Revista Veja.
Blog do Reinaldo de Azevedo.
Que tal usar com a Cracolândia de SP o mesmo critério com que se analisa a instalação de UPPs no Rio?
Acabo de assistir no Jornal Nacional a uma reportagem — daqui a pouco, pode ser vista na Internet — sobre a Cracolândia, em São Paulo, orientada por uma pesquisa da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). A síntese poderia ser esta: a operação da Prefeitura e do governo foi inútil: os viciados só mudaram de lugar, e alguns já voltaram para a Cracolândia. O JN esqueceu de dar destaque ao Complexo Prates, construído no centro da cidade, para atender aos viciados. Os números desse atendimento foram apenas lembrados na locução, quase a título de “outro lado”.
Blog do Reinaldo de Azevedo.
Que tal usar com a Cracolândia de SP o mesmo critério com que se analisa a instalação de UPPs no Rio?
Acabo de assistir no Jornal Nacional a uma reportagem — daqui a pouco, pode ser vista na Internet — sobre a Cracolândia, em São Paulo, orientada por uma pesquisa da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). A síntese poderia ser esta: a operação da Prefeitura e do governo foi inútil: os viciados só mudaram de lugar, e alguns já voltaram para a Cracolândia. O JN esqueceu de dar destaque ao Complexo Prates, construído no centro da cidade, para atender aos viciados. Os números desse atendimento foram apenas lembrados na locução, quase a título de “outro lado”.
Vamos ver o que o Poder Público não pode fazer porque a lei não deixa:
– não pode prender os usuários;
– não pode obrigá-los a se tratar;
– não pode fazer a internação compulsória.
Se depender de setores do Ministério Público, da Defensoria Pública e da imprensa, os usuários estariam imunes até mesmo à abordagem policial e também não poderiam ser impedidos de privatizar.
– não pode prender os usuários;
– não pode obrigá-los a se tratar;
– não pode fazer a internação compulsória.
Se depender de setores do Ministério Público, da Defensoria Pública e da imprensa, os usuários estariam imunes até mesmo à abordagem policial e também não poderiam ser impedidos de privatizar.
Aí aparece
um especialista lá da Unifesp. O nosso Arquimedes não teve receio de
gritar “Eureka!” Entendi que só mesmo o atendimento médico, o tratamento
etc e tal resolverão o problema. Não me digam! A ocupação da
Cracolândia nunca buscou eliminar o vício. O objetivo era apenas voltar a
garantir o direito de ir e vir num quadrilátero da cidade que havia
sido privatizo por traficantes e usuários.
O paralelo
que vem agora só não é perfeito por um detalhe relevantíssimo, para o
qual chamarei a atenção. Vamos rever este vídeo.
Voltei
Como é mesmo?
O objetivo das ocupações de morros e das UPPs, como sabemos, é recuperar território, não acabar com o narcotráfico. O objetivo é devolver alguma normalidade às chamadas “comunidades”, que é como se chama favela em carioquês castiço, e não prender bandidos. José Mariano Beltrame já disse isso algumas vezes, para aplauso e comoção de imprensa e ONGs. Queriam-no candidato ao Prêmio Nobel da Paz (é verdade, não hipérbole!).
A
bandidagem fugiu da Vila Cruzeiro para o Alemão e de lá para as
centenas de “comunidades” ainda não pacificadas. Uma parte foi, por
exemplo, para a Niterói, o que fez explodir os índices de criminalidade
na cidade. Aguardo, claro, a resposta ao que vou indagar agora: por que a
dispersão de bandidos é considerada o aspecto inevitável do fato
virtuoso — devolver à população uma área da cidade —, mas a dispersão
dos viciados é, em si, um mal e prova do insucesso do retomada da
Cracolândia? Algum bom argumento? Aguardo.
“AH, MAS
SÃO COISAS MUITO DIFERENTES!” São, sim! Não há lei que impeça a polícia
de prender os traficantes. Aliás, a lei impõe que prenda. Já os viciados
da cracolândia são protegidos. Não podem ser presos. Temos uma lei
antidrogas que o impede. Se depender da turma do “É Preciso Mudar”, eles
serão intocáveis.
Tarefas
À Prefeitura de São Paulo e ao governo do estado cumpria impedir a privatização de uma área da cidade, como cumpre à polícia do Rio fazer o mesmo — nesse caso, falta “libertar” algumas milhares de “comunidades” ainda… À Prefeitura, cumpria oferecer um centro de tratamento. E ele está lá, como quer o especialista entrevistado.
À Prefeitura de São Paulo e ao governo do estado cumpria impedir a privatização de uma área da cidade, como cumpre à polícia do Rio fazer o mesmo — nesse caso, falta “libertar” algumas milhares de “comunidades” ainda… À Prefeitura, cumpria oferecer um centro de tratamento. E ele está lá, como quer o especialista entrevistado.
A questão é
tão importante que estaríamos diante de um bom momento para que se
apresentasse, então, a solução alternativa, certo? Segundo entendi,
tentar impedir que os viciados privatizem uma área da cidade não é uma
coisa boa. Talvez o bom seja fazer o seu contrário… Também se defende
tratamento aos viciados. Existe. Mas não pode ser compulsório.
O Jornal
Nacional faz nesta semana uma série sobre as propostas para um novo
Código Penal. Ele prevê a descriminação do consumo de drogas, como já
observei. Substância para até cinco dias de consumo caracterizaria uso
pessoal. A turma do “É Preciso Mudar” deve concordar…
Então ficamos assim: é preciso mudar, mas:
– sem desalojar usuários que privatizam áreas públicas;
– sem reprimir o simples consumo (tadinhos!);
– sem internação compulsória…
– sem desalojar usuários que privatizam áreas públicas;
– sem reprimir o simples consumo (tadinhos!);
– sem internação compulsória…
“É Preciso
Mudar”, pois, para que tudo fique como está. Dispersão de traficantes,
que podem ser presos, é uma boa política, quase uma obra de arte.
