Prezados leitores, transcrevemos a seguir um artigo do site do Coronel PM Emir Larangeira, um destacado Oficial da Polícia Militar e escritor, onde faz um abordagem que consideramos muito equilibrada sobre o nosso momento político atual.
Ele nos brinda com um discurso do filósofo Olavo de Carvalho, proferido no Clube Militar em 1999.
Aconselhamos a leitura.
"Quarta-feira, 5 de março de 2014
TEXTO DE OLAVO DE CARVALHO SOBRE O MOVIMENTO CÍVICO-MILITAR DE 1964
Meu comentário de abertura
Neste mês que se inicia é inevitável o embate entre ideólogos de esquerda e de direita, incluídos nestes últimos, por vontade dos extremistas de esquerda, todos aqueles que preferem se situar no centro do famoso continuum cujo ponto de equilíbrio é a DEMOCRACIA. Ora bem, estou entre os que preferem a DEMOCRACIA e almejo que ela se consolide no país sem a necessidade do derramamento de sangue. Mas também entendo que, se houver urgência em defender a DEMOCRACIA contra a atual tendência comunista levada a efeito por anarquistas extremados e terroristas, e para tanto tiver de pegar em armas, estou pronto. Devo, porém, esclarecer que não situo todos os partidários de esquerda no conceito acima (de fanáticos). Há muitos que são responsáveis e equilibrados e que crêem ser a SOCIAL-DEMOCRACIA, ou seja, um pouco tendente à esquerda do continuum, o melhor regime para o povo. Creio também nesta possibilidade e sei que alcançar tal escopo demanda principalmente seriedade, amor às leis vigentes e respeito às regras democráticas. Enfim, não pode haver extremismos e os partidários de esquerda deveriam ser os primeiros a se entrincheirar contra os radicalismos que maculam seus partidos, excluídos aqueles partidários que não têm mais jeito e sabemos quais são.
Manter a seta no meio do continuum é preciso. Deixá-la, porém, deslizar um pouco à esquerda para beneficiar os menos favorecidos, vá. Mas usar o povo ignaro como massa de manobra para comunizar o regime pátrio, como descaradamente pretendem muitos fanáticos acobertados por partidos de esquerda, aí não! Portanto, a primeira e franca reação deve caber aos filiados de partidos que acolhem esses extremistas, incluindo hoje anarquistas tais como os Black Blocs. Ou que enfiem a carapuça na cabeça!... Mas é certo que nem todos os filiados a partidos considerados de esquerda, com ou sem mandato, pensam e agem como essas minorias violentas que vêm sendo subvencionadas por oportunistas que não têm que fazer, como já se constatou. Ora bem, se houver o silêncio e a inação dos partidos de esquerda, que sejam todos postos num só saco e igualados em demérito como antipatriotas. Infelizmente, é esta a dura realidade, o que obriga a quem seja contrário a esse status quo a se pronunciar abertamente. É o que faço, e para tanto posto um pronunciamento do filósofo e professor Olavo de Carvalho por acreditar piamente em cada palavra dele.
Vou deixar o pronunciamento até o início de abril, de modo que aqui esteja disponível como homenagem ao Movimento Revolucionário de 31 de março de 1964, que vivenciei já aos 17 anos, idade suficiente para entender a baderna anterior, muito semelhante à atual protagonizada por Black Blocs e demais movimentos organizados nos moldes dos Sem-Terra, que nada pretendem a não ser DESESTABILIZAR ainda mais a nossa FRACA E CONTAMINADA DEMOCRACIA. Sim, pois é inegável que a atual turbulência social decorre de artifícios políticos extremados, pior é que subvencionados com o dinheiro público.
Sem dúvida, a atual baderna é levada a efeito por adeptos do regime comunista que apostaram na derrocada do Brasil naquela época anterior a 1964. Desgraçadamente, muitos ainda estão a tentar reescrever a História Nacional com o derramamento do sangue de compatriotas, pois outro modo não há. A mim, - que discordo desses radicalismos e me refiro a mim pensando nos meus parentes e não no povo brasileiro para não parecer demagogo, - a mim me cabe levantar minha voz isolada com amparo num brasileiro merecedor do meu crédito, o que não significa que não haja outros do seu naipe. Há sim, muitos, que pensam e agem como o filósofo e professor Olavo de Carvalho. Há sim, graças a Deus!
"Reparando uma injustiça pessoal
OLAVO DE CARVALHO
Discurso pronunciado no Clube Militar do Rio de Janeiro em 31 de Março de 1999.
Transcrição revista pelo autor.
