REVISTA VEJA:
Blog do Reinaldo Azevedo.
08/06/2012
às 16:49 hs.
Delta tinha a ficha suja desde 2010 segundo o próprio governo federal; no entanto, BNDES continuou a emprestar dinheiro à empresa com juros subsidiados. Luciano Coutinho tem de ir à CPI.
Que país!
Há coisas realmente notáveis em Banânia quando a gente junta lé com lé, cré com cré. Reportagem de hoje do Estadão indica que a Delta — sim, a Delta! — recebeu R$ 139 milhões em financiamento do BNDES entre 2010 e 2011 — R$ 75,1 milhões só no ano passado. Aí o leitor exigente, que deve ser sempre severo com o analista ou o colunista, tem de perguntar: “E daí, Reinaldo? O que isso tem de errado? Ninguém sabia ainda que a empresa estava envolvida nessa sujeirada!”. Então vamos ver.
Há uma questão de fundo, claro!, nessa história toda: “Pra que serve, afinal de contas, o BNDES?, a Mamãe Gansa do capitalismo de estado no Brasil?”. Mas isso deixo para daqui a pouco. Quero me fixar em outro aspecto, que é um escândalo por si mesmo e deveria chamar, por óbvio, a atenção do Ministério Público.
Em 2010, a Operação Mão Dupla, da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, constatou que a Delta estava envolvida em um monte de falcatruas: fraudes em licitações, superfaturamento, desvio de verbas, pagamentos de propina, pagamentos indevidos e uso de material de qualidade inferior ao contratado em obras de infraestrutura rodoviária sob o comando do Dnit. Havia outras 11 empresas no rolo.
É uma coisa fabulosa! Mesmo com a Controladoria-Geral da União tendo em mãos o currículo da Delta — e a CGU é um órgão diretamente ligado à Presidência da República —, a empreiteira assinou com o governo 31 novos contratos, no valor de R$ 758 milhões. E agora ficamos sabendo que isso ainda era pouco. O BNDES concedia generosos empréstimos a uma empresa pega fazendo pilantragem.
Vocês certamente sabem o que quer dizer o “S” em “Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social”! Por que um banco de fomento precisaria financiar uma construtora que não realiza investimentos de longo prazo, não busca inovação tecnológica, não está envolvida numa atividade de infraestrutura com prazo longo de retorno? Há muito o BNDES virou a caixa-preta do capitalismo de estado no Brasil, que vai elegendo, segundo os ventos da política, seus ganhadores e perdedores.
O Tesouro capta dinheiro no mercado com os juros da taxa Selic, injeta no BNDES, que o empresta a alguns eleitos com taxa subsidiada. O conjunto dos brasileiros arca com a diferença. A Delta, com a sua ficha suja desde 2010, não só continuou a celebrar contratos com o governo federal como estava na lista dos aquinhoados pelo bolsa-juro do BNDES. Parte da dinheirama servia para financiar uma impressionante rede de corrupção.
Tem de chamar.
Com a ficha que tinha, constatada pela Operação Mão Dupla, a Delta jamais poderia ter continuado a celebrar contratos com o governo; receber financiamento do BNDES, então, é um escárnio.
Há muito o ministro Jorge Hage, da Controladoria-Geral da União, deveria ter sido convocado pela CPI. Ele precisa dizer quais providências foram tomadas na sua esfera de competência para advertir a máquina pública de que uma das empresas contratadas por órgãos federais estava roubando o dinheiro dos brasileiros. Também Luciano Coutinho, presidente do BNDES, tem de ser chamado. Eu sou quase tentado a propor uma CPI só para o banco: quais são os critérios que a instituição leva em conta ao conceder um empréstimo? Os órgãos de investigação do governo são ao menos chamados a dizer se existe alguma pendência que diga respeito ao beneficiário da mamata — digo, do “financiamento”?
Todos os contratos celebrados por órgãos de estado com a Delta depois da Operação Mão Dupla são essencialmente imorais e suspeitos por sua própria natureza.
PS — Pergunta: as outras 11 empresas flagradas na “Operação Mão Dupla” continuam a fazer negócios normalmente com o governo federal? Algo a se verificar.
Por Reinaldo Azevedo.
Juntos Somos Fortes!
Militares fazem marcha virtual por aumento salarial
ResponderExcluir5 de junho de 2012, em Noticiário Nacional, por Galante
Por Tânia Monteiro
Brasília – Cansados de esperar por iniciativas dos comandos e do Ministério da Defesa para que consigam reajuste de seus salários, os militares da ativa começaram uma mobilização por um caminho inusitado: eles estão buscando adesões na internet para que o assunto seja objeto de discussão na comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado. Até o início da noite desta segunda-feira, haviam sido coletadas mais de 206 mil assinaturas de militares e civis em apoio ao movimento. Essas assinaturas embasaram um pedido já enviado para o Senado, solicitando a realização de audiência com autoridades como os ministros da Defesa, Celso Amorim, e do Planejamento, Miriam Belchior, para tratar do aumento salarial.
O movimento já está sendo chamado de “marcha virtual”. O assunto já foi parar no Planalto, mas não está sendo objeto de avaliação pelo palácio, que apenas acompanha as informações. Há informes no Ministério da Defesa sobre o alto índice de endividamento da categoria. Os integrantes do movimento virtual querem chegar a 500 mil assinaturas. O assunto preocupa o governo até porque, paralelo à marcha virtual, as mulheres dos militares estão programando um “panelaço” para ser realizado durante a Rio+20, quando o Brasil receberá cerca de 120 chefes de Estado e de Governo para a conferência mundial do meio ambiente. A convocação das mulheres também está sendo feita pela redes sociais.
No link da página do Senado, onde pedem adesão para que o assunto “reajuste salarial” seja discutido no Congresso, os militares lembram que “não há aumento há mais de onze anos e a classe se vê obrigada a fazer empréstimo consignado para sobreviver e não passar por privações”. Há queixas de todas as regiões do País sobre seus os comandos para que o tema seja levado ao Palácio do Planalto. No Ministério da Defesa, a informação é que o assunto “é objeto de tratativas das áreas técnicas da Defesa com Planejamento”, mas não há a menor previsão de quando o assunto poderia ser levado para esferas superiores ou de quanto poderia ser a proposta de reajuste.
FONTE: Veja