Dispersão de viciados, que não podem, é evidência de erro e insucesso.
Encerro
Há cracolândias nas 27 capitais brasileiras e na maioria das cidades grandes e médias. O pecado de São Paulo foi tentar enfrentar a sua, oferecendo, reitero, tratamento médico. Quem faz bem é o governo federal. Existe uma cracolândia na Esplanada dos Ministérios (e isso não é metáfora do que se pratica dentro daqueles prédios). Falo de viciados mesmo. Nesse caso, não existem nem Polícia nem tratamento. Coisa de um governo progressista.
Há cracolândias nas 27 capitais brasileiras e na maioria das cidades grandes e médias. O pecado de São Paulo foi tentar enfrentar a sua, oferecendo, reitero, tratamento médico. Quem faz bem é o governo federal. Existe uma cracolândia na Esplanada dos Ministérios (e isso não é metáfora do que se pratica dentro daqueles prédios). Falo de viciados mesmo. Nesse caso, não existem nem Polícia nem tratamento. Coisa de um governo progressista.
Por Reinaldo Azevedo
Juntos Somos Fortes!
Excelente postagem, Coronel Paúl. Principalmente a parte que diz que, se dependesse do MP, da defensoria pública e da imprensa os viciados estariam impunes até mesmo da abordagem policial. É assim mesmo que eles pensam, principalmente, entre outros "obscuros" motivos, porque acham que são os BONZÕES e que realizam um excelente trabalho e a polícia não.
ResponderExcluirViciado, pra mim, é como CERVEJA, é bom gelado e em cima da mesa (apesar de ser abstêmio).
Cel Paul, o craque já se enraizou em todas as capitais brasileiras. Vem também chegando, com força, ao interior. Acontece que no trato aos viciados, como dito na reportagem, é uma mera questão de mudança de lugar. Os viciados vêm ocupam uma área da cidade, que deveria ser pública. Ai começa a tormenta. Quem mora no local, ou é obrigado a transitar por ele, se sente inseguro, com toda razão, porque a todo momento podem ser abordados por usuários para lhe pedirem dinheiro. Ou até mesmo roubado por eles, porque precisam de dinheiro para manter o vício. Sem falar nos traficantes que ali transitam enchendo seus bolsos de dinheiro com a desgraça alheia.
ResponderExcluirNa verdade a lei anti-drogas no brasil é ridícula. Quem trabalha na polícia sabe bem disso. Porque trabalha na abordagem, tanto de viciados quanto de traficantes.
Todo mundo clama que o viciado é doente, principalmente a imprensa, que é uma das formadoras de opinião, e que vem imputando na mente de todos a descriminalização das drogas. Como se esse fato não fosse quase totalmente real. Tudo bem, se o viciado tem de ser tratado de forma diferente, na lei, que seja. Agora não se pode esquecer que quem alimenta toda essa cadeia de violência, que se assiste todo dia, são eles. Traficante só compra armamento pesado, porque tem alguém que o sustenta com dinheiro.
Todo mundo acha viciado doente, discriminado, lesado na sociedade, mas quando tem um usando drogas perto da sua casa, logo chama a polícia. Porque todo mundo quer viciado longe de sua casa. Ai vem a polícia, que tem de fazer seu trabalho, aborda faz revista, achando alguma substância entorpecente, leva-o a Delegacia. Lá, dependendo da quantidade encontrada, é feito o RO, e o usuário liberado, para dar continuidade em vício.
Se o usuário é doente, como se clama por ai, deve ser tratado. Encaminhado a internação compulsória. Mas o que acontece é que eles não são punidos, nem muito menos tratados. Estão se sentindo a vontade para comprarem sua droga.
O Reinaldo, como sempre, nos ajudando a desmascarar e esculachar essa farsa da "pacificação". Enquanto em SP, por interesses políticos, tentam desestabilizar a PM ao ponto de um procurador propor intervenção na corporação (veja no blog do Reinaldo), aqui se aplaude e enaltece essa calhordice. Podre imprensa fluminense! Podres poderes estaduais!
ResponderExcluirAgora era a chance de nossos Juristas levarem em conta o clamor do povo contra a violência em nosso país. Mas infelizmente, parece que aqueles não moram em nosso país, ou vivem em seus condomínios de luxo, cercados de segurança. Se concentraram em aborto, ortotanásia, descriminalização da maconha. Deixaram de ser crimes hediondos: homicídio qualificado privilegiado (assassinato com agravante) e o tráfico de drogas com atenuante. Quanto custa uma vida para esses nossos juristas? Pensa-se que não muito para eles. Aumentar as penas para crimes, isso nunca se depender deles.
ResponderExcluirO trafico de drogas esta ai, cada vez mais forte. Com ele vidas são ceifadas de forma violenta. Mas nosso juristas não estão nem ai. Mas em outros países, como na Indonésia, a pena para tal crime é a de morte. E la está um brasileiro metido a esperto que se deu mal, o Marco Archer Cardoso Moreira, condenado a pena capital por tráfico internacional de drogas, em 2004. Este será fuzilado. Lá traficante tem o devido tratamento. Infelizmente para esse brasileiro acostumado, com as benevolências de nossas leis brasileiras, sabia dos riscos, e talvez estivesse levando uma grana preta se conseguisse passar, mas foi pego. Agora vem pedir ajuda a nossas autoridades para livra-lo de tal pena.