JORNALISMO INVESTIGATIVO

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quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

O MARTÍRIO DE UMA POLICIAL MILITAR EM BUSCA DE ATENDIMENTO MÉDICO

Prezados leitores, transcrevemos mensagem encaminhada através do Whats App de autoria atribuída a Policial Militar Vivian Sanchez que buscou atendimento médico no sistema de saúde da instituição.
Vivian foi presa no movimento por melhores salários e adequadas condições de trabalho de 2017.




"[21:45, 25/1/2017] Postagem da amiga Vivian Sanches.
Vamos compartilhar 👇 
Boa tarde a todos! 
Tentei fazer essa publicação na página oficial da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, mas não é possível pelos motivos os quais sabemos bem o porquê... 
Passarei então ao relato dos fatos. 
No dia 19 do corrente mês, passei mal dentro do 36º BPM. Tive uma crise nervosa em decorrência de problemas de saúde pelos quais estou passando, mas que não vou relatar aqui: Deus está no controle e hei de vencer, mais uma vez! Fui socorrida pelos colegas e levada ao alojamento feminino onde, mais tarde, fui encontrada caída no chão, desacordada. Como já estava com uma consulta marcada com a minha psiquiatra, fui conduzida a Miracema, pelos meus colegas de serviço, sendo constatado pela médica que eu não tinha condições de continuar trabalhando, tendo a mesma solicitado 60 dias de afastamento total do trabalho. De volta ao batalhão, foi providenciada a documentação necessária para a minha apresentação no Hospital Central da Polícia Militar, localizado no município do Rio de Janeiro, dia 23, segunda-feira, para a homologação da dispensa médica por um Oficial Médico da PM, procedimento este normal dentro da instituição. 
Decidi viajar no domingo pela manhã, para não passar a noite toda viajando na madrugada do dia 23, pois, em virtude de toda a medicação que estou ingerindo, preciso dormir, pelo menos, seis horas por noite. Assim o fiz: saí de Pádua às 06h45min do dia 22, e fui para a casa de meus tios que residem naquele município. No dia 23, saí de Bonsucesso, bairro onde meus tios moram, às 05h30min, chegando ao hospital às 06h00, onde me deparei com uma fila gigantesca. Ao me dirigir à pessoa que estava com uma lista de “controle de ordem de chegada”, descobri que a minha “posição” na tal lista seria a de número 120! Não! Você não leu errado! Cheguei às 06h00 da manhã e fui a centésima vigésima pessoa!!! Importante salientar que o atendimento começaria apenas às 07h00! 
Começado o atendimento e por volta das 08h00, consegui chegar ao guichê para entregar meu ofício de apresentação. Tentei explicar ao “colega” que eu morava no interior, que eram quase 300km de distância da capital, que meu passe – temos uma concessão da empresa 1001 que nos fornece os passes para esses deslocamentos, mas que limita a quantidade de 3 policiais, por ônibus que não seja classificado como executivo, o que dificulta, em muito, a possibilidade de encontrar vaga em um outro horário, no mesmo dia, visto que muitos colegas trabalham na capital e residem no interior – já estava marcado para as 16h39min, ouvindo, do “colega” um sonoro e frio: “Tem que aguardar”! 
Cabe relatar as condições em que tudo isso ocorreu: local insalubre, com esgoto vazando, em obras, policiais com ferimentos e amputações expostos a poeira de cimento, areia, barulho infernal e uma sujeira absurda! Minha espera durou até as 15h30 min, quando fui, finalmente, atendida! Estava sem almoço e até o bebedouro foi retirado de lá! Um calor infernal, sala de espera lotada, muitos passando mal por causa do calor... só não tenho fotos pois, como fui assaltada e perdi tudo, inclusive um celular que ainda faltavam 10 prestações para pagar, deixei meu telefone em casa, levando apenas um que nem foto mais tira. Sim, PM também é assaltado e fica traumatizado! 
Sobre minha volta pra casa... perdi o ônibus na segunda e só consegui vaga ontem, no horário de 16h39min. E se eu não tivesse onde ficar no Rio?!? Ficaria na rodoviária? Compraria um pacote de bala para vender no sinal e conseguir dinheiro para tentar pagar um quarto em um albergue qualquer? Iria para um batalhão próximo e mendigaria abrigo? 
