JORNALISMO INVESTIGATIVO

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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A DIFÍCIL MISSÃO DE DEFENDER A POLÍCIA MILITAR E OS POLICIAIS MILITARES

Prezados leitores, a seguir transcrevemos um texto do Coronel PM Ref Paulo Ricardo PAÚL:

"A DIFÍCIL MISSÃO DE DEFENDER A POLÍCIA MILITAR E OS POLICIAIS MILITARES
No Rio de Janeiro, a missão de defender os Policiais Militares e a Polícia Militar (PMERJ) é muito ingrata.
Um misto de ação e de omissão dos Oficiais e dos Praças ao longo das últimas décadas fez com que tanto a corporação, quanto seus integrantes, sofressem um processo de descrédito muito grande.
Infelizmente, as incontáveis ações positivas não ganham o devido destaque e os atos criminosos praticados por significativa parte do efetivo de Oficiais e de Praças são acompanhados de uma repercussão gigante.
A situação que vivenciamos me faz lembrar de uma frase que ouvia na antiga Escola de Formação de Oficiais (atual Academia de Polícia Militar D. João VI), no final da década de setenta, quando ainda era insipiente a ideia da necessidade da propaganda institucional:
- O fato de um cachorro morder um PM não é notícia, mas o dia que um PM morder um cachorro, isso será manchete de primeira página de todos os jornais.
Uma verdade!
Os fatos inusitados são transformados em notícias, isso é uma regra, portanto, quando um Policial Militar (Oficial ou Praça) pratica um fato criminoso, situação que deveria ser inusitada, anormal, logo estará povoando o noticiário nacional e internacional, dependendo da gravidade do crime praticado.
Infelizmente, a frequência com que Oficiais e Praças da Polícia Militar praticam crimes é tão expressiva que, embora a situação continue sendo inusitada, deixou de ser anormal e rotulou a todos nós.
É comum ouvirmos que não existe modalidade criminosa praticada no estado que não tenha o envolvimento de Policiais Militares.
Pior, o noticiário prova que tal afirmação é a expressão da verdade.
Isso sem falar no fato de que a instituição e o integrante são representados pela mesma sigla: PM.
Um erro absurdo em termos de formação de imagem, pois o erro de um PM refleta na PM.
O Policial Militar que devia ser um herói por natureza, acabou se transformando na prática no "bandido fardado", como os políticos gostam de dizer sempre que explode a participação de Policiais Militares em qualquer ato criminoso.
Sim, os heróis continuam existindo, homens e mulheres, Oficiais e Praças, honrados e competentes que diuturnamente arriscam a própria vida na missão de servir e proteger a população, porém as suas ações positivas são incapazes de reverter o quadro.
Na verdade os heróis são derrotados pelos anti-heróis que também vestem a gloriosa farda azul da Polícia Militar.
A denominada "banda podre" condena todos os Policiais Militares ao prejulgamento de "bandidos fardados", não podemos negar tal verdade.
Isso nos fez perder até o direito à presunção de inocência diante do Ministério Público e do Poder Judiciário.
Eu iniciei o texto citando ação e omissão, o que passo a justificar.
A ação da "banda podre" está nos destruindo.
A omissão da "banda boa" está nos destruindo.
Diante disso é fácil concluir que todos nós estamos destruindo a PMERJ.
Urge que nasça e cresça na Polícia Militar um núcleo duro formado por Oficiais e por Praças da "banda boa" e que tal grupo deixe de ser omisso, sendo o primeiro a tentar controlar as ações deletérias da "banda podre", caso contrário a nossa amada corporação continuará sendo defenestrada pela imprensa e pela população, apesar de heróis continuarem morrendo diariamente na missão de servir e proteger o povo.
Eu sempre tentei formar esse núcleo duro, desde o início da carreira, tanto que passei boa parte da minha vida profissional na área correcional, inclusive exercendo a função de Corregedor Interno por quase três anos.
Além disso, fui um dos idealizadores do grupo dos Coronéis Barbonos, criado para defender a Polícia Militar e os Policiais Militares dos desmandos políticos, tendo participado de incontáveis mobilizações.
O grupo lutou, apanhou e acabou.
Eu fiquei no campo de batalha e o nosso blog é a maior prova da nossa insistência no combate.
Ele existe desde 2007, sempre buscando defender os interesses da Polícia Militar e dos Policiais Militares, o que me fez habitualmente ficar contra as ações do governo que ferissem os interesses corporativos, o que provocou diversas represálias por parte dos poderosos políticos.
Não desisti, ousei e escrevi o primeiro livro, nesse mês lanço dois novos livros, não para obter qualquer lucro, mas para não deixar a verdade histórica se perder.
Ao longo dos últimos anos, as represálias foram tantas que me prenderam ilegalmente duas vezes, tentaram me expulsar da Polícia Militar e, ainda, me jogaram nas solitárias de Bangu 1.
Só aumentaram a minha determinação, mas ela nada vale se eu for um infante solitário.
O que eu fiz até a presente data foi apenas cumprir o meu dever de Coronel da Polícia Militar, nada além disso.
Optei por integrar a "banda boa" e por não ser omisso, isso para salvaguardar a Polícia Militar.
Devo deixar claro que pelo exemplo mostrei que não basta ser honesto e preciso combater os desonestos.
É hora dos Oficiais e dos Praças da PMERJ criarem o núcleo duro que eu tentei e fracassei.
Sem ele, a cada dia será mais reforçado o rótulo de que não passamos de "bandidos fardados".
Algo que certamente envergonha uma parcela dos Oficiais e dos Praças, mas que acima de tudo é uma grande injustiça com relação aos heróis que ainda vestem a nossa gloriosa farda azul.
Eu estou fazendo a minha parte, por favor, faça a sua.
Juntos Somos Fortes!

