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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O ESCÂNDALO DO BRASILEIRÃO: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA FAZ DURAS CRÍTICAS À IMPRENSA



Prezados leitores, recebemos de um leitor um artigo do Observatório da Imprensa sobre o "Escândalo do Brasileirão". 
O artigo não aborda os principais indícios da existência de uma fraude, mas pode significar a abertura de uma nova frente de luta.
Sugerimos que acessem o artigo e que comentem (Link), acrescentando os indícios que não foram abordados.

"OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
FEITOS&DESFEITAS
6 de fevereiro de 2014
CASO PORTUGUESA
As evidências do MP e a imprensa esportiva
Por Pedro Eduardo Portilho de Nader 
em 04/02/2014 na edição 784 
Ainda sobre a escalação irregular, pela Portuguesa, de jogador suspenso na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2013: recentemente, no dia 22/1, o Ministério Público de São Paulo informou ter averiguado que há evidências de que “a Portuguesa sabia” que o jogador estava suspenso. 
Naquele dia e no dia seguinte a imprensa noticiou essa informação do MP. Cabe ressaltar a maneira tímida e discreta como a imprensa mencionou a notícia. Foi um claro contraste com o alarde e a exaltação com que os jornalistas esportivos trataram o assunto durante semanas antes, quando, sobretudo ao longo de dezembro, defenderam vigorosamente a Portuguesa, tratando-a como vítima, e atacaram furiosamente aqueles entendiam que o clube merecia punição. 
A timidez e a discrição da imprensa esportiva agora foram tamanhas que o público não foi esclarecido sobre as “evidências”. 
O óbvio ululante 
No entanto, a evidência principal apareceu ampla e repetidamente na própria imprensa ainda na primeira quinzena de dezembro. Logo após ser descoberta (e denunciada na Justiça Desportiva) a irregularidade referente ao jogador suspenso, a imprensa correu, como seria normal e correto fazer, para saber o que os representantes da Portuguesa tinham a dizer sobre o assunto. Desta maneira, a imprensa informou ao público que a Portuguesa alegava que o seu então advogado, presente no julgamento do STJD, não tinha avisado o clube que o jogador estava suspenso por duas partidas; assim, segundo sucessivos representantes do clube – a começar pelo seu presidente –, a Portuguesa tinha sido avisada sobre a suspensão do jogador por apenas uma partida. O que denota, inequivocamente, que a Portuguesa sabia que o jogador estava suspenso por uma (aquela) partida. Ela não saberia que a suspensão se estendia também a uma segunda partida, a primeira que vier a ser disputada em 2014 em torneio organizado pela mesma entidade, a CBF. 
Portanto, já em dezembro, logo no início quando a descoberta e denúncia do caso foram feitas, a imprensa divulgou amplamente a principal evidência. Apesar disso, os jornalistas esportivos preferiram ignorar essa evidência, clara e contundente, e repetiram freneticamente que a Portuguesa não sabia que o jogador estava suspenso. Nem agora, com o Ministério Público informando sobre evidências contrárias, a imprensa esportiva descobriu o que ela mesma tinha noticiado. 
Então, não é apenas que, agora, o MP de São Paulo descobriu que a Portuguesa sabia sobre a suspensão; mais do que isso, que a Portuguesa sabia é óbvio e ululante desde logo no início. Os jornalistas esportivos, com vontade de se enganarem, não viram o óbvio e ululante, a evidência clara e contundente. Ao invés de se restringirem, ponderadamente, a entender a notícia, os jornalistas, romanticamente e imbuídos de fervor, “desentenderam” e contrariaram a realidade evidente. Por isso, a imprensa esportiva foi obrigada à timidez e discrição quando o MP paulista apontou a existência de evidências que contrariam os discursos despropositados dos jornalistas. 
Discursos e inverdades 
Que “a Portuguesa não sabia que o jogador estava suspenso” é apenas uma de várias inverdades ditas e repetidas exaustivamente pela imprensa nesse caso. O extremo desserviço dos jornalistas esportivos continua incólume. Primeiro, a imprensa publicou o que o MP de São Paulo anunciou, mas não explicou ao público que a evidência principal era sempre evidente à luz do que a própria imprensa publicou em dezembro. Além disso, a imprensa permanece omissa em desfazer as outras inverdades com que ela tentou se enganar e enganar o público. 
