JORNALISMO INVESTIGATIVO

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segunda-feira, 23 de outubro de 2017

A CAMINHO DO BREJO - CORA RÓNAI

Prezados leitores, transcrevo coluna da Cora Ronái publicada no O Globo, na qual o tema da inércia do povo que tanto tenho tratado é abordado. 



"A caminho do brejo
A sociedade dá de ombros, vencida pela inércia
Cora Ronái
Um país não vai para o brejo de um momento para o outro — como se viesse andando na estradinha, qual vaca, cruzasse uma cancela e, de repente, saísse do barro firme e embrenhasse pela lama. Um país vai para o brejo aos poucos, construindo a sua desgraça ponto por ponto, um tanto de corrupção aqui, um tanto de demagogia ali, safadeza e impunidade de mãos dadas. Há sinais constantes de perigo, há abundantes evidências de crime por toda a parte, mas a sociedade dá de ombros, vencida pela inércia e pela audácia dos canalhas. 
Aquelas alegres viagens do então governador Sérgio Cabral, por exemplo, aquele constante ir e vir de helicópteros. Aquela paixão do Lula pelos jatinhos. Aquelas comitivas imensas da Dilma, hospedando-se em hotéis de luxo. Aquele aeroporto do Aécio, tão bem localizado. Aqueles jantares do Cunha. Aqueles planos de saúde, aqueles auxílios moradia, aqueles carros oficiais. Aquelas frotas sempre renovadas, sem que se saiba direito o que acontece com as antigas. Aqueles votos secretos. Aquelas verbas para “exercício do mandato”. Aquelas obras que não acabam nunca. Aqueles estádios da Copa. Aqueles superfaturamentos. 
Aquelas residências oficiais. Aquelas ajudas de custo. Aquelas aposentadorias. Aquelas vigas da perimetral. Aquelas diretorias da Petrobras. 
A lista não acaba. 
Um país vai para o brejo quando políticos lutam por cargos em secretarias e ministérios não porque tenham qualquer relação com a área, mas porque secretarias e ministérios têm verbas — e isso é noticiado como fato corriqueiro da vida pública. 
Um país vai para o brejo quando representantes do povo deixam de ser povo assim que são eleitos, quando se criam castas intocáveis no serviço público, quando esses brâmanes acreditam que não precisam prestar contas a ninguém — e isso é aceito como normal por todo mundo. 
Um país vai para o brejo quando as suas escolas e os seus hospitais públicos são igualmente ruins, e quando os seus cidadãos perdem a segurança para andar nas ruas, seja por medo de bandido, seja por medo de polícia. 
Um país vai para o brejo quando não protege os seus cidadãos, não paga aos seus servidores, esfola quem tem contracheque e dá isenção fiscal a quem não precisa. Um país vai para o brejo quando os seus poderosos têm direito a foro privilegiado. 
Um país vai para o brejo quando se divide, e quando os seus habitantes passam a se odiar uns aos outros; um país vai para o brejo quando despenca nos índices de educação, mas a sua população nem repara porque está muito ocupada se ofendendo mutuamente nas redes sociais. (Leiam mais)". 

Juntos Somos Fortes!

Um comentário:

  1. Texto muito pertinente e oportuno! Afinal; que país é esse? Que povo é esse? Que psicologia e mentalidade é essa? Que alheiamento de tudo que não seja seus medíocres interesses é esse? Que inércia é essa? Que "fatalismo" é esse? Será que esse povo vive feliz tendo um barraco no tijolo sem reboco, vivendo de 70,00 de bolsa familia, vivendo de "rolos", muambas, gaiolas de passarinho nas mãos, vagabundando pelas portas dos amigos ou bares , falando só de futebol, programas de tv, bebedeiras, carnaval, etc. Parece um bando de gado que se diverte em vagar dentro da mata da fazenda! Um povo que pode o mundo estar sendo destruído e ele está alheio até morrer sem ver nem entender o que está acontecendo! Como trazer esse pivo à consciência?; como acordá-lo? Como tocá-lo e lhe dazer sensível? Como lhe despertar interesses mais amplos ?

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