JORNALISMO INVESTIGATIVO

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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

POLÍCIA MILITAR: PRESTAR CONTINÊNCIA OU FICAR DE JOELHOS?

Eu ingressei na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) no ano de 1976, um ano após a fusão da Guanabara com o Estado do Rio de Janeiro, integrando a primeira turma de Oficiais da antiga Escola de Formação de Oficiais (EsFO) do novo estado.
Na época a PMERJ era comandada por um Coronel do Exército Brasileiro. Lembro que na época a maioria atribuía a essa subordinação a origem de todos os nossos problemas institucionais e apostavam que quando a corporação tivesse o seu comando próprio tudo se resolveria. Era um raciocínio lógico, um Coronel PM certamente reunia melhores condições para gerir a PMERJ do que um Coronel EB.
O tempo passou e o tão sonhado comando próprio foi alcançado, fato festejado por todos, fazendo nascer a esperança de dias melhores. Ficava para trás o controle do Exército Brasileiro sobre muitas das questões que envolviam a Polícia Militar e parecia estar surgindo a autonomia institucional, que passaria a ser senhora dos seus passos, finalmente.
Não era o ideal, pois o Comandante Geral foi escolhido politicamente pelo Governador, sem o aval dos seus companheiros, mas era um começo. 
Tudo parecia lógico. Simples de concretizar. O que se mostrou um ledo engano.
Na verdade com o fim da gestão do Exército Brasileiro, não nasceu a gestão da Polícia Militar, pois entrou no meio do caminho um novo componente, um gestor que não vestia farda, vestia ternos finamente recortados: o político.
O tempo demonstrou que a autonomia de gestão nunca chegou à PMERJ, na verdade trocamos de gestores, saindo o Coronel do Exército e entrando o político, que se infiltrou nos quartéis sorateiramente, fazendo nascer uma nova realidade: Se a doutrina do inimigo interno saia pelo portão da guarda, entrava a doutrina do politicamente correto, afastando a PMERJ do seu parâmetro básico: o cumprimento das leis e regulamentos. 
Antes os quartéis eram blindados contra os políticos, essa era a postura das Forças Armadas e que refletia na Polícia Militar, mas eles foram ardilosos. A política entrou nos quartéis como se fosse a nossa salvadora, pois com a saída do comando verde-oliva, precisávamos de políticos eleitos que nos representassem e a política viu as portas abertas propondo a eleição dos nossos para lutar por nós. Mais uma vez, tudo lógico.
Elegemos alguns, mas nunca conseguimos nada através dos eleitos, isso é fato.
Na verdade fomos tolos e não percebemos que estávamos saindo de uma forma de dominação e indo para outra que se mostraria muito pior. O Exército interferia em vários pontos da gestão, os políticos nos dominaram por completo, fazendo com a Polícia Militar perdesse sua identidade e seus valores, entre eles, o servir e proteger o cidadão.
A dominação já era absoluta em 2007 quando surgiram dois grupos dispostos a lutar contra tal descalabro: Os 40 da Evaristo, um grupo formado por Oficiais e Praças idealistas e os Coronéis Barbonos, grupo composto apenas por Coronéis PM da ativa (isso na origem) que ocupavam as principais funções no comando da corporação. Eu sou um dos Barbonos.
A lógica novamente imperou, ameaçado o poder político fez o que se podia esperar dele, reprimiu de todas as formas os integrantes dos dois grupos. Os Coronéis foram exonerados e aposentados antes do tempo para que não representassem mais perigo e para servirem de exemplo, deixando claro quem mandava: o político.
Nenhuma voz nova se levantou, após os 40 da Evaristo e os Barbonos, contra a dominação política da PMERJ, a subserviência se concretizou.
Hoje, além de não escolher seu Comandante Geral, um sonho antigo, pois ele continua sendo escolhido pelo político, a corporação assiste a função ser completamente desprestigiada no atual governo, o qual em pouco mais de seis anos já nomeou cinco comandantes gerais. Os exonerados e os que assumiram não tiveram nem a honra de participar da solenidade de passagem de comando, ato solene e regulamentar que historicamente se realizava no pátio do Quartel General e que foi sumariamente abolido. Os últimos a terem tal honraria foram os Coronéis PM Hudson (exonerado) e o Coronel PM Ubiratan (nomeado), isso no início de 2007. A festa foi linda, o Quartel General estava cheio de vida. Nos nossos tristes dias, ocorreram passagens em gabinetes, como se fossem feitas às escondidas e houve ocasiões que nem a passagem ocorreu, quando o nomeado entrou e assumiu o gabinete do Comando Geral, sem a presença do exonerado.
Eu defendi e defendo o comando próprio, isso é lógico que é o melhor para a PMERJ, mas apenas quando esse Comandante Geral for escolhido pelos seus pares, pois só assim terá força para dizer não a toda e qualquer iniciativa dos políticos que seja contrária aos interesses da população e da corporação.
É com tristeza que pergunto: Será que prestar continência a um Oficial Superior do Exército era pior do que ter que ficar de joelhos diante de um político?
Cada Coronel PM ativo e inativo que dê a sua resposta.
Juntos Somos Fortes!

