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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

OS DESAFIOS DA SECRETARIA DE SEGURANÇA

Prezados leitores, recebi de um amigo esse interessante artigo da lavra do colunista do jornal O Globo, Gilberto Scofield. Ele traça um retrato real do que temos vivenciado nos protestos de rua, sobretudo das dificuldades da Polícia Militar e da Polícia Civil, no que dizem respeito à atuação nessas manifestações populares, infiltradas de criminosos. Os problemas são referentes tanto à Polícia Militar, os que ele mais destaca, mas também alcançam a ineficiência da Polícia Civil, tanto que preferi colocar como título desses breves comentários: Os Desafios da Secretaria de Segurança. Os desafios recaem sobre o secretário Beltrame, ele é o gestor das duas polícias estaduais. Cabe a ele dar o norte. Os problemas alcançam a PM, mas ultrapassam seus limites, isso é fato.
Obviamente, não sendo um especialista, existe um equívoco aqui, outro ali, nada mais natural. Como o fato de relacionar o processo de pacificação com a retomada de territórios dominados por milicianos, o que só ocorreu no Batam, isso se ocorreu efetivamente. Outro quando considera o programa (não é uma instituição) da Força Nacional de Segurança preparado, em tese, preparadíssimo para o controle de multidões.
Um artigo muito interessante, recomendo a leitura.

"JORNAL O GLOBO

PANORAMA CARIOCA - GILBERTO SCOFIELD

OS DESAFIOS DA PM

Um integrante da cúpula da PM me contou que a polícia está tendo dificuldade em conciliar as exigências do processo de ocupação e pacificação, as ações quase diárias de monitoramento das manifestações — e repressão ao vandalismo — e o policiamento costumeiro da cidade. O comando geral trabalha com a corda esticada, e até policiais de fora do Rio são convocados para que se dê conta de tudo.

O policiamento sofre. Apesar da queda nos índices de violência na cidade, há uma sensação de insegurança em quase todos os bairros, provocada por furtos, arrastões e roubos de veículos em áreas insuspeitas há algum tempo. O ponto fora da curva, claramente, são as manifestações, que não constavam, pelo menos na perturbadora frequência e virulência atuais, do planejamento anual do trabalho da PM. Os reforços da tropa estavam basicamente vinculados ao aprofundamento do processo de pacificação, do qual as autoridades de segurança no Rio não abrem mão. E nem podem abrir. Trata-se de território constantemente sitiado pelo tráfico ou pela milícia, o que exige das tropas, nessas comunidades, presença grande, permanente e alerta.
A PM já vinha sendo alvo de críticas desde o início das manifestações, mas principalmente a partir de junho, quando os movimentos passaram a descambar, em seus finais, para um quebra-quebra generalizado de gente que gosta de posar de defensor da liberdade de expressão, mas que não pensa duas vezes antes de agredir e impedir com violência o trabalho da imprensa. Tudo isso enquanto sai destruindo aquilo que vê pela frente em sua bandeira em defesa do... em defesa do que mesmo?
Desacostumada a lidar com manifestações — pacíficas ou não — em tempos democráticos, a PM agiu e ainda age erraticamente. Ora responde com uma violência muitos graus acima do necessário, batendo e reprimindo qualquer coisa que se mova. Ora parece apática: por birra, permitindo o descontrole como que para “dar uma lição” em quem reclamava de excessos. Ou por falta de uma estratégia menos bruta e mais inteligente. Um instrumento legal — sancionado pela presidente — foi encontrado para tirar de circulação os vândalos, mas há dificuldades para comprovar a materialidade dos crimes, o que exige uma investigação poderosa por parte da polícia civil sobre esses grupos para que eles continuem presos.
Mas os desafios do comandante-geral da PM, coronel José Luís Castro Menezes, não terminam em como lidar com a violência cada vez maior — e corriqueira — a cada protesto. Nem em como agir com a devida rapidez e vigor sem se deixar contaminar pela ira e pelo nervosismo que impedem a PM de diferenciar um black bloc de um trabalhador. Não é mesmo tarefa fácil, e todos vimos as mesmas dificuldades no trabalho que a Força Nacional de Segurança (em tese preparadíssima para o trabalho de conter multidões furiosas) teve para conter o quebra-quebra na Barra antes do leilão do campo de Libra. As condições físicas e mentais do efetivo tendem a piorar se os policiais — para dar conta de ocupação, policiamento e controle de multidões — estão amarrando um plantão no outro e uma hora extra na outra.
Enfim, o caso Amarildo está aí para mostrar que policiais violentos e corruptos — rejeitados pela imensa maioria dos cariocas — não cabem mais na nova ordem policial que se pretende construir no Rio pacificado e das UPPs. Em muitas comunidades, e há bastante tempo, reclama-se do estado militar da ocupação. Reclama-se ali uma polícia menos militarizada e mais comunitária. Menos temida e mais respeitada. Com o apoio de investimentos sociais e judiciais, de governos, de ONGs e dos próprios cariocas, não é um futuro impossível de se enxergar".

Juntos Somos Fortes!

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