Prezados leitores, transcrevemos a seguir um excelente artigo publicado no Panorama Tricolor e que foi indicado por um dos nossos leitores.
Boa leitura.
"FlaPress: 90 dias (por Paulo-Roberto Andel)
07/03/2014
Paulo-Roberto Andel
Lá se foram três meses.
Noventa dias.
Nunca a amnésia coletiva tinha sido tão forte na história da imprensa esportiva do Brasil, particularmente o eixo Rio-SP, maior da América Latina.
Sucedeu que o domingo de 8 de dezembro do ano passado foi um dia histórico no lapso de centenas de profissionais da informação jornalística, todos acostumados a tratar dezenas de dados diariamente.
A história todo mundo já sabe: o lateral André Santos, suspenso e com vasta divulgação midiática, entrou irregularmente em campo na partida contra o Cruzeiro, na véspera. Por isso, o Flamengo foi ao desespero, inclusive com escândalo no vestiário devidamente abafado por quem tinha a obrigação de informar. Com certeza, Pelaipe não estava fazendo palestra de auto-ajuda no intervalo.
Rádios, TVs, jornais. Ninguém lembrou do óbvio.
Uma coincidência do tamanho da Mega-Sena da Virada.
A fanfarronice do sábado, uma vez divulgada, seria o assunto reinante em todo o país, uma vez que mexeria com a tabela na zona de rebaixamento.
Ninguém lembrou.
Então, Fluminense e Vasco, a caminho da forca, foram para as batalhas finais.
Incrivelmente, o gol de Samuel garantiu a vitória contra o Bahia na Fonte Nova lotada, a minutos do fim. Mas as cabeças estavam baixas: não era suficiente para a salvação. Ou melhor, era mas ninguém sabia. Ninguém na imprensa lembrou do problema fatal de André Santos.
No Sul, em circunstâncias estranhíssimas, o Vasco voltou a uma partida completamente sem condições de segurança. Acabou goleado. Claro que o extracampo afetou.
Quem cairia com o gol de Samuel seria o Flamengo, pela óbvia afronta à lei e a punição certa no STJD.
Mas não é que a Portuguesa cometeu o mesmo erro e escalou um jogador irregular?
E salvou o Flamengo sem querer. Suicidou-se no caso Heverton. Ah, Lusa kamikaze. Tudo pelo Império do Sol.
Imagine se, na sua rua, num intervalo de 22 horas, duas pessoas caem do oitavo andar do mesmo prédio e caem em cima da mesma árvore, desabam no chão e saem andando sem qualquer sequela. Na rodada 38 do Brasileiro 2013 isso foi fichinha.
O resto? Goleada evidente no STJD. O Flu massacrado criminosamente pela imprensa marrom, a honesta Lusa tungada… e o Flamengo?
Ninguém da imprensa lembrou que era o principal interessado no imbróglio. Deu até livro, dos bons.
Os dias foram passando, o óbvio ficou cada vez mais óbvio e o assunto minguou.
Com certeza, não foi para proteger o Fluminense, nem o Vasco.
Ida à CAS ou verborragia na Justiça Comum são atos para desfocar a visão periférica da questão.
O procurador Senise calou-se.
Alguém lembrou ao Juca para não entrevistar o Papai Noel: “Vai dar merda!”
Os frenéticos Mauro Cezar e Antero, outrora agressivos e quase em cólera, tornaram-se tranquilos ursinhos panda na savana.
Com certeza não foi para proteger o Fluminense. Nem o Vasco.
Um conhecido editor de esportes que costuma ridicularizar leitores no Twitter sobre o tema é, sim, o mesmo que, por coincidência, responde por quem lá suprimiu trecho de uma coluna lindíssima, onde se pedia (com justiça e delicadamente) que o Fluminense tivesse a mesma consideração que o time mais protegido a respeito de conquistas mundiais – no mesmo site, um afetadérrimo colunista discorda com veemência. Frenesi!
Depois de 90 dias, o silêncio da imprensa sobre o rol de coincidências permanece. Mas tem uma falha arterial grave: não estamos no AI-5, então existe através da internet a possibilidade de contraditórios. E de réplica.
Um dos editores do PANORAMA é descendente de judeus e árabes. Garantia de memória de elefante e que, pelo menos, nos próximos 600 anos, o caso Flamenguesa não sairá da pauta.
Até que provem que os suicidas fracassados das árvores cabem em outra realidade que não a de Saramandaia.
A última? Boni e Zico pré-campeões do Carnaval.
Mega-Sena da Virada à Canindé? Show do Milhão? Você decide.
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Juntos Somos Fortes!