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terça-feira, 7 de março de 2017

'CHÃO DE FÁBRICA (1) - CORONEL PM REF NELSON HERRERA RIBEIRO

Prezados leitores, publicamos um novo texto do Coronel PM Reformado Herrera, dessa vez em duas partes, sendo que a segunda será publicada amanhã.



"CHÃO  DE  FÁBRICA   (1)
                                             
  “Quaresma, tempo de dizer não à indiferença”
                                                                         (Papa Francisco)


Segundo ensinamentos da Ciência da Administração, quando se constata uma empresa em crise, deve-se iniciar o exame do problema pela real situação de seus recursos humanos. Vale dizer, a empresa vai mal quando seu pessoal não está bem. Cada órgão público, pela relevância de seus funcionários, deve ser administrado como empresa, ainda que, a princípio, seu objetivo não é obter lucros financeiros. Contudo deve prestar serviço público de qualidade.
Também todo administrador sabe que qualquer planejamento só deve ser posto em execução depois de completadas as “pesquisas de campo”: examinar in loco a atuação do pessoal operacional, para, se necessárias, implementar mudanças.
Chama-se a isso vivenciar o “chão de fábrica”.
Nesse diapasão, seletivamente, podemos definir a PMERJ como uma empresa em crise. Cronicamente em crise. Situação grave. E nunca se buscou analisar a situação da tropa, seus recursos humanos. De forma omissa e irresponsável, tem-se adotado o brocardo de que “o soldado é superior ao tempo” e, assim, a barca vai navegando nesse oceano de omissões e comodismos.
Curiosamente, os militares estaduais (bombeiros e policiais militares), que  constituem tropa profissional, não têm definida jornada de trabalho. Qualquer outra profissão, mormente no serviço público, tem carga horária legalizada, que, no nosso país, não deve ultrapassar 44 horas semanais.
Estudos recentes revelam que o trabalhador que cumpra a jornada de 40 horas semanais terá desempenhado, ao longo de 30 anos, o montante de 57.600 horas. O policial militar, por suas esdrúxulas escalas de serviço, não legalizadas e ao sabor das necessidades do momento, chega a cumprir, no mesmo período de 30 anos, cerca de 82.000 horas.
Ora, como salário está diretamente proporcional à carga horária de trabalho, o policial militar estará sempre mal remunerado pelos serviços que presta. Elementar. A menos que se legalize sua jornada de trabalho, sendo impedida, nesse caso, a nefasta discricionariedade do Comando.
Verdadeiro absurdo no nosso país, que se diz democrático e defensor dos direitos humanos! Onde estão os defensores dos policiais? Serão os chefes, os governantes?
Todos parecem negar o óbvio alarmante da situação dos policiais militares em serviço. O Comando, comodamente situado na zona de conforto proporcionada pela tecnoestrutura governamental, parece desconhecer que o policial militar atua junto à sociedade e por trás dele há uma família inteira, tornando-o carente de desejos comuns a todo trabalhador: a segurança de seu trabalho e o zelo pelo futuro dos seus entes queridos.
Daí decorrem as piores mazelas que acometem nossa tropa: desilusão de futuro, descrédito na estrutura organizacional, descrença na missão, desmotivação no desempenho, desumana sobrecarga física, acentuado desgaste psicológico, permanente tensão emocional, baixa autoestima profissional, perda do amor corporativo. Enfim, um cipoal doentio que provoca verdadeira doença profissional coletiva, ameaçando a própria instituição.
Aliás, o Coronel PAÚL, em seu blog, há tempos, vem alertando que a PMERJ está “paciente terminal, internada em UTI, com falência múltipla de órgãos.”
NELSON HERRERA RIBEIRO, Cel PM Ref, advogado e professor"


Juntos Somos Fortes!

Um comentário:

  1. Meu primeiro patrono, advogado e Coronel Nelson Herrera.
    Parabéns pelo texto.

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