Os tangarás, os cucos e os chupins da imprensa esportiva mandaram as evidências, os escrúpulos e as verdades (não necessariamente nessa ordem) às favas. No entanto, um conjunto de inverdades mal ajuntadas e repetidas freneticamente não deixa de ser tão somente um monte de inverdades reunidas e repisadas. “A Portuguesa não agiu com má-fé e não houve dolo porque não sabia da suspensão, a partida não valia nada e o clube se pautou pelo boletim da CBF. Além disso, o jogador não interferiu no resultado e a punição de perda de quatro pontos é desproporcional, mas, se for para ser aplicada, devia ser aplicada apenas no próximo campeonato e a punição faria sentido se o jogador fosse um Enéias (grande jogador da Portuguesa nos anos 70 e 80) ou um Dener, não um ‘jogador qualquer’, afinal”. Os discursos dos jornalistas esportivos primam pelas inverdades e pela inversão da realidade. 
É preciso desfazer toda a inversão cometida pela imprensa: a Portuguesa sabia, sim, da suspensão, a partida valia pelo menos triplamente para a Portuguesa (pequena possibilidade de rebaixamento, prêmio em dinheiro dado pela CBF e, mais importante, a Portuguesa queria vaga na Sul-Americana, o que ela poderia obter caso vencesse aquela partida), além de valer para outros clubes, a Portuguesa não se pautou pelo BID da CBF naquela rodada pelo mesmo motivo que nem ela nem nenhum outro clube antes, ao longo de cada uma das rodadas no ano inteiro, não se pautou pelo boletim da CBF (se a Portuguesa, ou qualquer outro clube, tivesse se pautado antes pelo boletim o problema já deveria necessariamente ter ocorrido antes). Além disso, a partir do momento em que o jogador entrou em campo, a presença (ou não) dele em determinado lugar a cada momento interfere na partida (por exemplo, os jornalistas que alegaram o contrário não podem garantir que a presença dele em determinado lugar não impediu que uma jogada terminasse em gol do time adversário); se a presença do jogador não foi decisiva a favor da Portuguesa, o fracasso no resultado pretendido com a fraude não suspende, não anula, não cancela a fraude (os jornalistas não percebem isso?). 
Mais ainda: se o jogador tivesse interferido de forma mais direta e decisiva, por exemplo, marcando um gol que daria a vitória à Portuguesa na partida que terminou empatada, então a punição a ser aplicada seria a perda de seis pontos, e não de apenas quatro pontos como efetivamente ocorreu; deste modo, a perda de pontos tal como ocorrida foi, sim, proporcional (os jornalistas esportivos que defenderam que houve desproporcionalidade sabiam disso, mas preferiram ignorar para melhor se enganarem). Nesse caso, haveria desproporcionalidade se o clube fosse punido com a perda de mais de quatro pontos. Ainda, haveria desproporcionalidade se o clube perdesse menos de quatro pontos. Ao contrário do que os jornalistas esportivos não se cansaram de esbravejar, a perda de quatro pontos foi proporcional. Desproporcionais no caso foram os discursos imponderados e as inverdades dos jornalistas. Boa fé punida só a do respeitável (mas não respeitado) público, que se tentou ludibriar pela repetição lamentável de inverdades grosseiras. 
Opção nada desprezível 
Que falta de credibilidade dessa imprensa. A desfaçatez é tamanha que à medida que suas inverdades venham eventualmente a serem publicamente desfeitas e as verdades venham a aparecer, esses jornalistas esportivos dirão que “da mesma maneira” que antes defenderam as inverdades “agora” se posicionam contra aquelas mesmas inverdades. “Da mesma maneira”? Foi exatamente o que já ocorreu quando um desses profissionais da imprensa esportiva foi comentar a notícia sobre as evidências do MP de que a Portuguesa sabia que o jogador estava suspenso: “da mesma maneira” (foi a expressão que ele usou) que antes ele tinha sido contra a punição à Portuguesa “agora” ele defende que, se a Portuguesa sabia, então ela deve ser punida. A única coisa que continua “da mesma maneira” é que ele e seus colegas não reconhecem que as evidências já eram óbvias e ululantes de que a Portuguesa sabia, que a partida valia, etc., e que essas evidências já eram públicas em dezembro. 
O que cabe ao respeitável público no futuro? Me lembrei de quando, alguns anos atrás, houve greve dos jornalistas na Itália e uma rodada do Campeonato Italiano teve partida televisionada “apenas” com som ambiente do estádio, sem narrador, sem comentarista e sem repórter: o telespectador teve a oportunidade de experimentar uma opção nada desprezível. Felizmente, imprensa esportiva não é importante como serviços médicos e de saúde, educação, serviços públicos essenciais como transporte, saneamento etc". 
* Pedro Eduardo Portilho de Nader é doutor em Filosofia, Campinas, SP 

