"RETORNANDO AO TEMA “A relação entre a crise e a desunião na Polícia Militar”
Refiro-me ao
vídeo no qual o Cel PM PAÚL, no dia 11 último, teceu comentários sobre a crise
institucional que vive a nossa Polícia Militar.
Enfatizou ele “o
conjunto de problemas” que seria “fruto da nossa desunião”, aduzindo
que a solução seria “a promoção da união, a tentativa de romper esse
paradigma”. Conclamou, ainda, ao Comandante-geral a “promover reunião
com coronéis mais antigos, com praças inativos, com jovens oficiais, com todos
os níveis hierárquicos”, visando a “buscar ideias” com tal
propósito.
Por certo, são
oportunas, sinceras e necessárias as críticas levantadas.
Sem dúvida, a união
torna-se essencial em todo grupo de semelhantes, até mesmo nos animais. Os
mais antigos chefes que conheci a chamavam “amor corporativo”. Os
nossos recentes “40 da Evaristo” adotaram o lema “Juntos somos
fortes!”
Contudo, nos
últimos tempos, mormente na era cabralina – reconheçamos – tem
deixado saudades.
Já em 2009, as
sucessivas crises, permeadas de ruptura da própria Constituição, da afronta a
leis, da violência a direitos e prerrogativas, culminaram com a precoce
inatividade compulsória dos autodenominados “Coronéis Barbonos”, que,
então constituindo o Alto Comando da PMERJ, tentavam obter melhores condições de trabalho e remuneração
justa ao pessoal.
A esse grupo
pertencia o Cel PAÚL, bem
como o cel gilson pitta lopes,
que aceitou renegar o compromisso comum antes firmado, para aceitar substituir
o probo Cel PM UBIRATAN ÂNGELO,
no cargo de Comandante-geral. Deu no que deu. A história posterior da PM e do nosso Estado está por
todos conhecida. Institucionalizou-se a crise interna, com reflexos na grave
desvalorização pública do policial militar. Agora, a Polícia nem temida é mais nas ruas. E, portanto, abraço a
indignação do Cel PAÚL
no referido vídeo.
Discordo apenas
das palavras em que conclama o atual Comandante-geral (ou qualquer outro), pois
o cargo é político, de provimento por nomeação do governador de plantão,
permeável a cinzentos interesses político-partidários, que se estendem à cúpula
de Comando, ficando nossos chefes manietados no jogo de metas programáticas de
governo ou mesmo absortos em seus interesses pessoais. Exemplo maior: o midiático
“Projeto UPP”, sendo agora amplamente reveladas as falhas estruturais e
os dissimulados interesses eleitoreiros, embora não faltassem continuados
alertas do Cel PAÚL,
culminando com a publicação do seu livro “UPP – uma
farsa eleitoral”.
Será tempo
perdido, a meu ver, tentar reverter interna corporis o tal “paradigma
da desunião”. Toda transformação virá, a meu ver, por fatores externos. Do
mesmo modo que sempre houve as alterações prejudiciais à instituição, impostas
por interesses políticos de breves inquilinos do poder.
Penso que a
única reação possível só poderá brotar da democrática luta política.
Primeiro, elegendo
lídimos representantes da classe, que, por seu passado de honradez, possam
fazer frente aos inimigos da instituição Polícia Militar. Instituindo uma
tribuna permanente pelos que não podem falar. O comentário pode ser extensivo
ao Corpo de Bombeiros Militar, heroica Corporação, nossa coirmã.
Em segundo, criando
leis, dissociadas de eventuais programas de governo ou a eles imunes, as
quais possam atender às clarividentes sugestões elencadas no referido vídeo. E
tantas outras, por exemplo: o estabelecimento de programas de incentivo social
à tropa; a valorização dos veteranos, instituindo a comemoração Dia do
Inativo; a criação de uma espécie de Conselho Consultivo, órgão de
assessoria do Comando Geral, integrado entre outros, por mais antigos coronéis
inativos e por representantes indicados por cada segmento de oficiais e praças;
a obrigatoriedade de planejamento estratégico, por meio de Plano Diretor
Quinquenal, de forma a impedir alterações por governo sucessor; os
mecanismos de meritocracia para incentivo aos bons policiais e maior rigor na reação
aos maus.
Muitas ideias
podem ser obtidas junto às gloriosas PM de Minas Gerais e Brigada Militar
gaúcha, exemplos sadios de amor corporativo, embora nelas convivam os mesmos
erros comuns a todo agrupamento humano; os procedimentos é que são
diferenciados. Há a prevalência de amor corporativo.
No nosso caso,
por origens históricas da própria formação da PMERJ – razão primária, a meu ver, que nos conduziu ao
denominado “paradigma de desunião” –, não creio em soluções endógenas,
que dependam da lucidez administrativa ou das boas intenções de nossos
Comandantes, que, por sua nomeação política, estarão sempre vinculados a
interesses oportunos de cada governo.
Por clara
obviedade, a instituição Polícia Militar deve ser suprapartidária e
eminentemente profissional, acima do interesse eleitoral de governantes, imune
a críticas de “policiólogos” de suspeitos matizes ideológicos, devendo
manter seu foco em diretrizes técnicas de emprego operacional de “polícia
ostensiva” e de “preservação da ordem pública”, sua
precípua missão. Até que se crie nova ordem constitucional.
Mas tudo
principia na eleição de representantes confiáveis, em meio à desmoralizada
classe política atual, chafurdada na lama de interesses não-republicanos, caldo
de cultura de nossos problemas internos, já que os coronéis, nossa cúpula de
Comando, estarão sempre vinculados a essa realidade corrompida. Ou por ela alijados,
impedidos de agir. Veja-se o exemplo dos “Coronéis Barbonos” – nem que desejassem, puderam atuar em prol da
melhoria da instituição.
Modestamente, já
fiz recente manifesto público, como porta-voz do grupo de amigos meus civis,
lançando a pré-candidatura, independentemente do requisito legal de filiação
partidária, dos Subten BM
VALDELEI DUARTE, para Deputado Federal, e do Cel PM PAULO RICARDO PAÚL, para Deputado Estadual.
Ambos, em sua vida militar e pessoal, sempre trouxeram consigo a honradez, o
idealismo e o destemor. Dessa luta poderão advir diplomas legais em que se
embasem diretrizes que acarretarão as mudanças necessárias. Poderá surgir o
respaldo sincero da maioria dos bombeiros e policiais militares, externado por
suas respectivas associações. Claro que se constitui longa e permanente luta. Mas
urge dar o primeiro da caminhada de mil passos!
Chegou a hora
de mudar!
Tudo depende,
porém, da indicação partidária desses companheiros e da aceitação pela maioria
do nosso pessoal, traduzida pelo esforço de cada um em multiplicar votos de
apoio, fazendo prosélitos junto a parentes e amigos. A conferir.
Se não
conseguirmos, permaneceremos a conviver com sucessivas crises, e, na ampliação
de desvios de comportamento, com muitas outras “festas”, descobertas em
ocasionais escândalos públicos, para maior desmoralização de nossas centenárias
instituições militares estaduais, ao deleite dos inimigos da Ordem Democrática,
os nossos esquerdopatas tupiniquins.
Não se trata de
nenhuma teoria da conspiração. Esses fatos, quase sempre muito bem
orquestrados, trazem implicações bem acima da nossa vã filosofia. Quem viver
verá.
Nelson HERRERA Ribeiro, Cel PM Ref,
advogado e professor"
Juntos Somos Fortes!
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