Prezados leitores, transcrevemos duas matérias publicadas pelo jornal O Globo dias depois do assassinato da juíza Patrícia Acioli.
1) "JORNAL O GLOBO
Dois dias antes de execução de juíza Patrícia Acioli, policial civil denunciou existência de plano à PF
Ana Cláudia Costa, Antônio Werneck, Sérgio Ramalho e Vera Araújo.
15/08/2011 0:00 / ATUALIZADO 03/11/2011 16:48
RIO - As ameaças de morte à juíza Patrícia Acioli não eram um segredo. Dois dias antes do assassinato da magistrada - que aconteceu na última quinta-feira, quando ela chegava em sua casa, em Piratininga, na região oceânica de Niterói -, um policial civil da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) esteve na Polícia Federal para informar que havia um plano para executar a juíza, considerada linha-dura nos julgamentos contra PMs da banda podre de São Gonçalo. A própria Patrícia esteve, na semana anterior ao crime, na sede da Corregedoria da Polícia Militar, onde teria contado que estava sendo ameaçada por policiais do 7º BPM (São Gonçalo) e do 12º BPM (Niterói). O Disque-Denúncia recebeu, em 2009, duas informações de que ela corria risco. Na época, as denúncias foram repassadas para a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco). Patrícia foi morta na noite da última quinta-feira, na porta de sua casa, em Niterói, com 21 tiros.
Já uma informação recebida na segunda-feira pelo Disque-Denúncia (2253-1177) indica quatro detentos do presídio Ary Franco, em Água Santa, como os mandantes do assassinato da juíza. De acordo com o texto, presos da galeria C, ligados à exploração de máquinas de caça-níqueis em Niterói, São Gonçalo e Maricá, teriam planejado o crime. A denúncia ressalta ainda que o grupo teria como novos alvos um juiz federal de Niterói e o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que presidiu a CPI das Milícias e divulgou o informe. O crime, segundo a denúncia, teria sido executado por dois bombeiros e por PMs do 7º BPM e do 12º BPM (Niterói). Até a noite de segunda-feira, o Disque-Denúcia recebeu 87 informações sobre o crime. Churrasco teria comemorado morte.
O teor da denúncia foi encaminhado aos setores de inteligência da Secretaria de Segurança, da Assembleia Legislativa (Alerj), do Tribunal de Justiça, do Tribunal Regional Federal, da PM e da Polícia Civil. Procurado pelo GLOBO, o juiz não foi localizado para comentar o suposto plano. Já o deputado Marcelo Freixo confirmou ter recebido uma cópia do documento, que cita a intenção do bando de usar até bazuca nos ataques:
- Esse é um assunto muito sério e o estado precisa atuar firmemente para evitar a repetição do que aconteceu com a juíza Patrícia Acioli. Sempre ouvi que esses bandos não teriam coragem para matar um juiz, mas isso aconteceu. É preciso tirar um aprendizado desse episódio lamentável em nome da memória de Patrícia - disse Freixo.
Na segunda-feira, na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, uma audiência de réus acusados de extermínio foi adiada. Esta semana, outras quatro audiências estavam na pauta da juíza, todas contra grupos de extermínio.
Um manifesto silencioso reuniu na segunda-feira cerca de 50 pessoas usando mordaças pretas em frente ao Fórum de São Gonçalo, onde trabalhava a juíza. O ato foi promovido pela ONG Rio de Paz, que estendeu cartazes com a pergunta: "Quem silenciou a Justiça?" (Leia mais)".
2) "JORNAL O GLOBO
Juíza executada prendia PMs e tinha relações perigosas com policiais
Chico Otavio
13/08/2011 0:00 / ATUALIZADO 03/11/2011 16:56
RIO - Em depoimento no dia 25 de março de 2011, a juíza Patrícia Acioli, assassinada na madrugada de sexta-feira quando chegava em casa, em Niterói, contou à Corregedoria Interna da Polícia Militar que o principal motivo do fim do relacionamento com o cabo da PM Marcelo Poubel Araújo, com quem "viveu maritalmente" por cinco anos, foi a ingerência do militar nos processos que ela julgava sobre "autos de resistência" - execuções sumárias camufladas pelos policiais após troca de tiros. Ela declarou que Poubel "defendia os colegas de farda".
O depoimento faz parte da sindicância aberta na 2ª Delegacia de Polícia Judiciária, subordinada à corregedoria, para apurar as suspeitas de agressão corporal, invasão de domicílio e ameaça de morte praticadas pelo cabo Poubel, no dia 2 de fevereiro, contra a juíza e o então namorado, o inspetor penitenciário Dayvid Eduardo Nunes Martins. Ele teria entrado na casa da juíza, em Piratininga, e surpreendido os dois no quarto (Fonte)".
Juntos Somos Fortes!
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