#flalusagate 

Juntos Somos Fortes!

O ESCÂNDALO DO BRASILEIRÃO: SOBRE FATOS, VERSÕES E HIPÓTESES - MARCOS GOMES



Prezados leitores, um novo texto do nosso leitor Marcos Gomes, novamente, muito esclarecedor.


"O Escândalo do Brasileirão - Sobre Fatos, Versões e Hipóteses 
Nesse momento em que aumentam as suspeitas de que a escalação indevida de Heverton tenha sido proposital, começam a surgir versões e hipóteses para isentar a Lusa e o principal beneficiado pelo erro - o Flamengo. Em artigo anterior publicado neste blog, eu havia apontado para uma das regras de ouro de uma boa investigação: verificar quem ganhou o que com o crime (http://blogcoronelpaul.blogspot.com.br/2014/01/o-escandalo-do-brasileirao-quem-ganhou.html). 
No presente artigo, gostaria de desenvolver outro aspecto de uma investigação isenta, a saber, a necessidade de diferenciar o que é fato do que é versão. Somente com isso pode-se construir hipóteses mais confiáveis. Embora em princípio possa parecer fácil separar um fato de sua versão, nem sempre é assim. Para início de conversa, se você não presenciou um acontecimento, ou não tem provas inquestionáveis de que ele ocorreu, você nunca terá um fato em suas mãos. Assim, quando você abre um jornal, o que lhe é apresentado ali como fatos, na verdade são apenas versões deles. Veja que isso não é necessariamente um problema, desde que você possa confiar em quem lhe traz a versão. Vou dar um exemplo. 
Imagine a situação de Seu Manuel, um sexagenário casado com Penélope, uma louraça 30 anos mais nova que ele. Ele está todo feliz porque acabou de nascer-lhe um filho. Até que um dia Joaquim, um grande amigo de infância, lhe diz que a criança é do padeiro Paulão. Transtornado, Seu Manuel vai tirar satisfações com a esposa. Aos prantos, Penélope lhe diz que isso é vingança do amigo, que inventou a calúnia porque ela não cedeu às suas investidas. Seu Manuel tem então diante de si um dilema, com alguns, fatos, versões e hipóteses:
Fato 1: Seu Manuel teve relações com sua esposa e ela engravidou, mas não sabe se é o pai.
Fato 2: Paulão é tido como o garanhão do bairro e adora mulheres casadas.
Hipótese 1: Penélope é honesta.
Hipótese 2: a louraça o trai com Paulão.
Se confia plenamente em Penélope, Seu Manuel vai simplesmente aceitar a versão da esposa e terminará sua amizade de longos anos com Joaquim. Já se confia mais no amigo, pedirá um exame do DNA da criança, arriscando-se a que a mulher fique ofendida e peça o divórcio. Veja que o teste apenas lhe trará um novo fato: a criança é ou não sua. Mas esse fato ainda não lhe garantirá que sua mulher não o tenha traído com o padeiro. Sendo assim, ou Seu Manuel contrata um detetive particular para reunir mais fatos e tirar sua dúvida, ou terá de escolher entre a versão da esposa e a de Joaquim, baseado unicamente na confiança que tem neles. 
Voltemos então ao caso "FLALUSAGATE". Se estamos investigando a hipótese de que tenha ocorrido uma maracutaia na 38ª rodada do Brasileirão 2013, então devemos nos ater apenas a fatos concretos que estejam comprovados, ou versões de gente muito confiável e isenta. Obviamente as versões dos próprios suspeitos (Fla e Lusa estão entre eles) e afins (no caso a Imprensa) não se prestam a isso.
Vamos então a alguns fatos e versões sobre o caso: 
1- Sobre o julgamento de 06/12
No dia 03/12, a Portuguesa recebeu um e-mail do STJD intimando-a a participar da sessão de 06/12 (6ª feira). Na pauta, o julgamento de Heverton. O jogador tinha sido denunciado pelo procurador por ofensa à honra do árbitro no jogo contra o Bahia (artigo 243-F do CBJD), infração sobre a qual geralmente recai uma pena de 4 jogos. A estratégia da defesa nesses casos é buscar a absolvição ou o reenquadramento da infração no artigo 258, que garante uma pena mais branda (em geral 2 jogos). Até aqui apenas fatos, sobre os quais todos concordam.
