JORNALISMO INVESTIGATIVO

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domingo, 15 de julho de 2012

UPPs SALVAM VIDAS ?


O GLOBO:
Ancelmo Gois.
A vida ganhou 
Cada  UPP carioca salva, em média, seis vidas por ano. A conclusão é de pesquisa do Laboratório de Análise da Violência da Uerj e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O pesquisador é Ignacio Cano, que vasculhou as mortes violentas ocorridas antes e depois da criação das 13 primeiras UPPs. 
Comento:
Ignacio Cano é um pesquisador respeitado na área da segurança pública, portanto as pesquisa de sua lavra merecem ser tratadas com seriedade. Infelizmente, a matéria trouxe apenas um dado, nada revelando sobre a metodologia empregada pelo pesquisador, o que impede qualquer avaliação fundamentada na direção de estabelecer se o número de morte evitadas deve ser festejado ou criticado. Engolir esse dado isoladamente como uma vitória pode significar a ingestão de um sapo.
Prezados leitores, toda morte evitada deve ser festejada, isso é fato. Certamente a instalação das UPPs determinou uma diminuição no número de mortes violentas nas comunidades ocupadas e nas respectivas periferias, considerando que a presença da Polícia Militar evita os confrontos armados internos e a tentativa de invasões por parte de facções rivais de traficantes, isso sem falar nos confrontos entre traficantes e policiais civis e militares. Isso era plenamente previsível, nenhuma novidade.
Penso que os principais problemas a serem discutidos na relação implantação de UPPs e número de mortes violentas são:
1) A transferência dos traficantes das comunidades ocupadas por UPPs para outras regiões causou um aumento das mortes violentas nessas localidades?
2) As UPPs diminuiram as mortes violentas de forma compatível com o emprego do gigantesco efetivo?
Eu não sei se o universo da pesquisa avançou para a direção das comunidades que receberam os traficantes, mas isso é fundamental para que possamos conhecer se as UPPs salvaram vidas ou transferiram as mortes violentas. Eu vou aguardar novas notícias sobre a pesquisa para uma melhor avaliação, mas posso afirmar que o título e a conotação da matéria  jornalística são precipitados, isso sendo benevolente, não considerando tendenciosa a favor do governo em tempos de eleição.
No tocante ao número de mortes evitadas, seis por ano em cada UPP, penso que os números devem ser lamentados e não comemorados, pois são baixíssimos. Não podemos esquecer que cada UPP tem em média o efetivo de meio batalhão, ou seja, para implantar duas UPPs, o governo coloca nos morros o efetivo correspondente ao de um batalhão. Devo lembrar ainda que cada batalhão é responsável pelo policiamento de vários bairros, portanto, 13 UPPs consomem o efetivo de 6,5 batalhões, o que seria suficiente para policiar dezenas e dezenas de bairros. Diante dessas verdades, surge a pergunta: 
Será que o efetivo de 6,5 batalhões aplicados nas ruas não produziria uma diminuição muito mais significativa no número de mortes violentas?
Eu não tenho a resposta, pode ser que sim, pode ser que não.
O certo é que analisar a diminuição anunciada no estudo como uma grande vitória ainda não faz qualquer sentido pelos motivos expostos.
Por derradeiro, ratifico que qualquer vida salva deve ser festejada, mas podemos estar comemorando um resultado que na verdade é ruim, pois com a aplicação adequada nas ruas de um efetivo tão grande de PMs, a redução poderia ser muito maior.
Juntos Somos Fortes! 

2 comentários:

  1. Cel,

    Foi excelente em sua argumentação. Pontual, precisar e convincente.

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  2. Se o Rio de Janeiro tivesse SAÚDE, EDUCAÇÃO e SEGURANÇA PÚBLICA de qualidade, seria o melhor lugar do mundo para se morar! O problema é que as referidas áreas (essenciais e fundamentais para harmonia e bem-estar de uma sociedade) não funcionam, o que contribui para a péssima qualidade de vida do cidadão fluminense. É preciso investir onde é mais preciso, nas necessidades prementes (saúde, educação e segurança pública são, sem dúvida, as principais demandas, as questões que mais preocupam).

    A melhoria para a área de segurança passa pela valorização dos profissionais da área. E o pagamento de melhores salários para os policiais deverá ser o nó da segurança que os Governos preci­­­sam desatar. Os policiais pressionam pela aprovação no Congresso da PEC 300/2008, que estabelece que o piso da categoria deve ser igual ao pago para os policiais do Distrito Federal, que recebem cerca de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) mensais. Os governadores são os mais preocupados com a medida. Isso porque são os estados os principais responsáveis pelo policiamento. Para especia­­­listas na área, porém, a principal medida para resolver o problema seria a União chamar mais a responsabilidade para si.

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