4 comentários:

  1. O melhor a fazer é desmilitarizar, já que esse sistema só serve para reprimir os integrantes da instituição.
    O militarismo ainda existe nas polícias do Brasil devido a sua conveniência para os políticos (que em sua maioria não querem investir com eficácia na segurança pública, pois têm outros interesses mais urgentes como desvio de verbas para investimento pessoal e em campanhas políticas) e para a cúpula das polícias (altos oficiais) que recebe o aval do poder político para conseguir seus benefícios (dinheiro). Funciona assim: político não quer investir e nem quer receber pressão das classes policiais (geralmente as praças) e isso se torna mais fácil (não receber pressão) quando se tem um regulamento que o ajude a dissipar a pressão exercida pela classe policial em suas reivindicações. E para o uso desse regulamento ele utiliza as cúpulas vendidas ( autos oficiais). Ou seja, o famoso "TOMA LÁ DA CÁ" entre políticos e auto oficiais. Por isso é que ela é militarizada (porque desse modo para eles e mais fácil nos governar, não investir e desviar dinheiro e não receber pressão da instituição para que as coisas funcionem ). Obs. isso não acontece só na polícia (TOMA LÁ DA CÁ)nos outros setores (saúde, educação) eles usam os famosos cargos políticos (secretariado,diretores, cargo comissionado) para manter esse sistema de falta de investimento e furto na coisa pública.

    Eu que sou policial militar e sofro na pele as atrocidades do regime militar posso dizer que a policia militar foi fundada para proteger os políticos e as classes econômicas que comandam o país (já que não podem contestar e só podem dizer “sim senhor”), reprimindo qualquer um que vá de encontro com os interesses deles inclusive os integrantes da própria polícia.
    Além disso, para uma polícia ser cidadã, os seus integrantes tem que primeiramente receber a cidadania, já que não possui devido o regulamento castrense que se pode resumir numa frase muito repetida pelos superiores no quartel: “Você tem dois direito: um é não ter direitos, dois é não reclamar do direito que tem”.

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  2. Todos foram fantoche.Para não perderem o cargo lavaram a roupa suja publicamente.Ledo engano pois todo comando um dia acaba.A transitoriedade
    é natural.Os verdes oliva lavam a roupa suja em casa,fazendo justiça sem denegrir
    a imagem da corporação. Agora aguentem pois os oficiais da pmerj sempre se curvaram para essa politicalha.A subserviência impera.Esquecemos q somos concursados para poder conseguir algumas migalhas.

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  3. GÊNIO. Bravo !. Ressalvas apenas à última ideia listada : não é verdade que apenas quando o CG for escolhido dentre seus Pares ele terá A FORÇA. Não a terá, pois hoje a amada Briosa não conta com uma espinha dorsal ERETA, isto é, a PM necessita ser verticalizada e sim, subordinada, por que não ?, ao Glorioso de Caxias. Não a esse fulano magrinho que faz que comanda o EB, o tal "mais antigo" no cargo desde o início do famigerado luLLa. NÃO !. Às Tradições, ao Espírito de Honra, aos Hinos, às formaturas, marchas, aos desfiles, porque a Briosa no Rio não pode ter "dono" único e assim deixar de ser PÚBLICA. O PM morre, e o fulano vai na solenidade ? Nem fica sabendo porque o fulano político não gosta de farda. Usa, joga fora, denigre e ainda cospe no caixão. É ou não é ? Duvido que um Of Sup do EB deixasse de cumprir TODAS as honras ao Bravo tombado em combate. Duvido. Atitude, é do que dependemos. Dos Generais, dos Cel PM, e ... de mais quem ? Opinião pública ? Do Rodrigo Pimentel ? Hmmm ... Dos Bolsonaro pai, filho ? Da morte, talvez ? Melhor pensarmos bem direitinho enquanto ainda temos uns poucos minutos antes da derrocada total. Existe um povo que quer a desmilitarização da Briosa. Para o quê ... Eis a questão. Hora de refletir E DE ESCOLHER opinião, atitude, posição. Pois a koisa VAI piorar.

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  4. Grato pelos comentários.
    A gloriosa e bicentenária Polícia Militar resistirá a tudo e vencerá a todos que tentarem destruí-la. Eis a verdade.
    Juntos Somos Fortes!

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