JORNALISMO INVESTIGATIVO

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quinta-feira, 10 de maio de 2012

A POLÍCIA MILITAR DO RIO DE JANEIRO AJOELHADA DIANTE DO PODER POLÍTICO

No Rio de Janeiro, nos anos de 2007 e 2008, surgiu por parte dos Policiais Militares e dos Bombeiros Militares, uma nova forma de protesto, a qual foi consolidada com o passar do tempo, contra os baixos salários e as péssimas condições de trabalho: a realização de atos públicos nas ruas, todos ordeiros e pacíficos, verdadeiros exercícios de cidadania. Na época lideraram essas mobilizações os Coronéis Barbonos (PMERJ) e os 40 da Evaristo (PMERJ + CBMERJ), movimentos que embora fossem centrados na questão salarial, tinham um objetivo muito maior, impedir que a Polícia Militar continuasse sendo subjugada politicamente e, consequentemente, perdesse os seus valores institucionais. A luta daqueles idealistas ainda ainda não acabou. Enquanto existir pelo menos um deles lutando, ainda não teremos sido derrotados por completo. Apesar dessa verdade, em termos de deter a submissão ao poder político, sofremos uma fragorosa derrota, considerando que nos nossos tristes dias a PMERJ está inteiramente submissa ao poder político. Isso é uma verdade.
Na verdade, a submissão ao poder político começou na década de oitenta, quanto o tão esperado comando geral próprio, que nos salvaria das amarras atávicas com o Exército Brasileiro, começou a nos atirar no colo dos políticos, que foram conquistando espaços aos poucos na gestão institucional e que hoje nos colocam sempre de joelhos diante deles. O que parecia a solução para os nossos problemas , virou uma condenação à total escravidão.
Quem são os culpados pelo fim do amor corporativo, do idealismo, do destemor e das ações destinadas ao interesse público?
Todos nós, Policiais Militares ativos e inativos, Oficiais e Praças.
Todos nós, mas com parcelas diferentes de responsabilidade, sendo os que atingiram o posto máximo, Coronel PM, os principais responsáveis.
Como permitimos que essa tragédia acontecesse?
Simples, a Polícia Militar, como qualquer instuição pública ou empresa privada, promove um processo ensino-aprendizagem com os seus integrantes, todos ávidos por crescer pessoal e corporativamente. A Polícia Militar, ao longo dessas décadas, por meio dos seus mandatários (Coronéis PM), tem ensinado aos seus subordinados e cada vez com mais ênfase, que quem se amolda ao padrão da subserviência política prospera. É promovido, ganha comando e gratificações. Além disso, ganha a blindagem política quando erra, uma proteação que avança na direção das Corregedorias, do Ministério Público e do Poder Judiciário. Em contrapartida, ensina que quem se coloca em defesa dos interesses institucionais e contra os interesses políticos, não avança na PMERJ e sofre represálias. É exonerado, inativado compulsoriamente, não comanda, não recebe gratificações, não é promovido e ainda, sofre punições. É indiciado em inquéritos e submetido a conselhos de justificação (conselho de disciplina e comissão de revisão disciplinar, no caso dos Praças). Tudo isso é construído ao longo de um processo de ensino-aprendizagem, que moldou ao longo do tempo e continuará moldando, Tenentes, Capitães e Majores, que ao alcançarem o último posto da corporação, terão aprendido interna corporis a não se oporem ao poder político, não vale a pena. 
A completa submissão atual da PMERJ ao poder político foi ensinada e aprendida dentro dos nossos quartéis. Isso é uma verdade.
Nos dias atuais fica fácil entender como Coronéis PM de primeira linha como Príncipe, Siciliano e Roberto, permaneceram tanto por tanto tempo sem função de comando. Eles não interessam ao processo, eles ensinam errado, ensinam a defender os valores policiais militares.
Os Barbonos e os 40 da Evaristo foram péssimos professores, não mereciam destino melhor que o encarceramento na Penitenciária Bangu 1, como ocorreu no dia 10 FEV 2012. Escrevo isso pois quando fui colocado na solitária da penitenciária, que nem vaso sanitário tinha (boi), considerei que estavam lá comigo todos e todas que ao longo desses cinco anos lutaram para tentar salvar a Polícia Militar do triste destino que a alcançou.
Caro leitor, vinte anos atrás, se um político tivesse a ousadia de dizer que pretendia vender o Quartel General da PMERJ, o berço de todas as Polícias Militares do Brasil, ele nem seria ouvido, não haveria qualquer eco. Hoje, vender o Quartel General, o histórico Quartel dos Barbonos, passou a ser ideia genial, afinal o QG é um prédio velho, cheio de problemas de infra-estrutura. No passado, ninguém aceitaria a facilitação das provas do concurso para o Curso de Formação de Soldados, permitindo a entrada de milhares de novos Soldados, apenas para atender interesses políticos (UPPs), pois isso condenou a todos os PMs, principalmente os inativos, a receberem salários piores ainda por décadas.
O que mudou?
O alinhamento dos olhos.
Os que pensam como eu, em pé, olham os políticos olho no olho. Os que pensam que o QG é um  prédio velho, precisam erguer a cabeça, voltar o olhar cima para poderem enxergar os olhos políticos que nos destroem.
Na avaliação do sistema, eu fui um mal professor, como Coronel Barbono, mas para azar do sistema, também fui um péssimo aluno, pois não aprendi a me ajoelhar diante de homens.
Não existem culpados, existem bons e maus alunos e professores.
Juntos Somos Fortes!