Agora começam as hipóteses.
Se alguém planejou comprar a Lusa antes do julgamento de Heverton, precisava que ele fosse condenado, não é mesmo? Para isso, era necessário cooptar o Dr. Osvaldo Sestário, advogado que havia anos defendia a Lusa. Era preciso que ele intencionalmente fizesse uma defesa ruim ou simplesmente faltasse à sessão. Se assim fosse, o natural seria que os auditores acatassem o enquadramento do atleta no artigo 243-F, conforme pedido pelo procurador. Isso implicaria Heverton pegar 4 partidas de gancho, o que atenderia ao esquema engendrado. Mas ele pegou só dois jogos de suspensão. Logo, ou Sestário fez uma boa defesa, pondo em risco um plano do qual necessariamente teria de fazer parte, ou os auditores optaram por conta própria pelo reenquadramento que resultou numa pena menor, o que é possível, mas não provável. E se Sestário fez uma boa defesa, será que não era possível que a pena fosse ainda menor? Se isso acontecesse, Heverton estaria livre para jogar no domingo e o esquema morreria ainda no berço.
Bastam esses argumentos para indicar que é frágil a hipótese de que alguém tenha decidido comprar a Lusa antes do julgamento de Heverton, mas vamos voltar a isso adiante. 
2- Sobre o treinamento, a concentração e a escalação de Heverton:
Estranhamente sobre essas questões, tão fáceis de ser apuradas, não existe nenhum fato comprovado, apenas versões.
Uma versão publicada no site Lusanews, supostamente às 18:48 de 07/12, diz que Heverton tinha condições de jogo, participou do treinamento de sábado e que na sequência se concentrou junto com a equipe (http://lusanews.com.br/2013/12/07/em-clima-de-despedida-portuguesa-realiza-ultimo-treinamento-do-ano/#comments ). Mais uma vez, os incautos se apressam em concluir que a decisão de escalar Heverton era anterior à noite de sábado, quando o rubro-negro pisou no tomate. Vamos então a fatos, que se não desmentem essa versão, pelo menos a põe em dúvida:
Primeiramente, dá para confiar plenamente na versão da Lusanews? Já foi provado neste mesmo blog que não. Há suspeitas de que o parágrafo que fala sobre a liberação de Heverton tenha sido acrescentado após o jogo do Flamengo. Por sinal, o referido texto está ausente num clipping emitido pelo site Siga Futebol, feito poucos minutos após a publicação inicial da Lusanews (http://blogcoronelpaul.blogspot.com.br/2014/01/o-escandalo-do-brasileirao-um-pequeno.html ). Também há registro de que houve edição no texto original em momento posterior à partida do Fla (http://blogcoronelpaul.blogspot.com.br/2014/01/o-escandalo-do-brasileirao-resposta-do.html).
Entretanto, mesmo que a Lusanews consiga provar que o parágrafo suspeito tenha sido publicado antes do jogo do Flamengo, isso só mostrará que a equipe do site estava desinformada sobre a condenação de Heverton na véspera. Não quer dizer que a diretoria da Lusa não soubesse do fato. Vejam que a reportagem da Lusanews não diz qual era a fonte de sua informação.
Outro ponto importante é que, ainda que Heverton tenha treinado e se concentrado no sábado, isso não prova que ele já estivesse escalado desde então. De fato, é comum que jogadores suspensos treinem para compor o time reserva e até se concentrem junto com os colegas. Isso é mais frequente ainda quando o jogo acontece em casa, pois não implica custos expressivos com deslocamento e hospedagem. Em geral se faz isso para não premiar com folgas atletas suspensos, o que seria um incentivo para que eles as provoquem. Então, se Heverton se concentrou junto com os companheiros, isso pode ser considerado um fato normal. A questão da concentração só se tornará importante se futuramente for descoberto que ele seguiu para a mesma depois dos outros. Isso sim seria um fato suspeito!
