental, eles não querem nem saber. Apertam o gatilho.
Qual é a maior dificuldade para conseguir combater a criminalidade no Rio?
No tráfico, milícia, ou na máfia dos caça-níqueis, é muito difícil chegar aos "cabeças" dos grupos. Quanto mais poder ganham, mais conseguem se blindar, e é difícil chegar até eles. Pegamos muitos "braços" dos grandes, mas chegar a eles é sempre complicado.
Essa situação é frustrante?
Demais. E eu sempre digo que é a disputa do coelho com o elefante. O coelho é o bandido, que precisa comprar uma arma e não tem burocracia, ele faz isso imediatamente. O estado é o elefante, que tem muito mais recursos e estrutura, mas é tudo tão burocrático que não consegue se movimentar. E aí o coelho voa. 
Juntos Somos Fortes!

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