A insegurança que o
brasileiro vivencia em cada esquina é a comprovação prática da ineficiência do
sistema policial. Tal verdade tem feito que ao longo dos anos tenham sido levantadas
vozes que pregam mudanças na polícia, algumas delas transformadas em propostas
de emendas à constituição federal (PECs), algumas das quais tramitam há anos no
Congresso, ganhando ou perdendo força em face dos diferentes interesses
corporativos.
O atual sistema é
bizarro e ineficiente, todos devem concordar. Não conheço nenhum outro país que
utilize sistema policial idêntico ao nosso. Temos polícias federais e
estaduais, tosa deficientes no cumprimento de suas missões. Além disso, as
estaduais (PMs e PCs) são polícias pela metade, não realizam o ciclo completo
de polícia, algo que só existe no Brasil e que beira o inacreditável, pois isso
contribui sobremaneira para a ineficiência. Portanto, mudar é imprescindível e
urgente, isso é fato.
Em termos de mudanças,
o tema mais recorrente é a desmilitarização das Polícias Militares (PMs) e a
consequente incorporação dos seus efetivos às Polícias Civis (PCs), embora esse
segundo momento não seja claramente explicitado.
Os protestos trouxeram
esse tema para as ruas, alimentado pela forma com as Polícias Militares tem
atuado na repressão aos protestos, demonstrando inúmeras vezes um emprego
excessivo de violência e de recursos para controle dos distúrbios, como os
agentes químicos e as armas não letais.
Ao longo desse período de
protestos populares as Polícias Militares têm exposto as suas mazelas, sobretudo
a não qualificação adequada, problema que possui várias causas, sendo a
principal a desvalorização dos Policiais Militares por parte dos governantes.
As Polícias Militares
como polícias ostensivas, responsáveis pela preservação da ordem, são a parte
do sistema mais visível nas ruas, o braço armado do governo para controlar o
povo, como muitos gostam de apregoar. Nas ruas os Policiais Militares passaram
a ser os representantes dos governos que o povo quer retirar dos seus luxuosos
gabinetes. Os PMs simbolizam os inimigos, isso é fato. Situação muito
semelhante a vivida nos governos militares.
Enquanto isso, as
Polícias Civis também demonstraram a sua ineficiência na investigação e
apresentação ao Poder Judiciário dos milhares de vândalos que se aproveitaram
dos protestos para promoverem danos e saques por todo o Brasil. A diferença é
que a ineficiência das Polícias Civis não ganha repercussão na mídia, embora se
materialize claramente no número limitadíssimo de prisões e na perpetuação dos
atos de vandalismo, pois soltos os criminosos continuam a agir, isso é lógico.
No Rio a situação contrária às Polícias Militares ganhou contornos de grande relevância, pois os detidos pela PM sempre
foram muito bem tratados nas delegacias da Polícia Civil, como os próprios
faziam questão de expressar nas entrevistas após a liberação. Obviamente, o
tratamento adequado nas delegacias deve ser aplaudido, mas isso foi lido como
um contraponto. Uma polícia fazia a detenção, reprimia com cassetetes, balas de
borracha e gases, enquanto a outra ouvia, tratava bem e liberava (não prendia).
Em apertada síntese: uma
polícia é ruim, a outra é boa.
Qual o povo quer?
Ouça quem tiver ouvidos
para ouvir: o caldo de cultura estabelecido é amplamente favorável à extinção
das Polícias Militares, sobre isso não tenho dúvida.
Juntos Somos Fortes!
Muito bom texto, feito por quem entende muito do assunto. Se queremos uma polícia melhor pra sociedade e para os policiais, temos que mudar muita coisa. Esse modelo atual só é bom pros governantes terem todos nas rédeas.
ResponderExcluirQuando a Polícia Civil "libera" e não prende, como o Sr disse, talvez o Delegado não tenha encontrado respaldo na lei par a prisão, o que não quer dizer que o vândalo não continuará respondendo pelos atos. Ora, não temos assassinos respondendo em liberdade? O vandalismo não é no nosso ordenamento o "pior dos crimes". Então acho essa critica às PC's meio tendenciosa, principalmente vinda de quem tem conhecimento do que eu disse acima.
ResponderExcluirJá a PM, basta descer o cassetete no vândalo, não precisa se preocupar com enquadramento juridico, apenas seguir a ordem do Oficial Comandante.
Grato pelos comentários.
ResponderExcluirCaro Alex, publiquei seu comentário em um artigo e fiz breves considerações..
Juntos Somos Fortes!