Mas a pergunta mais importante não foi feita ainda: quando o técnico Guto Ferreira definiu a escalação? Uma vez que ele só era obrigado a fazê-lo apenas 45 minutos antes da partida da Lusa, há prova de que sua decisão de relacionar Heverton é anterior ao jogo do Flamengo? A conclusão é que, se essa prova crucial não apareceu até agora, então ela não deve existir.
3- Sobre quem dentro da Lusa poderia ter participado do esquema:
Quanto a isso, até o momento também não existe nenhum fato concreto, apenas versões e hipóteses baseadas nas mesmas.
Uma delas é toda construída em cima de um depoimento que alguém no Canindé deu sobre supostas pastas. Segundo noticiado, na Lusa era hábito abrir pastas toda 2ª feira com anotações de jogadores impedidos ou com risco de ficarem impedidos de jogar. Diz-se que funcionários não teriam feito as anotações devidas sobre Heverton em sua pasta, mesmo o clube tendo recebido em 03/12 (3ª feira) a intimação para o julgamento do atleta. Inclusive o novo presidente da Lusa, Ilídio Lico, diz desconfiar de duas pessoas lá dentro, mas não deu nome aos bois. A conclusão precipitada a que alguns chegaram foi que, se a omissão dos funcionários foi intencional, isso indicaria que desde 3ª feira o plano já estaria em marcha. Logo, como o Flamengo só se enrolou com a escalação indevida de André Santos no sábado, o clube não poderia estar participando da trama.
Mas calma lá! Vejam que isso é apenas uma versão publicada sobre fatos não comprovados. Há prova de que a Lusa de fato abria essas pastas sobre os jogadores? E se abria, não seria possível que alguém posteriormente subtraísse a pasta com as anotações de Heverton e botasse a culpa nos dois funcionários? Mais adiante voltaremos a esse ponto.
Outra versão não comprovada é dada pelo próprio promotor do MP-SP, Dr. Senise Lisboa. Em declaração à Imprensa, ele isenta de culpa o ex-técnico da Lusa, Guto Ferreira, que foi quem de fato escalou Heverton. Outra vez devemos olhar com cautela essa informação. Lembrando o que nos disse anteriormente o Cel. Paúl, às vezes o investigador lança pistas falsas na Imprensa, esperando que a movimentação dos culpados os denuncie.
Fato é que, se a Lusa foi comprada, o corruptor precisava da certeza de que Heverton fosse relacionado para a partida. Lembrem que o jogador não era nenhuma sumidade e ainda estava de saída do clube, logo seria natural que não participasse do jogo. Sendo assim, era necessário garantir que Guto Ferreira o escalasse.
Havia duas formas de fazer isso: comprando Guto ou dando uma ordem expressa para que ele escalasse Heverton, o que seria no mínimo suspeito. Ou seja, se houve maracutaia, o ex-técnico da Lusa tem a chave do mistério, pois sabe quem o convidou para o esquema ou o forçou a participar dele involuntariamente. Mais uma vez é de se estranhar que a Imprensa não esteja espremendo Guto Ferreira para tirar dele a verdade. Fato é que as declarações do técnico ao longo do imbróglio tem sido contraditórias. Primeiramente afirmou que escalou Heverton porque foi informado de que o jogador havia sido suspenso por apenas uma partida, pena esta que já havia sido cumprida (http://globoesporte.globo.com/futebol/times/portuguesa/noticia/2013/12/tecnico-da-portuguesa-se-defende-eu-jamais-escalaria-jogador-irregular.html ). Depois disse que sequer sabia que o atleta seria julgado na 6ª feira (06/12) (http://globoesporte.globo.com/futebol/times/portuguesa/noticia/2013/12/guto-ferreira-gente-nao-sabia-nem-que-tinha-julgamento-do-heverton.html).
