Baseado em fatos reais, faço vertiginosas ficções...
Uma incursão da Polícia Militar em uma comunidade limítrofe à Avenida Brasil, incontáveis tiros de fuzis, três cidadãos mortos, eis o contexto que fez com que todos abrissem os olhos para uma realidade que a população do Rio de Janeiro conhece há anos, ou seja, o fato dos governos não demonstrarem capacidade para pelo menos controlar a criminalidade violenta, garantindo um mínimo de segurança.
Fato é que governo após governo o fracasso na gestão da segurança pública é cada vez maior e a população está cada dia mais insegura.
A responsabilidade pelo fracasso permeia os poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e ainda, o Ministério Público Estaduais, sendo que o Executivo e o Legislativo carregam a grande parcela dessa responsabilidade.
A maior parcela de culpa é fácil de explicar.
Embora a gestão da segurança pública seja uma atribuição do Executivo, poder que cabe o estabelecimento da política estadual de segurança pública e a escolha e a nomeação do Secretário Estadual de Segurança, a quem cabe a escolha do Comandante Geral da Polícia Militar e o Chefe da Polícia Civil a serem nomeados pelo Governador, isso não ocorre no Rio de Janeiro há décadas.
Maus políticos do Legislativo Federal e Estadual (Deputados) e dos Executivos Municipais (Prefeitos), principalmente, ao longo do tempo têm indicado (escolhido) Secretários de Segurança, Comandantes Gerais, Chefes da Polícia Civil, Comandantes de Batalhões da PMERJ, Delegados das Unidades da PCERJ, entre outros cargos.
Estão matando a meritocracia.
Se não bastasse esse absurdo escolhem seus apadrinhados para serem promovidos.
Estão matando ainda mais a meritocracia.
O resultado dessas ações só poderia ser o caos administrativo e operacional que assistimos nas Instituições Policiais.
Agindo assim governo após governo destruíram todos os valores institucionais.
Nesse ponto por questão de justiça deve ser esclarecido que muitos Policiai Militares e Policiais Civis de todo o espectro da hierarquia se aproximam dos maus políticos para obterem vantagens, o que reforça o poder político de ingerência.
É uma simbiose.
Uma relação ganha ganha, maus políticos e maus policiais.
Perde a população.
Perdem os verdadeiros Policiais Militares e Policiais Civis.
Mas para os maus políticos e maus policiais a solução é simples: deu um problema, troca o Secretário de Segurança ou o Comandante Geral ou o Chefe da Polícia Civil ou o Comandante do Batalhão ou o Delegado.
Cortam as cabeças embaixo para protegerem as suas, assim nunca enfrentam o carrasco e a guilhotina.
Hoje a criminalidade venceu todo o aparato da segurança pública fluminense, eis a verdade.
Os culpados?
Os maus políticos e os maus Policiais Militares e Civis.
Por derradeiro, óbvio que esse quadro favorece muito a prática de desvios de conduta (corrupção, por exemplo) e o crescimento de toda modalidade criminosa, desde o furto de celulares até o tráfico internacional de armas e drogas.
Transformaram o Rio de Janeiro no próprio Inferno, onde padece a população, refém do mau instalado.
E a solução?
Maus políticos tirem agora as mãos das nossas gloriosas instituições policiais, sem a vossa presença nelas, quem sabe em dez ou vinte anos, os bons policiais consigam reverter essa tragédia.
Paulo Ricardo Paúl
Coronel de Polícia Reformado