9 comentários:

  1. Cel, eu sou testemunha da luta do senhor desde 2007. Marcos.

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  2. (IV)
    Alguém precisa acabar com esse negócio de PM à disposição de outros órgãos. Alguém precisa elaborar uma norma para estabelecer quais oficiais ocuparão os comandos (inclusive comando geral) e por qual período de tempo. Precisamos criar a cultura de que o errado é o errado e o certo será sempre blindado. Precisamos ver alguém botar ordem na casa, não para os políticos e para as televisões, sim para o nosso cliente que é o cidadão e para a nossa missão que é o policiamento ostensivo e preventivo. Mas nada poderá ser feito enquanto o objetivo for as vantagens pessoais (lícitas ou não). A PM é o órgão da administração pública que mais "demite" funcionários, mas isto já virou lugar comum porque é feito para a televisão e não para a PM. Colocam na rua na mesma velocidade que se serve café expresso, para fazer média com a mídia; depois reinclui o excluído como se nada tivesse acontecido porque não serão processados como pessoa física e condenados a pagar do próprio bolso a reparação. É triste, sim, mas o filtro jamais conseguirá pegar as impurezas de uma instituição que a cada dois minutos contrata 2, 3, 4, 5 mil novos funcionários e os abandonam a própria sorte em uma arena com dois leões, uma lança quebrada e milhões de críticos observando. Um ciclo vicioso: bota mil imundícies para fora, reinclui novecentas e contrata mais duas mil. Entra, sai, sai, entra, exclui e reinclui. Apenas aspirina a um doente em estágio terminal.
    Fica ou não fica difícil cuidar da imagem de uma empresa assim?
    Sgt Foxtrot