Outros dois suspeitos contra quem não há fatos comprovados, mas existem indícios, são o diretor jurídico da Lusa na gestão anterior, Valdir Rocha, e o advogado Osvaldo Sestário. Enquanto o primeiro diz que foi avisado erradamente de que Heverton havia pegado apenas uma partida de suspensão, o segundo afirma que passou a informação correta. Um dos dois está mentindo, mas quem? Um argumento em favor de Sestário já foi visto anteriormente: ele parece ter feito uma boa defesa de Heverton, o que em princípio não era bom para o esquema. Outro ponto é que alguém com um pingo de inteligência só entraria numa falcatrua dessas se estivesse seguro de que haveria outro para levar a culpa, do contrário sua carreira poderia ser destruída. Mas é evidente que ele não acertou seu discurso com a Lusa, do contrário não estaria agora trocando acusações com ela. Para se precaver disso, Sestário poderia, por exemplo, ter mandado um e-mail com o resultado do julgamento. Se quisessem incriminá-lo depois, era só mostrar a mensagem. Mas inocentemente Sestário deu a informação só por telefone, como sempre fazia. Ficou com a busanfa na janela.
Mas para o Dr. Valdir, não haveria esse problema para participar do esquema. Bastava depois dizer que houve um engano e colocar a culpa em Sestário, que não teria como provar o contrário. Só que, se o conchavo aconteceu antes de sábado, há dois problemas nessa tese. O primeiro é que, como vimos antes, Valdir devia garantir que Sestário não conseguisse a absolvição de Heverton. Ao que parece, o Dr. não tomou providências para a isso.
O segundo problema é que para Valdir seria melhor que houvesse uma pasta sobre Heverton no arquivo da Lusa. Mas, segundo noticiado, não havia pasta alguma, então ou ela não foi aberta ou sumiu. Isso dificulta a posição de Valdir, que agora tem de explicar dois fatos anormais: porque não registraram em pasta a intimação para o julgamento de Heverton e porque não anotaram nela o resultado que dizem ter recebido de Sestário (gancho de uma partida).
Mas se a operação foi colocada em marcha só no sábado, há uma hipótese que explica tudo isso:
Na 3ª feira chegou a intimação do STJD e a pasta de Heverton recebeu a anotação correspondente. Na 6ª feira o caso foi julgado e Dr. Sestário conseguiu uma pena de apenas 2 jogos. Avisou imediatamente por telefone ao Dr. Valdir e a anotação foi feita na pasta. Até aí tudo normal. Mas no sábado as coisas mudam quando o acordo escuso é selado. Há um inocente útil para levar a culpa do engano - o Dr. Sestário. Porém há uma prova em favor dele - a anotação na pasta. A melhor solução para isso seria simplesmente fazer uma nova pasta com um registro falso. Mas talvez isso implicasse ter de corromper o responsável pelas anotações, o que, dependendo da pessoa, podia ser complicado. Havia alternativa? Sim, simplesmente sumir com a pasta!
Há ainda dois suspeitos conhecidos que poderiam ser incluídos na lista: o presidente anterior da Lusa e o atual. Sobre o ex-presidente Manoel de Lupa pesam uma dívida milionária e suspeitas de improbidade administrativa (http://www.espn.com.br/noticia/334118_portuguesa-corre-risco-de-ser-desfiliada-pela-cbf , http://blogs.lancenet.com.br/deprima/2014/01/03/gobbi-pode-perder-diretores-em-2014/ ). Já sobre Ilídio Lico, pode-se dizer que, se não demitiu ainda os dois funcinários suspeitos, é porque deve ter o rabo preso com eles. Só que, novamente, isso são apenas indícios.
Prezados leitores que tiveram a paciência de me ler até aqui, vejam que o cerne do presente artigo não é acusar o Flamengo de coisa alguma. Na verdade, os poucos fatos disponíveis ainda não são suficientes para comprovar a hipótese de que o clube pagou à Lusa para escalar indevidamente Heverton. O problema é que estão usando versões sobre fatos não comprovados que tem surgido para descartar o rubro-negro como suspeito. E o pior, querem usar essas mesmas versões para sustentar que o Fluminense e/ou seu patrocinador são os culpados. Se a Imprensa não está fazendo isso por estar metida na história, no mínimo é por preguiça, interesses econômicos ou pura preferência clubística.. Qualquer que seja o motivo, isso é um desserviço à liberdade de Imprensa, que custou sangue para ser conquistada em nosso país.
Um abraço.
Marcos Gomes".