7 comentários:

  1. Perfeito, Cel Paúl! Diria ainda que existem muitos "maus alunos" nessa bisecular Corporação; contudo nem todos usam as mesmas armas que o sr. Cada qual, os resistentes, na sua esfera de pensamento e atribuição, ainda consegue dar sobrevida à PMERJ. E creia, é só por esse motivo que ela ainda não sucumbiu e foi extinta.

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  2. INFELIZMENTE TENHO QUE CONCORDAR COM O SENHOR, A POLICIA MILITAR COMO A CONHECIAMOS ACABOU.SÓ ESPERO O MEU TEMPO PRÁ IR EMBORA (REFORMA) !!!

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  3. Os Coronéis Barbonos precisavam pelo menos se reunir para tentar fazer renascer o Movimento. Não digo os "40 da Evaristo", que estão na ativa e se complicariam em vista de retaliações. A AME/RJ seria um bom lugar para que os ilustres Coronéis Barbonos iniciem a discussão do futuro da PMERJ, tendo a AME/RJ como trincheira. Não se trata de se postar contra esse ou aquele oficial da ativa ou comandante-geral, ou contra esse ou aquele governante, mas de instituir uma razão de viver e de lutar pela instituição PMERJ traçando objetivos a serem alcançados por vias políticas e/ou judiciais. Sem a reunião física, torna-se tudo virtual e prevalece o desânimo. Os Coronéis Barbonos e os "40 da Evaristo" deixaram uma marca positiva, afirmo isto em artigo recente postado no meu blog, no qual reclamo da desunião e da falta de identidade da PMERJ. Excluindo o traidor, os outros permanecem respeitáveis e merecedores do crédito de muitos oficiais que anseiam salvar a PMERJ dos casuísmos. É muito chato constatar o desânimo externado pelo sargento PM, que só pensa reformar e sumir do mapa. Pior é que esse desânimo é generalizado e não deveria ser assim. Continue a sua luta porque, inversamente ao que muitos podem pensar, você não está só e está se tornando uma bandeira a ser empunhada por todos. O seu sacrifício não pode ser em vão e não o será.
    Forte abraço e minha solidariedade.

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  4. O DISCURSO É LINDO E INFLAMADO DE APAENTE AMOR E DEDICAÇÃO A CAUSA INSTITUCIONAL. SE NÃO FOSSE PELO AUTOR DO TEXTO EU ATÉ CHORARIA. CARO CEL. PAUL O SENHOR QUANDO NA ATIVA E COMANDAVA A CORREGEDORIA INTERNA DA PMERJ, NA ÉPOCA DO DESGOVERNADOR GAROTINHO FEZ MUITAS COVARDIAS E INJUSTIÇAS A CENTENAS DE PRAÇA -SOMENTE A PRAÇAS. NA ÉPOCA O DESGOVERNADOR CRIOU UMA FRASE IMPACTANTE "ACABAR COM A BANDA POBRE". CONCORDO QUE MAUS POLICIAIS DEVEM SER AFASTADOS E PUNIDOS EXEMPLARMENTE. MAS NESTE PROCESSO O SENHOR COMETEU VÁRIAS IRREGULARIDADES E INJUSTIÇAS PARA GARANTIR A SUA GRATIFICAÇÃO.NÃO TENHO PROVAS MATERIAIS QUE COMPROVEM ESTAS AFIRMAÇÕES MAS CONHEÇO VÁRIOS POLICIAIS QUE LHE CONHECE E SABEM MUITO BEM O QUE O SENHOR FAZIA EM "BEM DA JUSTIÇA". INFELIZMENT O PASSADO DOS BARBONOS NÃO É TÃO BRILHANTE E GLORIOSO COMO O SENHOR DIZ.

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  5. Grato pelos comentários e pelo apoio.
    A volta dos Coronéis Barbonos seria uma vitória, aliás, só nos critica quem desconhece a história ou pertence a "banda podre" da PMERJ.
    Eu não fui Corregedor no governo Garotinho.
    Juntos Somos Fortes!

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  6. Paúl, muito obrigada pelas palavras que você tem coragem de dizer.

    Eu, covardemente, fico caladinha.

    Muito obrigada!

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  7. Paúl diz:

    Caro leitor, vinte anos atrás, se um político tivesse a ousadia de dizer que pretendia vender o Quartel General da PMERJ, o berço de todas as Polícias Militares do Brasil, ele nem seria ouvido, não haveria qualquer eco. Hoje, vender o Quartel General, o histórico Quartel dos Barbonos, passou a ser ideia genial, afinal o QG é um prédio velho, cheio de problemas de infra-estrutura. No passado, ninguém aceitaria a facilitação das provas do concurso para o Curso de Formação de Soldados, permitindo a entrada de milhares de novos Soldados, apenas para atender interesses políticos (UPPs), pois isso condenou a todos os PMs, principalmente os inativos, a receberem salários piores ainda por décadas.
    O que mudou?
    O alinhamento dos olhos.
    Os que pensam como eu, em pé, olham os políticos olho no olho. Os que pensam que o QG é um prédio velho, precisam erguer a cabeça, voltar o olhar cima para poderem enxergar os olhos políticos que nos destroem.
    Na avaliação do sistema, eu fui um mal professor, como Coronel Barbono, mas para azar do sistema, também fui um péssimo aluno, pois não aprendi a me ajoelhar diante de homens.
    Não existem culpados, existem bons e maus alunos e professores.
    Juntos Somos Fortes!
    Postado por Paulo Ricardo Paúl às 09:38


    Paúl, muito obrigada por suas palavras.

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