Eu, meu pai e meu avô paterno não perdíamos os jogos do Fluminense Football Club nos finais de semana, isso nos diversos estádios que eram utilizados na distante década de setenta, mas com o Maracanã sempre como palco principal.
Nós chegávamos antes para assistir a preliminar.
O time de aspirantes.
As arquibancadas de cimento, a geral, a entrada em fileira das bandeiras de cada torcida tricolor, uma por vez, organizadas, a nuvem branca, o cachorro-quente lançado com uma precisão impressionante pelo vendedor e o dinheiro passando de mão em mão até o pagamento da dívida, e o mate.
No banco os reservas, o técnico, o médico, o massagista e, confesso não ter encontrado na memória a certeza, o preparador físico.
Hoje o futebol é outro, o Maracanã é outro, existem diversas divisões de base e a comissão técnica possui mais integrantes que um time de futebol.
As arbitragens? Sempre foram discutíveis, mas agora até as interpretações após o uso da tecnologia são polêmicas.
Não gosto de dirigentes de clubes e não gosto de empresários de jogadores.
Não ligo para a opinião dos especialistas que não conseguem esconder suas predileções.
Gosto do jogo, do jogo real, não do jogo interpretado por terceiros, gosto do jogo que eu vejo e que analiso com a minha experiência de mais de cinquenta anos.
Baseado nessa vivência pessoal concluo que o amado Fluminense não está descendo a ladeira, não está abandonando o futebol encantador, apenas está vivenciando fatos circunstanciais que já afetaram, que afetam e que afetarão times de futebol de todo planeta.
É fato que temos um elenco limitado, a conta do chá, mas que nos permite montar um onze muito competitivo, como aconteceu recentemente, porém as peças de reposição (reservas) na sua maioria estão muito abaixo dos titulares, eis outro fato.
Não gosto de dirigentes e não gosto de empresários.
Gosto de técnicos que não sejam o centro das atenções, aqueles que dominam diferentes estratégias e que as aplicam com a flexibilidade que a surpresa exige, afinal ela é uma vantagem decisiva.
O Fernando Diniz, por exemplo, começou assim, mas a mídia o colocou como o renovador e passamos a ouvir: o Fluminense do Fernando Diniz joga o futebol mais bonito do Brasil!
Isso foi ruim para o Fluminense e para ele que ficou engessado aplicando sempre a mesma estratégia, o que tornou a alegada renovação em algo previsível e anulável.
Ao longo desse período de encantamento o time foi perdendo titulares e tendo que buscar no banco as soluções, só que elas não estavam disponíveis.
Isso tudo é circunstancial.
Diniz deve estar fazendo uma autoanálise com o apoio da numerosa comissão técnica e os titulares irão retornar, enquanto não voltam que a tal comissão tenha a capacidade de entender quem tem condições de jogar ou não no Fluminense, abandonando a insistência com jogadores que estatisticamente não dão retorno e que sempre aparecem nas quatro linhas, uma teimosia burra.
Não gosto de dirigentes e não gosto de empresários.
O Fluminense vive.
É eterno!
Saudações tricolores!
Paulo Ricardo Paúl
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