JORNALISMO INVESTIGATIVO

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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

RIO: A CULPA NÃO É DA PM PELO CAOS NA GESTÃO SEGURANÇA PÚBLICA

Eu tenho certeza que a maioria dos leitores mais antigos - os que começaram acessando o meu blog anterior (Link), criado em 2007 -, ao lerem a matéria publicada no jornal O Globo, sob o título "Mais homicídios e roubos - Crimes em alta", concluirão que atualmente começam a dizer o que nós já falamos há muito tempo sobre a ineficiência da gestão da segurança pública no Rio de Janeiro, onde inúmeros erros estão sendo cometidos contra a Polícia Militar e contra a população do ESTADO do Rio de Janeiro.
Em apertada síntese, sem repetir os erros elencados em incontáveis artigos ao longo desses SEIS ANOS, cito apenas o fato da municipalização da gestão da segurança, a qual deve ser estadual. Cabral e Beltrame escolheram a parte (a Capital) e abandonaram os outros 91 (noventa e um) municípios. Isso ficou evidente desde o início do governo Cabral-Beltrame, mas a imprensa e muitos "especialistas" resolveram glorificar as UPPs e reelegeram Cabral-Beltrame.
Eis a matéria:
MAIS HOMICÍDIOS E ROUBOS 
CRIMES EM ALTA 
PM atribui aumento da violência a remanejamento de policiais para os protestos 
(...) 
Sociólogo: “Essas políticas se esgotaram” 
Para o sociólogo Ignácio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, a alta dos crimes deixa claro que as políticas de segurança bem-sucedidas estão se esgotando. Ele ressalta que medidas como a implantação das UPPs, o estabelecimento de metas para a redução de crimes e a criação da Divisão de Homicídios ajudaram a promover uma queda histórica dos índices de violência em 2011 e em grande parte de 2012. 
— Essas políticas se esgotaram. Já deram o que tinham que dar. Agora está tudo estagnado. O estado não tem um projeto para continuar esse processo de redução, principalmente na Baixada e na Zona Oeste do Rio — diz o sociólogo, destacando que as manifestações vêm mobilizando parte do efetivo da PM, que acaba sendo deslocado do policiamento nas ruas. 
A opinião é compartilhada por Paulo Storani, antropólogo e ex-capitão do Bope, que vê na falta de policiais nas ruas um dos fatores para o incremento da violência: 
— Esse crescimento se deve a um conjunto de fatores. A PM está se desdobrando para deslocar efetivo para as manifestações. O policiamento ostensivo previne o crime. Storani observa que a falta de contingente é um problema antigo, agravado com as UPPs, que têm recebido a maioria dos policiais recém-formados. Segundo ele, outro fator é a adaptação dos criminosos às medidas de segurança (Link).
Peço que não continuem a culpar a Polícia Militar pelos erros do andar de cima, inclusive peço que respeitem a honrosa função de Comandante Geral da PMERJ, instituição bicentenária, o que não tem ocorrido no governo Cabral, que nomeou CINCO Comandantes Gerais em menos de SETE anos, jogando a responsabilidade pelos erros nos ombros do Comandante Geral e da Polícia Militar.
Será que alguém pensa que foi a Polícia Militar, através dos seus últimos Comandantes Gerais, que foi responsável pelos seguintes erros, citando exemplos, entre outros praticados:
- Pela implantação de UPPs (GPAEs com novo nome) em profusão, sem a necessária infraestrutura e sem a existência de recursos humanos, a partir da Zona Sul, no período pré-eleitoral (2009-2010).
- Pela municipalização das ações de segurança pública, atuando apenas no município do Rio de Janeiro, isso através da inauguração de UPPs, abandonando a segurança pública nos outros 91 (noventa e um) municípios.
- Pela disseminação da falsa ideia de que o Rio de Janeiro estava sofrendo um processo de pacificação, enganando a população, sobretudo, os eleitores.
- Pela disseminação da falsa ideia de que os novos Soldados PM que integram as UPPs são o "crème de la crème", o melhor do melhor, da Polícia Militar. Eram os sem vícios. Os treinados em "policiamento de proximidade", algo que os mais antigos não podiam fazer em função de seus vícios adquiridos: violência e corrupção (Cadê Amarildo?).
- Pelo sucateamento dos efetivos dos batalhões em razão da não reposição de pessoal, em virtude dos novos Soldados serem obrigatoriamente colocados nas UPPs, prejudicando significativamente os serviços nas áreas dos batalhões operacionais.
- Pela facilitação da prova do concurso para o Curso de Formação de Soldados, objetivando aumentar a aprovação de milhares de candidatos com a intenção de transformá-los em mão de obra (Soldados PM) para não ter que parar de instalar UPPs.
- Pela colocação simultânea de milhares de alunos (recrutas) no CFAP, transformando o centro de formação em um caos completo, situação que afetou a qualidade do próprio Curso de Formação de Soldados, prejudicando a formação do novo Policial Militar, desqualificando assim parte da tropa da PMERJ.
- Pela adoção da tática de avisar dias antes de cada ocupação, apresentando como desculpa que a intenção era evitar o confronto, quando na verdade se queria aumentar a velocidade de implantação de UPPs (o que seria retardado com a resistência dos traficantes). Omissão que permitiu que centenas (ou mais) de traficantes deixassem placidamente as comunidades e fossem aterrorizar outros bairros e municípios, alguns antes sem problemas na área da segurança pública.
- Pelo fato da PMERJ atuar nos protestos de formas diferentes em cada ato popular. Repressão generalizada em alguns, passividade (omissão) em outros diante do vandalismo.
Não, a Polícia Militar não é a responsável por nenhum desses erros grosseiros, podem ter certeza.
Infelizmente, não tendo autonomia funcional, a Polícia Militar acaba agindo conforme a máxima burra: "Ordem dada, ordem executada".
Os últimos que tentaram mudar essa tragédia foram os "Coronéis Barbonos", os quais foram duramente perseguidos pelo governo Cabral-Beltrame, sofrendo uma série de represálias. Eles não aceitaram que a Polícia Militar permanecesse de joelhos diante do poder político. Dizendo "sim senhor" diante de ideias claramente prejudiciais para a população e a instituição.
A PMERJ recebeu ordens para cometer esses erros, os quais são tão evidentes que não seriam cometidos por nenhum profissional de segurança pública que pensasse primeiro na população, na Polícia Militar e nos Policiais Militares.
Nenhum Comandante Geral por livre iniciativa agiria contra a própria corporação que comanda,  nem contar a população, não resta qualquer dúvida sobre isso.
Eis a verdade.
Por derradeiro, caso eu seja preso, mais uma vez, por revelar verdades, peço aos amigos que tentem pelo menos evitar que eu fique incomunicável (inclusive com relação aos meus advogados), como ocorreu no ano passado quando fui jogado ilegalmente em Bangu 1.
Juntos Somos Fortes!

