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sábado, 3 de junho de 2017

WHY NOT ? - SOCIÓLOGA MARIA LUCIA VICTOR BARBOSA

Prezados leitores, publicamos um novo artigo da socióloga Maria Lucia Victor Barbosa.


WHY NOT

Maria Lucia Victor Barbosa
02/06/2017

Why not? Porque não? Se um jovem estudante dissesse: “quero progredir na vida, me esforçar, me tornar competente e, assim, (why not) por que não estudar fora em busca de excelência?” Quem não admiraria esse moço exemplar? Ele seria um marco em sua geração e acalentaria em quem o conhecesse sonhos de um futuro Brasil melhor.
Entretanto, quando um sócio em iniquidades do anterior governo conduzido por Lula da Silva, como Joesley Batista, batiza seu iate de dez milhões de dólares com o nome de Why Not tudo muda de significado. Pode ser entendido como: “por que não roubar o povo brasileiro levando grosso dinheiro das instituições públicas?” “Por que não, se assim me foi facilitado como no caso do BNDES quando o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, me abriu as portas do poder e das facilidades, inclusive, liberando para mim e para meu irmão Wesley 8,1 bilhões de reais? ”  “Por que não mostrar que contas no exterior irrigavam as campanhas do PT se eu sabia muito bem disto e agora resolvi contar tudo porque estou certo de que vou ficar livre, leve e solto?”  “Porque não, [i]durante uma década, alimentei não só com carne, mas com um riquíssimo propinoduto os cofres do PT, enquanto nossas empresas se agigantavam maravilhosamente? “Por que não usufruir de “negócios” com o amigo presidente Lula e a presidente Rousseff, que lhes renderam para gastos em campanha 150 Dilma Rousseff, milhões de reais?”  “Por que não comprar, se posso, juízes, promotores e os mais vendáveis, os numerosos políticos, se tenho todos aos meus pés?”
Joesley disse isso e muito mais em depoimentos e vídeos que foram comentados em alguns órgãos da imprensa. Porém, em uma gravação que não havia sido autorizada pela Justiça e cheia de lacunas, o ex-modesto dono de um frigorífico se tornou o rei dos delatores e um mestre em armadilhas políticas, pois atingiu o presidente da República, Michel Temer, o qual cometeu o erro de receber no palácio o influente magnata do crime em conluio com altas autoridades.
Toda delação, a meu ver, tem que ser corroborada por provas materiais e não só pelo que é dito, para que não se torne uma caça às bruxas. Se Temer está sendo acusado com base na gravação de Joesley, que tenha o direito de defesa.
Dilma Rousseff foi julgada durante meses com amplo direito de defesa. Porque a pressa em afastar Temer? Por que a coincidência da gravação ter sido feita antes de Lula ser condenado ou não pelo juiz Moro e eventualmente isso ser confirmado pelo Tribunal Federal Regional da 4ª Região, de segunda instância? O Supremo havia decidido que condenados em segunda instância podem ser presos, perigo para Lula que podia também cair na ficha limpa e se tornar inelegível.  Por que, então, será que o ministro Gilmar Mendes resolveu voltar atrás e dizer que nem em segunda instância um criminoso pode ser preso? E se Temer ainda não foi julgado, por que o PT se empenha tanto nas eleições diretas ou diretas do Lula, uma jogada desesperada para eleger seu líder? Não importa que se para isso se tenha que rasgar de novo a Constituição.
Evidentemente, Joesley e Wesley não foram os únicos corruptos na fase em que o governo petista institucionalizou a corrupção. Mas o que choca também nessa história é o tratamento diferenciado dado aos irmãos Batista se comparado com o de outros envolvidos que colaboraram com a Justiça e foram julgados pelo juiz Sérgio Moro. De um modo ou de outro eles estão cumprindo suas penas.
Os donos da J&F tiveram os termos de sua delação defendidos pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, e homologados pelo ministro Fachin. Sob as bênçãos da Justiça foram continuar a gozar a vida nos Estados Unidos completamente livres.
Nenhuma filigrana jurídica fará a sociedade entender a absolvição sem nenhuma penitência dos irmãos Joesley e Wesley, que nem tornozeleiras eletrônicas precisarão usar. Desse modo, ficou a sensação de uma tremenda incerteza jurídica, a certeza de que o crime compensa, com exceção da Lava jato do juiz Moro e de que no Brasil o why not escrito no luxuosíssimo iate corresponde a outras frases famosas, como: “levar vantagem em tudo”. Pagando bem, que mal tem”.  “Aos amigos tudo, aos inimigos a lei”.         
Isso faz parte de um caldo de cultura que dificilmente vai mudar no país e que permeia todas as classes sociais. Afinal, não é o povo que elege os que intercambiam lucros com espertos e mafiosos gangsteres? Sem nenhum pudor todos continuarão a perguntar de modo cínico e imoral: “why not? Por que não? ”
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.


Juntos Somos Fortes!

3 comentários:

  1. Não sou anti este ou aquele político, bem como desconheço o que significa, politicamente, esquerda ou direita.
    Para quem pensa no bem-estar da sociedade, se importa com o bem-estar da sociedade como um todo e, não só com o seu próprio bem-estar, ou só com o bem-estar do seu grupo, ou só com o bem-estar do seu político favorito.
    A constituição vive sendo rasgada a todo instante:
    1. Políticos e demais autoridades que recebem salários acima do teto constitucional, via penduricalhos, não tem amparo constitucional;
    2. Políticos corruptos, não têm amparo constitucional para roubar;
    3. Presídios VIP para presos políticos e empresários corruptos e presídio FAVELA para presos pobres, não têm amparo constitucional;
    4. Presos pobres que apodressem na cadeia por falta de dinheiro para pagar um advogado, ou que NÃO tiveram suas penas confirmadas em última estância (STF), são fatos que não têm amparo constitucional;
    5. Transformar o foro privilegiado uma carta branca para roubar o dinheiro público e se protegem de tais ilícitos, não tem amparo constitucional;
    6. Os políticos usarem seus cargos para tirar proveito próprio, não têm amparo constitucional;
    7. O pior de tudo – os bons brasileiros que querem que todos os políticos corruptos e todas as autoridades corruptas sejam banidas da vida pública, não têm amparo constitucional, muito menos apoio político para criarem uma lei para esta finalidade.

    Se existe alguém injustiçado neste país, este alguém se chama cidadão de bem, que trabalha honestamente e paga seus impostos em dia, independente de ser patrão ou empregado.

    Vivemos sob o regime do “QUEM PODE MAIS, CHORA MENOS” e isto não é democrático, nem constitucional e muito menos racional.

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  2. Que defesa sem vergonha do Temer faz essa senhora.Why?

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  3. O PGR em conluio com o Min Fachin (o indicado de Iolanda Rousseff) estão pavimentando um golpe na CRFB 88, e poucos estão se dando conta disso. Se o chefão criminoso vier pelas "diretas já" podem esquecer o Brasil... seremos a "nova venezuela"!

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