Pois bem, as questões que deixo para reflexão e para análise do Sr. Comandante Geral Coronel Wolney Dias, que se diz “negociador” e “amigo da tropa”, são:
1) É justo um policial militar, no meu caso que é o mesmo de vários colegas, se deslocar 300km, 400km, apenas para ter um atestado médico validado, quando isso é possível ser feito nas Unidades de Saúde do interior?
2) É correto “obrigar” o desconto de um Fundo de Saúde, diretamente em contra cheque, e ser tratado como lixo, nas dependências de um nosocômio onde a prioridade deveria ser o atendimento humanizado do Policial Militar que está ali não porque quer, mas porque precisa e é obrigado por uma burocracia arcaica existente na corporação?
3) É difícil organizar uma agenda, ao menos para os policiais do interior, onde os atendimentos sejam marcados, tal como era feito antes, para que não ocorra toda essa falta de respeito à dignidade humana?
4) É inviável passar o atendimento para outro local que esteja em condições mínimas para receber o policial que custeia toda essa estrutura, policial este que fica sabendo, pelos jornais, que o dinheiro que lhe é descontado, todos os meses, foi desviado por bandidos fardados que estão presos, mas que, até a presente data, não devolveram um centavo? 
Sei que pouquíssimas pessoas vão ler tal post, já que muitos têm preguiça de “textão”. Sei também que outros vão até ler, mas não vão “curtir”; comentar nem pensar! É por conta de nossa omissão que somos tratados assim e a tendência é só piorar! 
Aos amigos: se cuidem! Sua saúde e a de seus familiares é seu maior patrimônio! Não se mate nem morra por um estado, uma corporação e uma sociedade que não dão a mínima importância para o seu trabalho e que te tratam como lixo quando você já não é mais “útil”! 
Ao pessoal do “monitoramento”: cuidado! O mundo dá voltas! Aquele que, então governador do estado, em 2012, comparou a mim e outros colegas policiais e bombeiros a terroristas, mandando nos trancafiar em Bangu, apenas porque reivindicávamos melhorias salariais e condições dignas de trabalho, direito nosso, dever do estado ao qual servimos, hoje está lá, naquele mesmo lugar, por ter roubado o meu e o seu dinheiro, chorando lágrimas de crocodilo. Que ele e sua querida esposa, bem como os demais que lá estão e aqueles que ainda faltam ser presos, apodreçam naquele lugar e restituam aos cofres públicos tudo o que foi indevidamente retirado e que, mais uma vez, está sendo nos cobrado! 
Meu objetivo é um só: alertar às autoridades competentes sobre o que está acontecendo e relatar minha experiência que, sinceramente, só aumenta em mim a certeza de que tenho que sair dessa polícia! Embora ame o que faço, não tenho valor nenhum para o estado, nem mesmo a consideração de colegas que estão lá para e por isso e, no momento em que mais preciso, sou obrigada a passar por toda essa provação! 
Se alguém que trabalha lá está lendo este post, pare e reflita: hoje sou eu; amanhã poderá ser você! 
Que Deus nos ajude, nos guarde e nos livre de toda a perversidade humana! 
Postado no Facebook" 

Juntos Somos Fortes!

3 comentários:

  1. Poia e que essa reclamação seja lida pelo nosso cmt geral pelo que sei até agora tem se mostrado um comandante hgumilde e humano, cara colega tenho certerza que essa sua recclamação não será em vão , parabens pela sua coragem , sou inativo nas ainda continuo amando nossa policia militar .

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    1. O cmt geral sabe disso. Até a população civil sabe disso. Já foi noticia em jprnais duas vezes.

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  2. Infelizmente já começaram a persegui-la, coitada. Foi transferida de OPM no BOL PM do dia 27/01. Cabe a ela, impetrar ação contra o Cmt do 36° por Assédio Moral e contra a PM, já que ela está de LTS. Covardia!!!

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