Prezados leitores, a revelação dos resultados de um inquérito policial sobre a morte de uma criança em uma comunidade carente, fato ocorrido durante um confronto entre criminosos e policiais no Complexo do Alemão, causou revolta em algumas pessoas pelo fato de nenhum Policial Militar ter sido indiciado, efeito reproduzido pela grande mídia.
O posicionamento contrário às investigações oriundo dos familiares deve ser entendido como natural, pois é uma dor sem igual perder um filho, sobretudo em virtude da violência.
Excetuando a família, salvo melhor juízo, os contrários aos resultados estão a um passo da hipocrisia.
É de domínio público a situação vivenciada nas comunidades carentes do Rio de Janeiro, ou seja, que elas são dominadas por milicianos ou traficantes, inclusive as ocupadas por Unidades de Polícia Pacificadora.
Quem sendo morador do Rio de Janeiro pode alegar que desconhece essa realidade?
Ninguém pode negar.
Quem sendo morador do Rio de Janeiro desconhece que os Policiais Militares e Civis quando ingressam nessas comunidades carentes são confrontados pelos criminosos?
Quem sendo morador do Rio de Janeiro desconhece os resultados desses confrontos?
Todos sabem que resultam em mortos e feridos.
Policiais Militares e Policiais Civis feridos e mortos.
Criminosos feridos e mortos.
Moradores feridos e mortos.
Isso ocorre todo dia em várias comunidades, episódios próprios de uma guerra que são noticiados pela mídia (rádio, televisão, jornais e revistas).
Eis a nossa realidade nas comunidades carentes, ninguém pode negar.
Só hipócritas negam que isso seja o cotidiano das comunidades.
Quem deixou que os criminosos se estabelecessem nas comunidades carentes?
Os governos eleitos pela população.
Quem permitiu que os criminosos tivessem acesso ao armamento usado em guerras (fuzis, granadas, ...)?
Os governos eleitos pela população.
Quem determina que se realize operações policiais nas comunidades carentes sabendo que ocorrerão confrontos e que resultarão em feridos e mortos?
Os governos eleitos pela população.
Quem são os culpados?
Os governantes e nós (população) que os elegemos,
Colocar a culpa no policial que cumprindo ordens, arrisca a própria vida, pela morte da criança ocorrida no Complexo do Alemão é pura covardia.
Uma sórdida covardia.
Nenhum policial do mundo está preparado para participar das operações que são realizadas nas comunidades carentes do Rio de Janeiro, sendo que a maioria dos policiais do mundo civilizado se negaria a adentrar em tais comunidades, isso nas condições atuais.
Não enganem a população alegando que falta um melhor preparo para os policiais.
O que ocorre nos morros do Rio de Janeiro são ações de guerra e não ações de polícia.
Aprendam,
Esse é o parâmetro correto.
Em uma guerra a morte de civis não é desejada, mas é inevitável, como a realidade que vivemos no Rio de Janeiro comprova.
Enquanto nós (população) continuarmos elegendo os governantes que temos eleito, a realidade não mudará no Rio de Janeiro.
Não foi o primeiro morador de uma comunidade carente que foi morto durante um confronto entre criminosos e policiais.
Infelizmente, vários outros serão mortos.
A culpa pela morte não é do Policial Militar que atirou, nem da Polícia Militar e muito menos do Policial Civil (Delegado) que conduziu as investigações.
A culpa é nossa (população) que permitimos tudo isso sem mover um dedo para mudar a realidade.
Nós, fingindo não saber de nada, culpamos o PM para tirar a culpa dos nossos ombros.
Hipócritas, fingimos, que não existe uma guerra em curso no Rio de Janeiro.
Nós sabemos que hoje outra criança pode morrer durante um novo confronto, mas nos calamos e, hipócritas, fingimos que nada disso está acontecendo até que a nova morte ocorra, momento que saímos em busca de culpados.
Somos uma sociedade hipócrita.
Prezados leitores, se o destino nos colocasse nesse momento na cadeira do Secretário de Segurança , nosso primeiro ato seria proibir as operações nas comunidades carentes e, para ser coerente, extinguiríamos todas as Unidades de Polícia Pacificadora, usando todo o efetivo para policiar as ruas do Rio de Janeiro.
Nós seríamos tão hipócritas quanto a população e fingiríamos que as comunidades carentes não estão dominadas por traficantes e por milicianos, todos portando armas de guerra.
Ignoraríamos a guerra.
Isso não seria o certo, muito pelo contrário, mas atenderia o mundo real.
Policiais Militares e Civis não seriam mais feridos e mortos nessas comunidades.
E, quando morresse alguém, adulto ou criança, durante um confronto entre traficantes de facções diferentes ou entre traficantes e milicianos, pelo menos a culpa não seria do Policial Militar ou Policial Civil, que hoje cumpre ordens e participa de operações de guerra nessas comunidades carentes, matando e morrendo.
A Anistia Internacional (AI) só poderia reclamar que as comunidades estão infestadas de criminosos e que o governo não faz nada, o que diante da relação custo-benefício é quase nada diante do que acontece atualmente, quando a AI só levanta a voz para acusar policiais.
A mesma Anistia Internacional que que teve ciência que Policiais Militares foram presos ilegalmente em Bangu 1, em razão da luta por melhores salários e por melhores condições de trabalho (inclusive melhor formação) e nada fez em defesa deles.
Calou-se.
Hipocrisia é a regra.
A melhor polícia para uma sociedade hipócrita é uma polícia hipócrita, uma que finge que a guerra não existe.
Juntos Somos Fortes!