JORNALISMO INVESTIGATIVO

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sábado, 19 de outubro de 2013

DOIS CORONÉIS QUEREM MUDAR A PM, MAS PRECISAMOS DE TODOS OS CORONÉIS

A população do Rio de Janeiro protesta contra a violência policial nas ruas do Rio de Janeiro, mas apoiou a imprensa quando essa promoveu a glamourização das ações do BOPE, exibidas exageradamente nos filmes "Tropa de Elite".
Na vida real, quantos não vibraram com essa ação de Policiais Civis, isso já na governo Cabral (gestão Beltrame):




Não tenho dúvida de que muitos dos que hoje reclamam dos excessos policiais nos protestos, defendem a ideia de que bandido bom é bandido morto.
O próprio governo do Rio de Janeiro nunca abandonou a tática do "tiro, porrada e bomba" (exibida no vídeo), a qual foi a única empregada nos dois primeiros anos da gestão Beltrame (2007-2008) e que depois continuou sendo praticada no asfalto e nas comunidades carentes, menos nas beneficiadas com as UPPs.
É preciso aprender que não existe o policial da favela e o policial do asfalto.
O policial que faz a guerra e o policial que pratica a cidadania.
Tanto faz ser Policial Militar ou Policial Civil.
Não são dois policiais em um só corpo. O policial é um só. Um dia está na favela, outro dia está no asfalto.
Como ele vivencia o "tiro, porrada e bomba" no governo Cabral, ele vai praticá-lo na favela e no asfalto, isso é fato, não esperem nada diferente. É tiro na favela, é tiro no asfalto. 
O PM (PC) exercita o seu aprendizado, embora até tente ser diferente no asfalto. Basta um xingamento, uma tentativa de enfrentamento, um empurrão, para que esse PM (PC) desvalorizado (salário miserável) desqualificado (mal formado), estressado física e emocionalmente, exploda e exteriorize a sua realidade, o que ensinam a ele diariamente: a violência.
Os Coronéis Íbis e Carballo sonham em mudar o Policial Militar através da educação, usando os livros como ferramentas de transformação. Tenho certeza que o caminho é esse, a única forma de começar a mudar, mas sei que essa mudança deve ser projetada para o longo prazo. A educação não pisa no acelerador, ela deve ser continuada e exige muito tempo.
Desejo sucesso aos dois valorosos Coronéis, sei que se tiverem apoio a PMERJ renascerá, todavia, não tenho qualquer dúvida que para catalisar o processo, primeiro precisamos recuperar a nossa identidade, os nossos valores históricos e, acima de tudo, precisamos assumir os destinos institucionais.
A Polícia Militar tem parâmetros claros: o respeito à legislação e o emprego da boa técnica policial, estamos nos afastando deles.
Não precisamos de senhores, não precisamos de intermediários, não precisamos de estranhos nos "ensinando", nós sabemos o que fazer, o quando fazer e o como fazer.
O primeiro passo cabe aos Coronéis, eles são os responsáveis pela Corporação, por todos os acertos e erros, urge que se unam para defender a PMERJ, salvá-la na verdade.
Torço que os novos Coronéis não repitam os erros dos Coronéis Barbonos, mas que repitam os acertos: o idealismo, o destemor e o amor corporativo.
O dia é hoje, a hora é agora.
Caso contrário, talvez nem a educação possa salvar a nossa amada Polícia Militar.

"FOLHA DE SÃO PAULO 
Para coronel do Rio, livros podem evitar a violência da PM 
MARCO ANTÔNIO MARTINS 
Diante da correria do quartel central da Polícia Militar do Rio, o coronel Íbis Pereira, 50, desce de um carro particular em trajes civis. Sua figura de pouco mais de 1,60 m, voz pausada e ar professoral nem parece ser o expoente de uma geração que busca novos rumos para a corporação, envolvida em uma série de denúncias nos últimos três meses -de truculência em manifestações à tortura e morte do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, 43, na Rocinha. 
Crítico do que chama de "Bopelatria", a veneração de jovens pelo Bope, o Batalhão de Operações Especiais famoso após o filme Tropa de Elite (de 2007), o coronel cita filósofos e pensadores modernos para defender que as manifestações têm tudo para transformar não apenas a sociedade, mas também a própria polícia. 
"Só o pensamento pode enfrentar essa barbárie. Vivemos um ódio que explode dos dois lados", diz o diretor de ensino da PM. 
"A polícia precisa aprender a lidar com isso. Acertar mais a mão." 
Esta é uma das teses do coronel, para quem o pensamento evita a violência policial. "Pensar dói", diz, apelando a Fernando Pessoa. 
O coronel levanta uma série de "poréns" a práticas atuais da polícia. Não esconde, por exemplo, seu incômodo com o símbolo do Bope, a caveira. Se pudesse, acabaria com a imagem, garante ele. "É impressionante como uma crítica à violência se tornou um glamour. Uma Bopelatria", analisa Pereira. O coronel sugere: "Trocaria por algo que representasse a agilidade, a destreza. O símbolo traz a ideia da transcendência. É associado à guerra. Não pode ser da polícia." 
LIBERTAÇÃO 
Filho de uma dona de casa e de um pai ferroviário, que não chegou a conhecer, o coronel foi criado no bairro de Anchieta, subúrbio na zona norte da capital fluminense. Influenciado pelas ideias da Teologia da Libertação, diz adorar a "militância cristã". Até hoje, usa um anel de tucumã num dedo da mão direita, adereço comum a católicos praticantes. 
O coronel Pereira ingressou na PM em 1983, influenciado pelas ideias do antropólogo Darcy Ribeiro e do então comandante-geral Carlos Nazareth Cerqueira, um dos primeiros oficiais no país a defender uma "polícia próxima ao cidadão". Formou-se em direito e filosofia. Agora, faz um mestrado em história na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). 
"A dignidade da pessoa não é valor no Brasil. É apenas retórica, discurso. A pessoa vomita isso, mas não acredita. Os direitos humanos são um conceito em crise", avalia o policial. 
As ideias do coronel são compartilhadas por um grupo fiel de cerca de 50 seguidores. Um deles é o também coronel Antônio Carlos Carballo, com quem divide o ideal de que a literatura pode convencer a corporação da polícia dos benefícios de se evitar a violência. 
"Isso humaniza todos eles, cria um pensamento", diz, citando os escritores Machado de Assis, Guimarães Rosa e o russo Dostoievski".
Juntos Somos Fortes!

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