Eu considero a charge de Alex Ponciano a melhor representação do cotidiano nas UPPs.
É a síntese da realidade.
A implantação das UPPs completa cinco anos e um comportamento em termos de imprensa se tornou recorrente nesse período: a diferença de leitura dos fatos entre a imprensa do Rio de Janeiro e a imprensa de São Paulo.
Em muitos momentos, enquanto a quase totalidade da imprensa do Rio glorificava as UPPs, surgia na Folha de São Paulo e no Estadão uma matéria tratando dos efeitos negativos do projeto, algo que não acontecia no Rio, onde só os fatores positivos eram evidenciados.
No Rio a imprensa chegou a festejar em letras garrafais as ocupações sem que fosse disparo um único tiro, quando na verdade isso só ocorria porque o governo avisava antes de ocupar e os traficantes se transferiam tranquilamente para outros bairros e outros municípios.
A imprensa exaltava um erro absurdo, como sendo um acerto.
A seguir transcrevemos uma parte de outra excelente reportagem da Folha de São Paulo, assinada por Ítalo Nogueira e Marco Antonio Martins, jornalistas do primeiro time no Brasil.
Ela destaca que o projeto trouxe ganhos, isso é verdade, mas não cumpriu a promessa do governador.
Nesse sentido solicitamos que assistam o vídeo de parte de uma sabatina do governador Sérgio Cabral, ocorrida na campanha eleitoral de 2010. É imperdível. A distância entre a promessa e a realidade é muito grande.
FOLHA DE SÃO PAULO
Após 5 anos, UPP reduz homicídios, mas contraria promessa
ÍTALO NOGUEIRA
]MARCO ANTÔNIO MARTINS
O projeto das UPPs completa cinco anos com redução de homicídios nas favelas ocupadas, mas com promessa eleitoral descumprida.
Bandeira da campanha da reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB), o programa entra em ano eleitoral como marca e vidraça na disputa ao Palácio Guanabara.
Acabar com o controle armado em todas as favelas até 2014 era promessa de Cabral. O governo agora planeja anunciar a instalação das unidades até 2020.
Inaugurada em dezembro de 2008, a UPP Dona Marta (zona sul) lançou a política que se tornou bandeira da primeira gestão de Cabral.
Após a instalação de 36 UPPs, o Estado registrou queda de 65% nos homicídios em 22 das favelas atendidas pelo programa --nas demais não é possível tal comparação.
Mas algumas unidades sofreram neste ano ataques de traficantes armados, mesmo em áreas que não eram mais consideradas problemáticas, como Chapéu Mangueira e Pavão Pavãozinho (zona sul).
Apesar das denúncias de moradores, a coordenação das UPPs nega os problemas.
Na sabatina da Folha/UOL, em agosto de 2010, ao ser questionado sobre quando a favela da Rocinha seria pacificada --o que só ocorreu em 2012--, o peemedebista fez o compromisso.
"Não posso dizer se vai ser no mês tal do ano que vem. Posso garantir que termino o meu governo com todas as comunidades pacificadas. Quando eu digo todas... Todas que estiverem controladas...", disse ele.
As UPPs seguem concentradas na capital, nas zonas sul, norte e centro. Conflitos entre facções têm ocorrido em favelas como Serrinha (zona norte) e Covanca (zona oeste). Criminosos têm atuado até em áreas com UPP, como a Rocinha e Vila Cruzeiro (Leia mais e assista o vídeo).
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