"TRIBUNA DA IMPRENSA
Meu relato do que presenciei no dia 15/10, no bairro da Glória, Rio de Janeiro
Yuri Sanson
Estava voltando para casa, tinha levado uma amiga paulista na rodoviária e não fui a manifestação alguma. Peguei o metrô de volta, as estações estavam fechadas. O audio do trem dizia: “Devido as manifestações favor não saiam em tais estações.”
Parei na mais próxima de casa. Descendo da estação, “alguém” jogou uma bomba de gás lacrimogênio na saída do metrô. Os seguranças então fecharam as saídas.
O gás insuportável, e as saídas fechadas, dezenas de trabalhadores, estudantes, e etcs querendo sair e chorando sangue pelos olhos. Eu disse para um segurança “Você está louco? Abram as saídas seus malucos! Não podemos ficar aqui dentro assim!”
Depois de muita discussão, abriram uma das saídas.
Andei até a minha rua na Glória, aproximadamente 12 quadras de onde era a manifestação dos professores no Dia dos Professores por melhor qualidade da educação e essas coisas que todos sabem.
Chegando na minha rua, tudo pacífico: crianças em bombonieres, velhos jogando cartas nos bancos, famílias e casais comendo frango assado, tomando suco de groselha ou bebendo cerveja.
Fui subindo minha rua, quando de repente surgem Robocops (policiais vestidos com armaduras dos pés à cabeça) uns 15, descendo a rua.
Eu olho com espanto, enquanto eles começam a atirar com armas, projéteis de gás lacrimogênio, balas de borracha e … pedras (sim! pedras) a esmo!
Sem acreditar eu paro estupefato olhando aquilo! Fico encoberto da fumaça cinza/branca/azul (o que é isso?) enquanto uma senhora, dona de uma bomboniere (a qual não tenho menor simpatia pois certa vez não me quis vender um refrigerante por me faltar apenas 5 centavos) me puxa para dentro do seu estabelecimento e fecha o portão de ferro.
Sem enxergar nada e com lágrimas escorrendo, ela entorna vinagre no meu rosto “Isso vai te fazer melhor”. Fico tonto, quase desmaio, não acredito no que acontece. Procuro meditar, respirar — em vão!
“Preciso sair daqui!” – grito. E esmurro as paredes até que ela levanta o portão. Então vou me arrastando até em casa.
Quando começo a conseguir enxergar novamente, vejo que minha pele está ardendo, estou queimado! Que gás é esse?
No caminho uma senhora no chão passando mal. Tento ajudá-la, uma pessoa a leva para casa.
Me enchi de tanta raiva que por um minuto ou dois pensei não em ser black bloc mas em entrar na Al Qaeda.E tenho certeza que esse sentimento não passa/passou apenas na cabeça apenas de jovens negros das favelas ou de playboys comunistas retardados. Há senhoras e senhores que também estão indignados com as arbitrariedades do Estado.
O ódio gera mais ódio, a ação mais reação. Segunda-feira foram presas pessoas que estavam apenas andando na rua no “lugar errado e na hora errada”.
Se existe uma conspiração secreta para acabar com a instituição da Polícia Militar, ela está funcionando. E vale lembrar que Lindberg Farias candidato ao governo do RJ, tem um projeto pelo fim da PM (PEC 51/13)".
Juntos Somos Fortes!
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