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  3. (III)
    Os comandantes de guarnição montam suas equipes? Claro que não. A solução, Coronel Paúl, é o exemplo vir de cima. Ninguém pode ter imunidade. Onde estão as supervisões idôneas (aquelas que cobram o certo?); precisamos de corregedoria (agentes) com carreira independente, que não tem medo de cobrar de superior que futuramente poderá assumir cargos importantes como EMG ou CG e estagnar a carreira de quem lhe cobrava o certo; precisamos de Oficiais com carreira independente de veterano "fuçando" a vida administrativa e operacional dos batalhões (mas aí tem a história de contemporâneo, bicho e veterano); não adianta secar gelo apontando para o soldado, cabo e sargento sem apertar a parte de cima da tabela, pois amanhã teremos outros soldados cabos e sargentos fazendo a mesma coisa que os antecessores faziam (a convite de oficial). Precisamos dar um basta na interferência política sobre policiamento, quem entende de policiamento são oficiais e praças da corporação, e não caçadores de votos. Área bem policiada não é aquela que o comando prende muito bandido, apreende bastante material ilícito e vive fazendo continhas de estatística que serão usadas para pauta dos telejornais e em campanhas políticas (lembrei da época que guarnição não podia regressar sem o registro de um flagrante, vergonhoso). Do que adianta mancha criminal, se não tem efetivo para patrulhar as ruas? Área bem policiada é aquela que podemos encontrar policiais patrulhando a todo instante e o bandido acaba não tendo chance para agir. Hoje, andamos quilômetros sem encontrar um policial militar. Onde estão os PMs?

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  4. (II)
    Lembra de Nova Iorque (não lembro em que ano)? Pois é, em tal ocasião NY reduziu o crime combatendo as pequenas coisas... Nós não combatemos os pequenos desvios e eles se tornam degraus para desvios maiores. As fardas e acessórios são apenas exemplo de que não existe padrão. Na PM de SP, todos se vestem impecavelmente iguais e as ações são padronizadas. O RJ não fornece nem as fardas, quiçá padrão de conduta; como vai cobrar farda padrão? Oficiais e Praças do RJ precisam saber sem hesitar qual é o seu papel, assim como precisam entender que Polícia Militar não é espetáculo nem braço político de siglas políticas. Concordo que os profissionais honrados da PM devem formar uma aliança contra oficiais e praças que maculam a instituição e a todos nós... Isso só será possível quando os pequenos detalhes forem padronizados e permitir a criação do pensamento corporativo (não é corporativista). Então começam os problemas, pois, há muito, sabemos que a maior parte dos integrantes têm algum tipo de vantagem com as coisas erradas. O pior é que "a banda boa" (banda não seria metade? deixa para lá) não tem vez nem voz, não tem força para "aniquilar" "a banda podre", pois esta sempre tem a proteção de gente grande. Um exemplo é encontrado facilmente nos batalhões, onde o verdadeiro profissional sempre é colocado em serviços menos expressivos e os "bons' assumem "o combate'... Sabemos bem o porquê.

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  5. (I)
    Oficiais da ativa deveriam se ocupar com o assunto proposto em seu artigo. Coronel, o senhor mais uma vez acertou em cada uma das letras que escreveu. Um conjunto de fatores iniciado na década de 1980 formatou o perfil da PM: corrupção, alianças políticas e midiáticas, simpatia da mídia e ONGs pela criminalidade e os improvisos durante as ações policiais que resultam em erros que os abutre adoram (cada guarnição faz como acredita ser melhor, as NIs só são comentadas na publicação de punições). Sempre ouço reclamações sobre salário, mas, sinceramente, primeiro precisamos de identidade. Quem somos nós? Servimos para quê? Acreditamos em quê? Servimos a quem? Até o fardamento não é padronizado, cada um usa um tipo: manga curta, manga loga; acolchoado, liso (agora virou moda usar divisas pretas que não são regulamentadas).

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  6. Cel Paúl.
    Sou ex-PM e por motivos óbvios prefiro ficar no anonimato e posso afirmar que tudo que o sr relata nesse texto é verdade. Gostaria de dizer que após a minha exclusão, fui trabalhar honestamente de carteira assinada e concluí um bom curso técnico onde desenvolvi minha atividade profissional, por sinal ganhando um salário melhor que ganhava na PM. Hoje estou aposentado e fico acompanhando pela imprensa as mazelas do nosso cotidiano, inclusive as da PM que parece não vai aprender a lição. Saudações!

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  7. Ué, repetiu o artigo e os comentários?

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    Respostas
    1. Nós estamos fazendo essa experiência. Repetindo alguns artigos que obtiveram boa visitação para permitir que outros leiam.
      Não devemos adotar como prática.
      Juntos Somos Fortes!

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