NB – Meu artigo "A história oficial de 1964", publicado em O Globo de 19 de janeiro de 1999, que nenhum mandarim da esquerda ousou responder, todos deixando o espinhoso encargo para uma inábil professorinha do interior que acabou confirmando todos os meus argumentos, trouxe para o autor um presente inesperado e — nos dias que correm — bastante incômodo: a amizade dos militares. É preciso estar maluco para declarar isto em público, mas é certo que essa amizade muito me honra e me alegra. E foi ela que levou dois ilustres militares brasileiros, o Cel. Luís Paulo Macedo Carvalho, presidente do Instituto de História e Geografia Militar, e o Gen. Hélio Ibiapina Lima, presidente do Clube Militar, a me convidar para falar nessas duas instituições, respectivamente nos dias 30 e 31 de março passado. O que eu disse numa e na outra foi mais ou menos a mesma coisa, mas o discurso do Clube Militar foi gravado e transcrito, o que me permite reproduzi-lo nesta homepage. O discurso foi pronunciado de improviso, sem notas. Publico aqui a transcrição integral da gravação em fita, sem alterações, apenas corrigida em detalhes de linguagem e completada nos pontos truncados. — O. de C.
Agradeço comovido ao General Hélio Ibiapina e a todos os queridos amigos do Clube Militar este convite que muito me alegra, e peço permissão para começar esta conferência com uns detalhes autobiográficos, não por vaidade, absolutamente, mas apenas porque alguns fatos da minha vida se encaixam muito bem no assunto que vamos abordar aqui.
Existem pessoas que têm o dom de se aproximar de quem está no poder. Eu pareço que fui brindado com o dom contrário. No tempo dos governos militares, logo no começo, entre 1966 e 68, eu era um militante do Partido Comunista e odiava os militares; eu os chamava de "gorilas", como aliás todo mundo naquele meio. Tive muitos amigos e parentes que foram prejudicados pelo governo militar e durante todo aquele período eu me senti marginalizado, como muitos membros da minha geração, em razão de minha hostilidade ao regime. Hoje em dia, quando os esquerdistas estão no poder, dominam tudo e estão passando muito bem de saúde, já não estou mais ao lado deles e estou aqui falando para vocês. Por isto é que digo que fui brindado com este dom de fazer sempre as amizades mais inconvenientes no momento. Todos conhecemos muitas pessoas que fizeram carreira no regime militar e tão logo a situação mudou trataram de trocar de amizades, porque era melhor para a sua saúde...
Ora, toda a experiência que vivi, primeiro ao lado dos esquerdistas e depois numa longa solidão para a qual me retirei após ter me desiludido com a perspectiva socialista, para poder meditar e refazer de certo modo o meu mundo de idéias, toda esta experiência me ensinou, em primeiro lugar, a inconveniência de falar quando não se tem um mínimo de certeza razoável. Devo lembrar aos senhores que a minha atuação pública começa apenas em 1996, com o livro O Imbecil Coletivo. Até aí a minha vida tinha sido muito modesta, muito discreta, dando minhas aulinhas e escrevendo uns livros de filosofia que ninguém lia. Só publiquei O Imbecil Coletivo porque observei a ascensão de um tipo de mentalidade destrutiva, não só do ponto de vista político mas sobretudo no que diz respeito à destruição da inteligência humana. Tendo observado fatos cada vez mais alarmantes, na área cultural, e vendo que ninguém dava sinal de tê-los percebido, eu disse a mim mesmo: "Parece que sobrou para mim". Então, com competência ou sem ela, foi necessário fazer alguma coisa. Esse livro, na época, desencadeou uma onda que eu não diria de raiva, foi mais onda de pânico, entre pessoas do meio intelectual que jamais tinham sido criticadas no mais mínimo que fosse e que estavam acostumadas com o dogma da intangibilidade sacrossanta de suas pessoas. Um deles, lembro-me claramente, foi o prof. Leandro Konder, um comunista histórico, um homem que nunca foi criticado par nada, um homem sem defeito, um homem sem mácula e que, onde quer que vocês perguntem a respeito dele, lhes dirão: "O Leandro é uma moça", "O Leandro é um cavalheiro, é um gentleman." Dele não se fala mal. E esse homem, por conta do seu prestigio de gentleman, vinha não só mentindo compulsivamente em assuntos culturais, mas pregando idéias bastante destrutivas, por trinta anos protegido pelo manto de sua pretensa delicadeza. Então, quando ousei mexer nessa figura, muita gente ficou escandalizada, parecia que ia ter um enfarte, e eu notei que para essas pessoas doía mais nos seus corações ver alguém destratar intelectualmente um Leandro Konder, um Oscar Niemeyer ou alguém assim, do que ouvir blasfêmias contra Jesus Cristo. Eu cheguei a ver pessoas, em conferências minhas, passarem mal fisicamente ao ver-me desmascarar certas figuras da sua adoração. Tudo isso eu vi com estes dois olhos, não estou inventando nada. Eu vi no rosto dessas pessoas a emoção que a Bíblia chama "escândalo". Que é o escândalo, no sentido bíblico do termo? O escândalo é um fato que desmente a nossa fé, que viola a integridade da nossa alma e abala a nossa confiança na ordem do universo (Leiam mais).
Juntos Somos Fortes!
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