#flalusagate

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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

O FLAMENGO E O REBAIXAMENTO DA PORTUGUESA - MARCOS GOMES



EMAIL RECEBIDO: 
"Prezado Coronel Paúl, 
Gostaria de contribuir para os debate sobre o tema “O Flamengo e rebaixamento da Portuguesa” com o artigo a seguir. 
Trabalho com estatística no meu dia-a-dia, então tenho certa intimidade com cálculos probabilísticos. Tenho visto circulando na Internet alguns cálculos muito benevolentes sobre a probabilidade de que a escalação indevida de atletas por parte de Flamengo e Portuguesa tenha sido apenas obra do acaso. E vista disso, decidi eu mesmo fazer os meus cálculos. Cheguei à conclusão de que a chance de estarmos diante de um mero capricho dos deuses do futebol para salvar o Flamengo é de apenas 1 em 5 milhões. Para se ter uma ideia de como essa chance é baixa, ela equivalente a de ganhar na Megasena jogando 10 cartões (custo da aposta R$ 20). 
Segue a memória de cálculo: 
Considerando apenas a era dos pontos corridos (2003 a 2013), ocorreram 4606 jogos na Série A. Como em princípio em cada jogo qualquer dos dois times pode se equivocar colocando atletas suspensos em campo, foram 9.212 chances disso acontecer. Mas, dentre esses casos possíveis, em apenas 5 ocasiões clubes escalarem atletas suspensos. No entanto, para efeito de cálculo estatístico, vamos excluir um dos casos, considerando então apenas 4 ocorrências em 9.211 chances. Os eventos ocorridos e o motivo da exclusão de um deles são os seguintes: 
2003: a Ponte Preta errou duas vezes em sequência ao escalar o jogador Roberto de forma irregular nas partidas contra o Inter (1ª rodada) e Juventude (2ª rodada). O meia havia sido expulso na última partida do clube no Brasileirão 2002, e assim deveria ter cumprido a suspensão automática na primeira rodada. Como não cumpriu na primeira, deveria ter cumprido na segunda. Vê-se claramente que nesse caso os eventos não foram independentes, pois o segundo erro não foi aleatório, mas ocorreu por causa do primeiro. Sendo assim, excluímos uma dessas ocorrências de nosso levantamento. 
2010: o Grêmio Prudente foi punido pela escalação irregular do zagueiro Paulão, suspenso na partida contra o Flamengo na 3ª rodada. 
2013: Flamengo escala André Santos irregularmente na última rodada, assim como a Lusa faz com Héverton. Suspeito, não? O rigor da Estatística nos diz que se existe uma dúvida razoável de que um evento tenha ocorrido independentemente do outro, é melhor não considera-lo no cálculo. Mas se eu fizer isso, ficaremos com apenas 3 casos em que com certeza a escalação de jogadores suspensos foi casual. Mas não, não vou excluir o erro da Portuguesa dos cálculos. Nesse momento prefiro ofender a Estatística do que algum flamenguista que eventualmente esteja lendo esse texto! 
Então, com base na frequência observada nos últimos 11 anos, podemos calcular a chance de que em uma partida um dos clubes escale um jogador suspenso como sendo: 
P = 4 / 9211 x 100% = 0,043%. 
Só que estamos aqui diante de um caso único, em que o Flamengo errou e para se salvar precisava que alguém que estivesse atrás dele na tabela também errasse. É a mesma situação em que jogamos duas moedas ao mesmo tempo, esperando obter duas coroas. Sendo assim, a probabilidade de que os eventos tenham ocorrido por mero acaso é calculado como: 
P = 4 / 9211 x 4 / 9211 x 100% = 0,000019%, ou se preferirem, uma chance em 5 milhões! 
Então pergunto: você continua acreditando que o Flamengo é o clube mais sortudo do mundo? Atenciosamente, 
Marcos Gomes". 

Nós agradecemos a colaboração esclarecedora e oportuna. 

Juntos Somos Fortes!