Prezados leitores, o que não falta no mundo são as pessoas que defendem teorias de grandes conspirações. A internet reúne milhões de artigos e de vídeos sobre as mais variadas teorias sobre a dominação dos povos, por exemplo, por grupos que estariam por trás de tudo que ocorre no mundo.
Não discordarmos, nem concordarmos com qualquer uma dessas teorias, pois não conhecemos nenhuma delas com a profundidade que nos permita uma avaliação fundamentada.
Apesar dessas verdades, não resistimos e fazemos as nossas ilações aqui e ali, como se construíssemos as nossas próprias teorias conspiratórias, mas solicitamos que considerem tais observações como obras de ficção, algo como que diante de fatos reais, estamos fazendo vertiginosas ficções.
A nossa preferida é a existente entre o governo Sérgio Cabral e parte da imprensa.
Ratificamos, não nos levem à sério, mas tirem as suas conclusões.
O primeiro governo Sérgio Cabral teve uma única bandeira que ele pudesse usar para tentar a reeleição no ano de 2010: as Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs.
Isso é fato, saúde, educação, transportes, tudo ia de mal a pior.
Parte da imprensa transformou as UPPs em tema obrigatório. Emissoras de televisão, emissoras de rádio, revistas e jornais destacavam a grande vitória da "pacificação", inclusive com transmissões ao vivo, como a invasão do Complexo do Alemão, onde algumas casas desabaram nessas últimas chuvas.
Só se falava em UPPs e só se falava bem, ninguém ousava levantar na imprensa uma voz contra o único projeto que poderia levar o governador a um novo mandato.
A internet era o único local onde alguns eram apontados os inúmeros aspectos negativos das UPPs, a começar pelo nosso espaço democrático.
Respeitosamente, a imprensa criou até um "garoto propaganda" oficial das UPPs, o secretário de segurança. Ninguém deu mais entrevistas do que ele no Rio de Janeiro. Ele estava frequentemente nas UPPs instaladas, frequentava bailes de debutantes, festas natalinas, eventos esportivos, etc. Logo foi consagrado como o homem do ano.
O governo por sua vez investia milhões e milhões em propaganda governamental na imprensa.
O governador foi reeleito.
Novo mandato e diante da proximidade das eleições, mais uma vez um dilema, Cabral só tem uma bandeira para tentar eleger seu sucessor, o vice Pezão: as UPPs.
O resto continua indo de mal a pior: saúde, educação, transportes, etc.
Só que dessa vez, as UPPs também começaram a apresentar problemas. Não são mais perfeitas. Primeiro a mídia teve que começar a tratar dos aspectos negativos, olha que são muitos, como a transferência de traficantes das UPPs para outros bairros e municípios, citando um exemplo. Internamente, casos de corrupção e de violência policial começaram a ser noticiados. A crise se instalou no projeto e se agravou com o desaparecimento do senhor Amarildo, morador da "pacificada" Rocinha.
A única bandeira está esfarrapada, eis a verdade.
O "Fora Cabral" esteve, está e estará presente em qualquer protesto no Rio e, por mais incrível que pareça, em outros estados, algo nunca visto: um governador ser alvo de protestos fora do estado que governa.
Cabral alcança os maiores índices de rejeição entre os governadores do Brasil, sendo o quarto pior, isso entre vinte e sete governadores. Uma tragédia para a vida política.
O seu candidato patina com menos de 5% das intenções de voto entre os candidatos ao governo do Rio de Janeiro. Pior, Garotinho, tido como maior inimigo político de Cabral, lidera as pesquisas.
O quadro é terminal, o governo está com infecção generalizada, não tem salvação.
Será que não tem?
E se repetirem o que deu certo, antes revivendo o lado dom das UPPs e escondendo o lado ruim?
Quem acompanha o noticiário deve ter percebido que o "Caso Amarildo" sumiu da imprensa. O caso ficou colado no governador, Cabral não conseguiu se soltar. As UPPs foram coladas nele pela imprensa e o reelegeram. Se Amarildo continuar colado em Cabral, Pezão está frito. Amarildo sumiu pela segunda vez. A primeira da Rocinha e a segunda da imprensa.
Isso é um sinal.
Como são sinais as grandes reportagens feitas pelos jornais, como O Globo e O Dia sobre as UPPs, destacando os aspectos positivos e tocando em alguns negativos. Ninguém pode negar, as matérias foram boas para o governo.
Outro sinal evidente é a volta das entrevistas com o secretário de segurança, entrevistas longas, páginas inteiras, onde os aspectos positivos das UPPs são destacados. O jornal O Globo publica uma entrevistacom ele na edição dessa sexta-feira, dia 13 de dezembro de 2013.
O leitor mais atento dessas entrevistas percebe que começaram a direcionar alguns insucessos das UPPs para problemas do passado, como a ocupação desordenada das comunidades, o que dificulta a ação dos PMs das UPPs. Jogar a culpa no passado é outra tática do atual governo, mas parece que o povo não está mais entrando de gaiato nessa história, como demonstraram os protestos realizados por moradores de regiões que estão sofrendo com as inundações.
Salvo melhor juízo, a imprensa solidária ao governo está tentando salvar o projeto de implantação das UPPs, enaltecendo novamente Beltrame e enterrando Amarildo, antes do corpo ser encontrado.
Hoje é sexta-feira 13, não levem à sério a nossa teoria conspiratória.
Isso é ficção, como nos famosos filmes da série.
Aliás, observe novamente o cartaz do filme que ilustra esse artigo, atente para o título.
Juntos Somos Fortes!
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