8 comentários:

  1. Isso diz muito sobre tudo isso você defende aqui nesse blog. A política sempre controlou o poder militar, a não ser quando houveram momentos que o poder militar e a política se confundiam em uma coisa só, como no caso da ditatura. O que me preocupa as vezes que você tenha vontade de ver de volta aqui no Brasil. A polícia brasileira é militarizada, portanto ela faz parte do exército e isso implica em um corporativismo que corrói com as correntes que ligam a sociedade e a segurança. As leis do contrato social aqui se encerram e viramos um mundo de barbárie. A polícia é um instrumento de política do governo, o qual procurou sempre tentar modificar essa estrutura corrosiva que a instiuição se encontrava graças a obras de governos anteriores. Não há como dizer que eles não são culpados pelos seus próprios problemas quando eles mesmos são o problema sem si.

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  2. Grato pelo comentário.
    Penso que existe uma confusão no foco. Obviamente, as forças militares são subordinadas ao governo (política), isso é a situação normal. O problema é quando o poder político quer que as instituições passem a cumprir as suas ordens, mesmo que essas sejam prejudiciais ao povo e às próprias instituições. Um exemplo na área da educação pública: a aprovação automática. Isso é uma interferência política na gestão da educação que viola os seus valores básicos. No caso da segurança pública, o exemplo do Rio é marcante, pois aqui as polícias dizem amém a tudo que os políticos querem. O caso das UPPs é simbólico. É evidente que sucatear o efetivo dos batalhões operacionais e manter o efetivo de 12 Batalhões nas UPPs, trás grande prejuízo para o estado como um todo. Tal interferência política não pode ser aceita pelas instituições, sejam organizadas militarmente ou não.
    Juntos Somos Fortes!

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  3. Sempre apoiei a ideia de que quem deve atuar em manifestações é a Guarda Municipal, uma vez que a PM não pode usar armas letais, no entanto a PM deveria ser acionada apenas em casos de prisão, coisa que pode ser sustentada pela GM até a chegada da força policial. O foco da PM é o combate a crime, não às reivindicações do povo, o Estado está usando a PM de forma errada afim de colocar a culpa dos erros de gestão nos comandantes da corporação. Está tudo errado e ninguém vai calar meu direito de exigir bons serviços de quem eu pago com impostos para me servir bem e não trabalhar em benefício próprio. Quem elege sou eu, quem paga impostos sou eu, então eu exijo o cumprimento das obrigações do Estado para com a minha pessoa. O patrão é o povo, mas ele não entende isso, então eu explico quantas vezes for necessário.

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  4. Grato pelo comentário.
    Valério, sem dúvida, a Guarda Municipal não está sendo empregada adequadamente nos protestos. Aliás, nem está sendo empregada em alguns momentos.
    Juntos Somos Fortes!

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  5. Já dizia Clauzewitz que "a guerra é a política por outros meios".

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  6. Grato pelos comentários.
    Ou: a política em armas.
    Juntos Somos Fortes!

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